16 de nov. de 2010

ÉDER JOFRE - O ETERNO GALINHO DE OURO DO BRASIL



ÉDER JOFRE, PARABÉNS PELOS 50 ANOS DA CONQUISTA DO TÍTULO MUNDIAL DOS PESOS GALO!

Uma lenda do boxe mundial que praticamente não é reconhecido em seu próprio país!

Nosso eterno herói do boxe, Éder Jofre
No Brasil foi implantada a idéia de que somente o futebol gera uma paixão nacional. Há várias décadas, bem antes da tragédia do maracanã em 1950, quando a seleção brasileira perdeu o título do mundial para o Uruguai, já se acreditava que qualquer brasileiro nascia naturalmente com o dom de jogar bola e sambar. 
Numa época em que a informação era lenta e restrita a poucos privilegiados, até que não poderia se pensar de forma diferente; quando se lia um jornal, na página de esportes só se via notícias de futebol, e da mesma forma era no rádio, onde só ouvia política, rádio-novelas, musicais e o grito de goool! Com raras exceções uma conquista em alguma outra modalidade esportiva era discretamente mencionada. Com o advento da televisão pouco mudou, o futebol continuou a ser a atração principal das coberturas esportivas. Na década de 1960 com a confirmação do talento de Mané Garrincha com suas pernas tortas e endiabradas e o surgimento de sua majestade, Pelé, qual a chance dos holofotes se direcionarem para os outros esportes? E na mesma época, já tínhamos a talentosa tenista Maria Esther Bueno, a princesa das quadras campeã de Wimbledon; o medalhista olímpico Adhemar Ferreira da Silva e um boxeador franzino e promissor de 1,64 m, um tal de Éder Jofre. 

Yes, nós temos boxer campeão do mundo
Ôpa, nossos olhos se abriram para novidades, o brasileiro também sabe jogar tênis, saltar e boxear. É, nós também somos bons de briga, haja visto que Hélio e Carlson Gracie, os patriarcas do jiu-jitsu brasileiro, já acenavam com esta verdade desde os anos de 1930 e se fizeram respeitar com suas conquistas até meados de 1960. Mas esse tal de Éder Jofre, que a maioria dos jovens hoje em dia não conhece ou nunca ouviu falar, foi o maior boxeador brasileiro de todos os tempos, e um dos maiores do mundo. Ao ganhar o título mundial dos pesos galo, em 18 de novembro de 1960, Éder Jofre passou a ser o único atleta a rivalizar em popularidade com Pelé e Garrincha na época. Atualmente é reverenciado por ninguém menos que o ex-campeão peso pesado Mike Tyson, que admitiu que o galinho de ouro foi uma de suas maiores influências devido ao seu estilo de boxear, se referindo a sua garra e ímpeto ao partir para cima do adversário. Tivemos outros campeões de boxe em categorias diversas, como Miguel de Oliveira (pesos médio), Maguila (pesos pesado), e mais recentemente o Acelino “Popó” de Oliveira, mas nenhum deles conquistou o respeito e admiração que Éder conquistou mundialmente, e mesmo hoje, após 50 anos de seu primeiro título mundial dos pesos galo, ele é admirado e venerado pelos entendidos do mundo do boxe e ex-adversários, tais como Masahiko “Fighting” Harada do japão, o único a vencer a Éder Jofre por pontos em dois combates memoráveis e polêmicos em sua decisão em 1965. 

O reencontro 50 anos depois entre Éder, Eloy Sanchez e Fighting Harada
Mas não vemos esse reconhecimento no Brasil, seja do público, da mídia ou governo, e mesmo os campeões mais recentes de nosso país não fazem questão de dar a Éder o valor e reconhecimento que merece. Ora, o próprio Pelé, o rei do futebol, não tem unanimidade aqui, a molecada ainda vacila entre optar por ele ou Diego Maradona. Por quê isso? Acho que a mídia tem boa parte da culpa, por omissão e falta de interesse na divulgação da trajetória heróica e pioneira de Éder e por não saber cultivar e alimentar a memória do povo. Me arrisco a dizer que se o galinho de ouro tivesse nascido mexicano, ele seria “endeusado”, teria estátuas e monumentos em sua homenagem, teriam feito filmes e documentários para preservar seu passado glorioso, etc. Veja na Argentina como Maradona é adorado; como El Santo (morto há décadas) e Julio César Chavéz são idolatrados no México; como Muhammad Ali e os falecidos Sugar Ray Robinson e Joe Louis, apesar de negros são ou foram reverenciados até hoje nos EUA; no Brasil não, o herói é que precisa sair e gritar por aí: “Ei, não se esqueçam do que fiz por vocês e pelo país, que tal me dar um pouco de atenção? Prefiro receber as homenagens em vida...”; mas se ídolo não der retorno financeiro, fica difícil; não foi o caso, por exemplo, de Airton Senna que mesmo agora na saudade, sua marca ainda gera rendimentos para muitos.

Campeões em 1961: Maria Esther Bueno, Pelé, Éder e Bruno Hermanny
Por isso humildemente pretendo a seguir, resumir a trajetória heróica do maior de todos nos ringues do Brasil e do mundo em sua categoria, e que ao meu ver, só não superou em termos mundiais, Muhammad Ali, Sugar Ray Robinson e Joe Louis.
Antes, uma pergunta que não quer se calar: O que houve com o filme com direção de Nilton Travessos que estava sendo produzido sobre a vida de Éder Jofre, pararam com as filmagens que teria se iniciado em 2008? O projeto foi cancelado? Por quê?


Por Eumário J. Teixeira.

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