Duas Bandas pernambucanas foram essenciais para o reavivamento da música regional e tradicional do nordeste brasileiro no início dos anos 70: Quinteto Violado e Banda de pau e Corda.
O Quinteto Violado, formado no Recife em 1970, era essencialmente um conjunto instrumental e vocal que interpretava temas nordestinos, começando a se destacar inicialmente pelas versões bem diferenciadas de alguns sucessos de Luiz Gonzaga, como também exploravam temas do rico folclore brasileiro.
A Banda de Pau e Corda surgida em 1972, tinha praticamente a mesma proposta, que era explorar a cultura nordestina através de uma combinação de música instrumental com um trabalho vocal harmonioso; sendo que logo cativaram a simpatia dos jovens universitários do Recife, como também da crítica especializada do nordeste.
O Quinteto Violado tinha na formação original Toinho (Antônio Alves), canto e baixo acústico; Marcelo (Marcelo de Vasconcelos Cavalcante Melo), canto, viola e violão; Fernando Filizola; Luciano (Luciano Lira Pimentel), percussão, e Sando (Alexandre Johnson dos Anjos), flautista. Em outubro de 1971, quando se apresentaram no Teatro da Nova Jerusalém (Fazenda Nova, PE), seus integrantes foram chamados de "os violados", nascendo dai o Quinteto Violado. Foram elogiados e apoiados na época por ninguém menos que Luiz Gonzaga, o “rei do baião” e muito recomendados às gravadoras por Gilberto Gil e Caetano Veloso, líderes do movimento que ficou conhecido como Tropicalismo, mas que não tinha nada a ver com a proposta da banda pernambucana que oferecia um som alternativo para o jovens de espírito nacionalista que não estavam aceitando mais a influência estrangeira do rock & roll.
A formação original da banda era Waltinho (Oswalter Martins de Andrade Filho), violão e voz; Paulo Cirandeiro (Paulo Fernando), viola e vocal; Paulinho (Paulo Sérgio Guadagnano Resende Braga), contrabaixo; Matias, flauta; Roberto Rabelo de Andrade, bateria e percussão; Sérgio Rabelo de Andrade, percussão e voz; Netinho (José Severino de Oliveira Neto), viola; Beto Johnson (Alberto Johnson da Silva), flauta, e Zezinho Franco, baixo, voz, arranjos.
É impossível apagar da mente canções da Banda de Pau e Corda como Lampião; Flor d’àgua; Vida de Vaqueiro; Vivência, etc. Foi uma época de ouro para a MPB, pois as duas bandas pernambucanas provaram para o resto do país que o nordeste tinha muito mais em termos de cultura além das histórias de Lampião e Maria Bonita e dos milagres do “santin padim” Cícero.
O mais interessante das duas bandas era que eram compostas por jovens músicos abnegados pela sua cultura regional, que não estavam nem aí para o estrelato e não se deixaram levar por modismos ou pressões das grandes gravadoras, preservando a pureza de um som que hoje em dia, se torna cada vez mais difícil se ouvir, pois a ordem nacional ou mesmo mundial é promover o descartável.
Conjuntos como estes, antes populares, hoje são classificados como “bandas de folk-jazz brasileiras” pelos gringos que sabem muito bem o que é música de qualidade. Não é a toa que o Quinteto Violado fez tantas excursões pelo mundo.
Há pouco escutei o elogiado album “Will The Circle Be Unbroken” da banda country norte-americana The Nitty Gritty Dirt Band, formada em 1966 por Jeff Hanna e Jimmie Fadden. É incrível a fidelidade, o amor e trabalho que tiveram pela verdadeira country music. Como o Quinteto Violado e a Banda de Pau de Corda, os jovens norte-americanos mantinham aquele som tradicional e de qualidade excepcional contrariando toda uma tendência imposta na época hippie e foram reconhecidos por isso, sendo ovacionados até hoje. Mas aqui é diferente, não sabemos reconhecer e valorizar o que temos de melhor, ou pensando bem, sabemos valorizar sim, desde que seja lixo! E dá-lhe lambadeiros, rap-funkeiros, berranejos, latineiros, axés e afoxés timbaleiros.
O quinteto e a banda continuaram com suas atividades regularmente até o final dos anos 90 e atualmente mesmo com consideráveis desfalques no plantel original, ambos os grupos lançam novos trabalhos, se apresentam em grandes eventos pelo Brasil e fazem excursões ao exterior. Para finalizar, se você se interessar pelo som dos caras eu recomendo todos os álbuns, mas aqui cito apenas alguns lançados pelos “cabras da peste” do Pernambuco :
- Asa Branca (1972)
- Berra-Boi ( 1973)
- A Feira (1974)
- Missa do Vaqueiro (1976)
- Até a Amazônia (1978)
Da Banda de Pau e Corda (www.bandadepauecorda.com.br)
- Vivência (1973)
- Redenção (1974)
- Assim, Amém (1976)
- Arruar (1978)
- Pelas Ruas do Recife (1979)
Eis o link do you tube onde a Banda de Pau e Corda canta "Esperança":
e o Quinteto Violado com a música "Beira de Estrada":
UAU,
ResponderExcluirSOU FÃ DESSAS BANDAS REGIONAIS. QUANTA SAUDADE DAQUELES TEMPOS DE MÚSICA DE BOA QUALIDADE E DE MUITA INSPIRAÇÃO. O INSTRUMENTAL DOS CARINHAS ERA DE MAIS. VALEU PELA RECORDAÇÃO.
Obrigado pelo comentário. Bandas de qualidade e de musicalidade tão elevada como o Quinteto Violado e a Banda de Pau e Corda, nunca devem ser esquecidas.
ExcluirValeu, foi melhor matéria que vi, bem critica... Brasileiros, principalmente pernambucanos, tem que olhar pra si, temos conjuntos musicais, com toda sua originalidade, de qualidade, como essas duas bandas. Infelizmente, mesmo tendo musicas de qualidade, o povinho so da ouvidos a artificialidades, musicas patéticas e ridículas
ResponderExcluirVerdade. Quem viveu para curtir essas bandas no seu auge jamais irão esquecer do talento desses músicos pernambucanos, um orgulho para a música brasileira de qualidade. Infelizmente as gerações posteriores não tiveram a mesma sorte de curtir tanto talento. Mas os "cabra" ainda estão em atividade para nos fazer recordar dos bons tempos. Obrigado pelo comentário.
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