13 de jul. de 2010

JIMMY REED, O REI DO "SOFT BLUES"


O “rei do soft blues”, assim ele poderia ser chamado. Não se considerava um bluesman nato, mas a sua música, antes de mais nada, era de grande apelo popular e tinha como base o puro blues. Foi um dos primeiros a se apresentar para grandes platéias tocando gaita com suporte e guitarra elétrica ao mesmo tempo, no estilo folk singer. Era o carisma em pessoa, just Jimmy Reed...
Voz, gaita e guitarra: um showman
Jimmy Reed, batizado Mathis James Reed, nasceu em Dunleith, Mississipi, no dia 06 de setembro de 1925. Aprendeu a tocar gaita com seu pai e ainda quando criança conheceu seu amigo e parceiro musical Eddie “Playboy” Taylor, que lhe ensinou a tocar guitarra e participaria de sua banda anos mais tarde. Em 1943 aos 18 nos Jimmy Reed mudou-se para Chicago em busca de fama, mas teve que servir na Marinha por quase dois anos durante a 2ª Guerra Mundial. Em 1945 voltou para Dunleith e logo em seguida foi para Gary, Indiana, onde formou uma banda com o iniciante Albert King, pasmem, na bateria! No início dos anos 50 encontrou-se com o Eddie Taylor em Chicago e montaram uma banda caracterizada por um blues lento, ritmado e vigoroso, a marca registrada de Reed. Em 1953, Reed com 28 anos, grava com Eddie Taylor, seu primeiro disco com o tema “High And Lonesome”, para o Selo Chance e, ainda neste ano, o Selo Vee Jay aproveitando o desinteresse da Chess por ele, resolve contratá-lo em definitivo. A banda passou a ser uma máquina de fazer hits. Ele chegou a vender mais discos que Muddy Waters, Howlin' Wolf, Elmore James ou Little Walter. Mas entre eles, Reed foi o que menos soube lidar com a fama. A partir de 1957 Reed começou a sofrer de epilepsia e se já não bastasse, se embriagava e não administrava bem o seu dinheiro. Tudo isso prejudicou sua carreira ao ponto de ter que diminuir suas apresentações aos 40 anos de idade. Reed esteve casado com Mary Lee Davis ou “Mama Reed” desde 1945, ela foi autora de muitas letras de suas músicas, e em certas apresentações também ‘segurava a barra’ no apoio vocal, já que ele esquecia as letras devido às seqüelas da doença. Durante sua permanência no Selo Vee Jay, Jimmy manteve sua carreira graças aos direitos autorais cobrados pelas regravações de seus hits por bandas de rhythm & blues inglesas, como The Rolling Stones e The Animals. 
O carisma sempre foi uma marca de Jimmy Reed
Esta popularidade com as bandas britânicas foi devida a fama obtida por ele após uma temporada européia de sucesso em 1963 e 1964 onde apresentou-se também no programa de TV inglesa “Ready Steady Go”. Em 1965 participou do “Greatest Show of Stars”, uma turnê de 80 dias pelos EUA junto com Sam Cooke, Everly Brothers e Clyde McPhatter; em 1966 no Hendon Stadium de Atlanta, Georgia, apresentou-se com Ray Charles, The Drifters e B. B. King. Mas apesar de todo seu esforço, sua carreira começou a sofrer um declínio devido aos seus problemas de saúde. Em 1966 obteve algum sucesso pelo Selo Exodus. Em 1968, viajou novamente à Europa para o American Folk Festival. 
Reed, de inúmeros hits
No início dos anos 70 fez turnê com B. B. King e Clifton Chenier, suas apresentações tornavam-se raras. Sua esposa falece em 1974 e ele resolve deixar o álcool, mas era tarde demais. Jimmy Reed morre em 27 de agosto de 1976 aos 50 anos de idade devido a uma parada respiratória causada por uma crise epiléptica enquanto dormia na sua casa em Oakland, Califórnia. O eterno bluesman foi enterrado no Lincoln Cemitery de Blue Island, Illinois.
The Rolling Stones, The Animals, Them (de Van Morrison), Johnny Winter e Steve Miller, gravaram vários de seus hits como “Ain’t That Loving You Baby; “You Got Me Dizzy”; “Honest I do”; “Baby What You Want Me To Do”; “Big Boss Man”; “Bright Lights Big City”; “Let’s Get Together”; “Shame, Shame, Shame”, dentre outros.


Jimmy Redd At Carnegie Hall
É obrigatório conferir estas gravações de Jimmy Reed pela Vee Jay:
- Jimmy Reed At Carnegie Hall;
- Just Jimmy Reed;
- Rockin’ With Reed
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Confira o link do you tube onde Jimmy Reed canta "Baby What You Want Me To Do":
http://www.youtube.com/watch?v=xW4u99_roGg 

Por Eumário J. Teixeira.

