Beto Guedes, ao meu ver é uma das figuras mais carismáticas e talentosas da MPB. Não sei bem se a mídia não lhe deu justo crédito ou o próprio artista pela sua simplicidade e notória timidez, fugia dos holofotes quando podia. Dono de uma voz frágil em falsete, ele sempre ofereceu o que tinha de melhor, uma sensibilidade única e de certa forma ingenuamente romântica, que reflete em sua música e poesia, imagens quase místicas e utópicas de um mundo que só ele vivencia ou anseia desfrutar, numa mistura genial de chorinho e rock.
Alberto de Castro Guedes nasceu em Montes Claros, Minas Gerais, em 13 de agosto de 1951. Desde a adolescência tocava em bandas formadas em Belo Horizonte explorando o repertório dos Beatles, aliás seu conjunto se chamava The Bevers e os outros componentes da banda eram os irmãos Yé, Márcio e Lô Borges. O jovem músico ao voltar para Montes Claros por um período começa a participar de outro grupo, o Brucutus, onde animava as festinhas durante as férias tocando Beatles, Renato & Seus Bluecaps, Roberto Carlos, etc. Aos aos 18 anos participou do V Festival Internacional da Canção em 1970, com sua composição “Feira Moderna”, em parceria com Fernando Brant. Tendo a música mineira como uma de suas principais influências - ao lado do rock dos Beatles e The Byrds e dos choros que o pai seresteiro, Godofredo Guedes, compunha - participou ativamente do Clube da Esquina, banda que projetou nacionalmente os compositores mineiros (de nascimento ou de coração) como Milton Nascimento, Lô Borges, Fernando Brant e o próprio Beto Guedes.
Participou do primeiro LP do grupo, Clube da Esquina (1971) e da edição de Clube da Esquina (1979). Foi acompanhado pelo também grupo mineiro 14 Bis e em 1977 lançou o primeiro LP, A Página do Relâmpago Elétrico que superou as expectativas e que tinha “Lumiar” como faixa de destaque, além de “Maria Solidária”, “Tanto”, “Nascente” e “Salve Rainha”. No ano seguinte, o disco Amor de Índio traz na faixa-título o maior sucesso de sua carreira e as pérolas “Feira Moderna”, “Novena”, “O medo de amar”, “Luz e Mistério” e “Gabriel”, se sobressaindo num excelente álbum que teve as participações de Toninho Horta, Wagner Tiso, Fávio Venturini e Tavinho Moura. Em 1980 lança o LP Sol de Primavera, no qual se destacam a faixa-título, “Roupa Nova”, “Norwegian Wood” (dos Beatles com Milton Nascimento), “Pela Claridade de Nossa Casa” e a inesquecível “Casinha de Palha”. No ano de 1983 sai o álbum Contos da Lua Vaga, com as faixas “Contos da Lua Vaga”, “Canção do Mundo Novo”, a lindíssima “O Sal da Terra” e “Sete Flautas”. Em 1984 o LP Viagem das Mãos, trouxe seu segundo maior sucesso “Paisagem da Janela” de Fernando Brant e Lô Borges. Em 1986, saiu LP Alma de Borracha, (título que vem de Rubber Soul, disco dos Beatles) dando-lhe seu 1º Disco de Ouro, ultrapassando a marca de 200 mil cópias vendidas com as faixas “Alma de Borracha”, “Calor Humano”, “Lágrima de Amor”, entre outras.
Em 2004 reaparece inspirado com o CD Em Algum Lugar, com as faixas “Até Depois”, “Sonhando por Nós”, “Lamento Árabe” (de seu pai Godofredo Guedes) e “Júlia” (de Gabriel Guedes, seu filho), dentre outras contidas num ótimo trabalho. Infelizmente o tempo é implacável mesmo para caras como Beto Guedes que deveriam ser imunes à sua ação. Ele representa uma geração de ouro da música mineiramente brasileira que insiste em sobreviver e lutar contra o sistema que aposta cada vez mais no lixo descartável.
Mas temos a esperança que a tradição musical da família Guedes mantenha acesa a chama ardente da diferenciada e qualificada música das Minas Gerais. De qualquer forma, a obra de Beto Guedes ainda está inacabada, pois ele continua na ativa, mas sua criação está cravada na história da MPB e está acessível para todos, sejamos novos fãs ou saudosistas de uma época que não volta mais. Para finalizar, Beto tem outra paixão além da música, e é por aviões, apesar de assumir o mêdo de voar. Atualmente alterna os instrumentos musicais com as ferramentas e macacão de mêcanico para montar aeromodelos e voar em aeroplanos. Será? E sabe qual o seu filme predileto? Império do Sol, é claro! Onde desfilam nos céus os “Zeros” dos pilotos japoneses kamikazes e os Mustangs da USAF.
Discografia Solo de Beto Guedes:
Beto Guedes fã de rock e chorinho |
Beto Guedes, mineirinho de Montes Claros |
Beto Guedes com Lô Borges e Milton Nascimento |
Discografia Solo de Beto Guedes:
- A Página do Relâmpago Elétrico – 1977
- Amor de Índio – 1978
- Sol de Primavera – 1980
- Contos da Lua Vaga – 1981
- Lumiar (Coletânea) – 1983
- Viagem das Mãos – 1984
- Alma de Borracha – 1986
- Ao Vivo – 1987
- Andaluz – 1991
- Dias de Paz – 1998
- Amor de Índio – 1978
- Sol de Primavera – 1980
- Contos da Lua Vaga – 1981
- Lumiar (Coletânea) – 1983
- Viagem das Mãos – 1984
- Alma de Borracha – 1986
- Ao Vivo – 1987
- Andaluz – 1991
- Dias de Paz – 1998
- Beto Guedes 50 Anos / Ao Vivo - (DVD e CD) 2002
- Em Algum Lugar – 2004
Aqui um link do you tube onde Beto Guedes canta a lindíssima "Amor de Índio":- Em Algum Lugar – 2004
http://www.youtube.com/watch?v=DGeQ-e9wjmM
Por Eumário J. Teixeira.
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