Bateria, baixo, harmônica, prá quê? Para ele bastava uma guitarra, a voz inconfundível e o pés para ditar o ritmo que o “boogie” exigia nos salões. Para John Lee Hooker, também conhecido como “The Boogie Man” e considerado como um dos pioneiros de “talk blues”, tudo isso era natural.
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The Boogie Man |
John Lee Hooker nasceu numa fazenda perto da cidade de Clarksdale, Mississipi, no dia 22 de agosto de 19l7. Seu pai era pastor protestante e pouco depois de falecer, sua mãe casou-se com um guitarrista e vocalista de Louisiana, Will Moore, que ensinou os primeiros acordes de violão para o jovem John Lee. Aliás, o seu padrasto Will More recebia regularmente em sua casa figuras lendárias como Blind Lemon Jefferson, Blind Blake e Charley Patton para uma “jam session” rural. Aos 14 anos John Lee, fascinado pelo som dos mestres, saiu de casa para tentar a sorte em Memphis sonhando em se apresentar numa das casas de shows da famosa Beale Street. Conseguiu umas canjas com o famoso guitarrista Robert Nighthawk, mas não foi o suficiente; e chegou a conclusão que o futuro estava mais ao norte, mais precisamente em Detroit para onde mudou-se em 1942. Enquanto tinha um emprego regular numa linha de montagem da Ford de dia, tentava a carreira de bluesman à noite.
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O Jovem John lee Hooker |
Sua perseverança só foi recompensada em 1948, quando foi descoberto pelo produtor Bernie Besman e gravou “Boogie Chillen”, que vendeu maravilhas. A partir dessa gravação tudo aconteceu rapidamente. Entre 1949 e 1954, Hooker gravou mais de setenta singles em 21 selos diferentes e com vários pseudônimos: Texas Slim, Birmingham Sam, Johnny Williams, Johnny Lee e outros. Lançou temas que se tornaram clássicos como “Crawling King Snake”; “Burning Hell” e “I’m In The Mood”. Foi contratado em 1955 pelo Selo Vee Jay de Chicago onde gravou sucessos como “Mambo Chillen”, “Dimples” e “I’m So Excited”. Os anos 60 reergueram o blues tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, onde uma nova geração de músicos procurou inspiração em Hooker adaptando os velhos blues à ritmos mais excitantes. Em 1962 estoura outro sucesso, “Boom Boom”, que o obriga a excursionar à Europa como integrante do American Folk Blues Festival. A partir daí as apresentações pelo mundo são corriqueiras como também suas performances nos estúdios onde gravou excelentes discos como Urban Blues e Simply The Truth no final da década. Nos anos 70 teve uma experiência única com a banda californiana Canned Heat, gravando o famoso Hooker ‘N Heat, logo depois Alan Wilson, líder da banda e um expert em blues, morreria de forma misteriosa. Em 1980, seguindo a rotina de apresentações e gravações, aparece no filme “The Blues Brothers” com John Belushi e Dan Ackroyd.
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John Lee Hooker, uma lenda do blues |
Na década de 90 continua muito prestigiado pelo público e principalmente por roqueiros consagrados dos mais diversos estilos que fazem questão de homenagear e gravar junto ao grande mestre em diversos discos premiados e consagrados pela crítica. Mas John Lee Hooker já acusava cansaço e fragilidade e veio a falecer de morte natural no dia 21 de junho de 2001, aos 84 anos incompletos, em sua casa na California enquanto dormia. Foi-se embora o último representante do legítimo blues do Delta do Mississipi.
A influência de John Lee Hooker no rock é enorme. Todos queriam pegar o “ritmo” com o velho mestre. Para citar alguns devotos do boogie man: Rolling Stones, Yardbirds, John Mayall’s Bluesbrakers; Animals, Them, Canned Heat, George Thorogood, Johnny Rivers, Carlos Santana, dentre outros.
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John Lee Hooker e Alan Wilson do Canned Heat |
De John Lee Hooker vale a pena conferir os imprescindíveis :
- Urban Blues (1968);
- Simply The Truth (1969);
- Lonesome Mood (1969), com Earl Hooker, seu primo e exímio guitarrista;
- Hooker ‘N Heat, com a banda californiana Canned Heat (1971);
- The Healer (1991);
- Mr. Lucky (1992);
- Chill Out (1995);
os três últimos contando com a participação de figurinhas como Bonnie Rait, Los Lobos, George Thorogood, Carlos Santana, Keith Richards; Van Morrison e outros.
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Hooker 'N' Heat, uma obra prima de Hooker e Canned Heat |
Por Eumário J. Teixeira.
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