11 de jul. de 2010

JOHN LEE HOOKER, THE BOOGIE MAN


Bateria, baixo, harmônica, prá quê? Para ele bastava uma guitarra, a voz inconfundível e o pés para ditar o ritmo que o “boogie” exigia nos salões. Para John Lee Hooker, também conhecido como “The Boogie Man” e considerado como um dos pioneiros de “talk blues”, tudo isso era natural.
The Boogie Man
John Lee Hooker nasceu numa fazenda perto da cidade de Clarksdale, Mississipi, no dia 22 de agosto de 19l7. Seu pai era pastor protestante e pouco depois de falecer, sua mãe casou-se com um guitarrista e vocalista de Louisiana, Will Moore, que ensinou os primeiros acordes de violão para o jovem John Lee. Aliás, o seu padrasto Will More recebia regularmente em sua casa figuras lendárias como Blind Lemon Jefferson, Blind Blake e Charley Patton para uma “jam session” rural. Aos 14 anos John Lee, fascinado pelo som dos mestres, saiu de casa para tentar a sorte em Memphis sonhando em se apresentar numa das casas de shows da famosa Beale Street. Conseguiu umas canjas com o famoso guitarrista Robert Nighthawk, mas não foi o suficiente; e chegou a conclusão que o futuro estava mais ao norte, mais precisamente em Detroit para onde mudou-se em 1942. Enquanto tinha um emprego regular numa linha de montagem da Ford de dia, tentava a carreira de bluesman à noite. 
O Jovem John lee Hooker
Sua perseverança só foi recompensada em 1948, quando foi descoberto pelo produtor Bernie Besman e gravou “Boogie Chillen”, que vendeu maravilhas. A partir dessa gravação tudo aconteceu rapidamente. Entre 1949 e 1954, Hooker gravou mais de setenta singles em 21 selos diferentes e com vários pseudônimos: Texas Slim, Birmingham Sam, Johnny Williams, Johnny Lee e outros. Lançou temas que se tornaram clássicos como “Crawling King Snake”; “Burning Hell” e “I’m In The Mood”. Foi contratado em 1955 pelo Selo Vee Jay de Chicago onde gravou sucessos como “Mambo Chillen”, “Dimples” e “I’m So Excited”. Os anos 60 reergueram o blues tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, onde uma nova geração de músicos procurou inspiração em Hooker adaptando os velhos blues à ritmos mais excitantes. Em 1962 estoura outro sucesso, “Boom Boom”, que o obriga a excursionar à Europa como integrante do American Folk Blues Festival. A partir daí as apresentações pelo mundo são corriqueiras como também suas performances nos estúdios onde gravou excelentes discos como Urban Blues e Simply The Truth no final da década. Nos anos 70 teve uma experiência única com a banda californiana Canned Heat, gravando o famoso Hooker ‘N Heat, logo depois Alan Wilson, líder da banda e um expert em blues, morreria de forma misteriosa. Em 1980, seguindo a rotina de apresentações e gravações, aparece no filme “The Blues Brothers” com John Belushi e Dan Ackroyd. 
John Lee Hooker, uma lenda do blues
Na década de 90 continua muito prestigiado pelo público e principalmente por roqueiros consagrados dos mais diversos estilos que fazem questão de homenagear e gravar junto ao grande mestre em diversos discos premiados e consagrados pela crítica. Mas John Lee Hooker já acusava cansaço e fragilidade e veio a falecer de morte natural no dia 21 de junho de 2001, aos 84 anos incompletos, em sua casa na California enquanto dormia. Foi-se embora o último representante do legítimo blues do Delta do Mississipi.
A influência de John Lee Hooker no rock é enorme. Todos queriam pegar o “ritmo” com o velho mestre. Para citar alguns devotos do boogie man: Rolling Stones, Yardbirds, John Mayall’s Bluesbrakers; Animals, Them, Canned Heat, George Thorogood, Johnny Rivers, Carlos Santana, dentre outros.
John Lee Hooker e Alan Wilson do Canned Heat

De John Lee Hooker vale a pena conferir os imprescindíveis :

- Urban Blues (1968);
- Simply The Truth (1969);
- Lonesome Mood (1969), com Earl Hooker, seu primo e exímio guitarrista;
- Hooker ‘N Heat, com a banda californiana Canned Heat (1971);
- The Healer (1991);
- Mr. Lucky (1992);
- Chill Out (1995); 

os três últimos contando com a participação de figurinhas como Bonnie Rait, Los Lobos, George Thorogood, Carlos Santana, Keith Richards; Van Morrison e outros.
Hooker 'N' Heat, uma obra prima de Hooker e Canned Heat
Eis um link no you tube com John Lee Hooker interpretando "Boom Boom": http://www.youtube.com/watch?v=rOyj4ciJk34

Por Eumário J. Teixeira.