A melhor surpresa
para mim no final da década de 1970 e início dos anos de 1980, em se tratando
de filmes da ação, foi o surgimento do personagem Mad Max e seu carro patrulha
Interceptor. A saga do patrulheiro australiano Max Rockatansky (interpretado
pelo jovem Mel Gibson) era uma tremenda inovação para os filmes de ação e
perseguição com carros e motos, destacando-se novos enquadramentos de câmeras, as
altíssimas velocidades e os personagens surreais inseridos num cenário de
vastidão desértica e futurístico que ainda proporcionava uma sensação de
infinita liberdade naquelas longas retas das rodovias do interior da Austrália.
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O Interceptor V-8 turbinado do patrulheiro Max Rockatansky |
Tudo fugia da mesmice e dos clichês dos filmes hollywoodianos e eu adorei. Mad
Max me pareceu uma espécie de histórias em quadrinhos animada. Mas o que mais me
fascinou foi o Interceptor, o carrão negro turbinado com motor V-8 movido a gasolina ou gás
metano que Max utilizava para limpar as rodovias dos salteadores baderneiros e
suas motos envenenadas.
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As capas dos dvds das três sequências iniciais de Mad Max com Mel Gibson e a última com Tom Hardy |
O filme Mad
Max foi lançado em abril de 1979 na Austrália, a produção foi totalmente australiana
e dirigido magnificamente por George Miller, com então jovem ator Mel Gibson no
papel principal. No Brasil, Mad Max estreou em 15 de setembro de 1980.
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Mad Max (1979) com Mel Gibson |
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O original sempre é melhor, Mad Max e o turbinado Interceptor |
O carrão
patrulha de motor V-8 de Mad Max, era na verdade um modelo XB GT Ford Falcon
Coupe, fabricado exclusivamente na Austrália em 1973.
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O Ford Falcon 1973 original e o resultado da transformação: O Interceptor |
A
transformação do Ford Falcon para o Interceptor se deu a partir de 1976, quando
os cineastas Byron Kennedy e George Miller começaram a pré-produção do filme e já
imaginavam um carro-patrulha negro e ameaçador de alta performance que
denominariam “Interceptor” e que traria terror às gangs de rodovias.
O customer
Murray Smith foi contratado para fazer essa transformação no Ford Falcon. Finalmente com a ajuda de Peter Arcadipane e
Ray Beckerley começaram a modificar o carro. O resultado foi compensador, um carro negro belíssimo mantendo as linhas
arrojadas originais e o motor V -8, um compressor ou supercharger no meio do capô, 4 tubos de escapamento em
cada lateral traseira e um pára-choque baixo e reforçado. É bom ressaltar que o
volante dos carros australianos é do lado direito e esse detalhe dava um charme
extra para o Interceptor. Curiosamente só foi produzido um carro Interceptor
para Mad Max filmado em 1979, devido ao baixo orçamento.
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O Interceptor e o Carro Patrulha convencional usado pelos patrulheiros em Mad Max I |
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Após concluir sua vingança, Max Rockatansky se torna um errante guerreiro das rodovias |
A parte
triste da saga do Interceptor, é que na sequência da série, em Mad Max 2 – A
Caçada Continua (Mad Max 2 – The Road Warrior, de 1981), o carrão simplesmente
é destruído pouco antes da metade do filme durante uma perseguição, ao capotar
e explodir, sendo a última performance do Interceptor nas telas com Mel Gibson
no papel principal.
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Em Mad Max II, o Inteceptor está surrado e sem brilho, mas continua potente... |
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O solitário Max no segundo filme tem um cão fiel como companheiro de estrada
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Isso para mim foi um tiro no pé dado pelos produtores, mas
o personagem Mad Max conseguiu se sustentar sem o Inteceptor. Foi lamentável,
mas para o consolo dos fãs, as réplicas do carrão de Mad Max se multiplicaram
por todo o mundo, principalmente no seu país de origem, em exposições e shows, sem
falar nas miniaturas apreciadas pelos colecionadores.
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Acima, miniaturas do Interceptor Ford Falcon V-8 |
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Detalhes do interior do Interceptor |
O carrão era
tão cult, que mesmo aparecendo no Mad Max 2 já todo surrado e detonado, ainda
assim mantia seu magnetismo, era só ouvir o ronco do V-8 que já dava para
arrepiar. Ficava me imaginando guiando o Inteceptor surrado numa longa e reta estrada
para a liberdade escutando um bom e velho rock & roll. Bons tempos que não
voltam mais.
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Acima, uma réplica do Interceptor |
Mas o que me
conforta hoje são as cópias dos filmes (principalmente do I e do II) e as
imagens de 37 anos atrás que nunca serão apagadas da minha mente. Mad Max teve
a terceira parte filmada em 1985, sob o título Mad Max – Além da Cúpula do
Trovão (Mad Max Beyond Thunder Dome) com a participação da cantora de soul e pop
rock, Tina Turner, que contribuiu também para a trilha sonora do filme. Essa
sequência foi a mais fraca das três filmadas com Mel Gibson e, infelizmente, o
Interceptor já era uma lenda.
Recentemente
outra versão para Mad Max foi filmada em 2015, Mad Max: Estrada da Fúria (Mad
Max: Fury Road), com Tom Hardy no papel de Max Rockatansky e com produção mista
da Austrália e EUA. O Interceptor aparece brevemente no início do filme e é
destruído após uma capotagem numa breve perseguição por uma gang motorizada no
deserto. Nessa versão o próprio Mad Max tem um papel quase que secundário, pois
Furiosa (interpretada por Charlize Theron) parece ter mais destaque. Fazer o quê,
a indústria parece adorar destruir o que inicialmente deu certo...
Por Eumário
J. Teixeira