6 de abr. de 2014

J. J. CALE – TRIBUTO AO REI DO TULSA SOUND




Alguns nasceram com o dom para o estrelato, outros, no entanto, nasceram apenas para criar e produzir suas obras na quase obscuridade, alimentando as estrelas do rock com sua luz criativa.  J. J. Cale foi um desses artistas que nunca quis a fama e idolatria, só queria compor e se possível interpretar suas próprias músicas discretamente, deixando sua obra à disposição para outros artistas que compartilhassem e entendessem seu modo de pensar, fazerem suas próprias versões. Seus hits não foram muitos, mas os que vingaram principalmente na voz de outros intérpretes foram marcantes e inesquecíveis. 
J. J. Cale sendo homenageado por seu discípulo Eric Clapton no Crossroads Festival
Podemos citar por exemplo, “Cocaine” e “After Midnight” que revigoraram a carreira de Eric Clapton nos anos de 1970; “Call Me The Breeze” e “I Got The Same Old Blues” que reforçaram o repetório da banda de rock sulista Lynyrd Skynyrd. Uma das características do trabalho de J. J. Cale  era que lançava discos com intervalos de dois em dois anos e às vezes ficava até mais de quatro anos sem gravar. Suas músicas raramente passavam de três minutos de duração e os seus arranjos beiravam a genialidade de uma simplicidade com elementos sofisticados e honestamente cativantes. Seu estilo vocal  parecia uma mistura entre Bob Dylan, Lou Reed e Mark Knopler, mas bem mais agradável que dos outros três. Em suma, para nomes consagrados como Eric Clapton, ele foi um mestre inspirador e desapegado, mas que exigia no mínimo, respeito e carinho por tudo aquilo que compôs e cantou.
J. J. Cale, o rei do Tulsa Sound

J. J. Cale, uma breve biografia – Nascido em 05 de dezembro de 1938 na cidade de Tulsa, Oklahoma (Eua), foi batizado com o nome John Weldon Cale. Apesar de ter começado sua carreira musical no final da década de 1950, tocando nas boates de Tulsa, onde conheceu o músico Leon Russell e posteriormente tentar firmar um trabalho como o grupo de country music de Nasville chamado Valentines, Cale só conseguiu lançar seu primeiro disco chamado Naturally, em 1971.  De estilo peculiar, J. J. Cale cantava de maneira suave, seus riffs de guitarra eram marcantes e seus solos econômicos e jazzísticos, porém agradavelmente precisos. 
Capas dos melhores discos de J. J. Cale
Todos os seus discos (ou cds) são recomendáveis, mas quero destacar alguns essenciais como:

Naturally (1971) que contém as faixas “After Midnight”, “Call Me The Breeze”; “Crazy Mama”, “Magnolia”, etc.;

Really (1972) com as faixas “Everything Will Be Alright”; “Ridin’ Home”; “Going Down” de Freddie King; “Soulin’”, “Louisiana Women”, etc.;

Okie (1974) com as faixas “Cajun Moon”; “The Old Man And Me”; “Okie”; “Rock And Roll Records”, “I Got The Same Old Blues”, etc.;

Troubadour (1976) com “Cocaine”; “Hold On”; “I’m A Gypsy Man”. “Cherry”, etc.;

Travel Log (1990) com “Shangaid”; “Hold On Baby”; “Lady Luck”; “No Time”; “Tijuana”; “Who’s Talking”; “River Boat Song”, etc.;

Roll On (2009) com “Who Knew”; “Down To Memphis”; “Cherry Street”; “Old Friend”; “Roll Down”, etc.;

The Road To  Escondido (2006), uma excelente parceria com Eric Clapton, com as faixas “Danger”; “Sporting Life Blues”; “Hard To Thrill”; “Three Litte Girls”, “Who Am I Telling You”; “Ride The River”, etc. 
J. J. Cale e Eric Clapton em The Road to Escondido de 2006

Por  enveredar em diferentes estilos musicais como o cajun, blues, Swamp rock, country music, rockabilly, e jazz, seu estilo era conhecido como “Tulsa Sound”, o som de Tulsa, que mesclava todos esses em um. Multi-instrumentista, Cale tocava além da guitarra elétrica e acústica, piano, baixo elétrico e bateria, além de compor e cantar. Trabalhou para os selos Shelter Records, Mercury, Polygram, Virgin Records e Rounder Records. Vários artistas dos mais diversos estilos admitiram que foram influenciados por J. J. Cale, dentre os quais posso citar, além dos já mencionados Eric Clapton e Lynyrd Skynyrd, The Allman Brothers Band, Johnny Cash, The Band, Santana, Chet Atkins, Captain Beefheart, Neil Young, Chet Atkins e Mark Knopler. 
J. J. Cale influenciou  nomes do rock consagrados como o próprio Clapton, Lynyrd Skynyrd, The Allman Brothes Band, Neil Young, Mark Knopler, etc.
Infelizmente, J. J. Cale foi mais um que se foi, deixando o cenário musical cada vez mais pobre e desolador. No dia 26 de julho de 2013, às 20 horas de sexta feira, Cale sofreu um infarto agudo do miocárdio,  no Scripps Hospital, no balneário de La Jolla, em San Diego, na Califórnia, aos 74 anos de idade. Vaya com Dios, J. J.!

A morte de J. J. Cale foi uma perda irreparável para a música de qualidade



Obs.: Quem nunca viu J. J. Cale em ação ao vivo, deve procurar no youtube três vídeos interessantes:

 - J. J. Cale – The Paradise Boston MA, 6-20-2004 (Gravado por um fã durante um show ao vivo)

- J. J. Cale – Live in Session with Leon Russell – At the Paradise Studios, Los Angeles, CA  - june, 1979 (Gravado nos estúdios Paradise de Leon Russell, excelente!)

- J. J. Cale – Low Down (Especial muito bom registrando uma de suas últimas apresentações)


Por Eumário J. Teixeira

Nenhum comentário:

Postar um comentário