29 de nov. de 2008

OS QUATRO PILARES DO BRITISH BLUES


         O QUARTETO FANTÁSTICO: JOHN MAYALL, 
ERIC CLAPTON, PETER GREEN & MICK TAYLOR

Londres foi a capital mundial do blues na década de 60, pelo menos é certo que de 1965 a 1969 quem queria se embebedar do blues britânico tinha que estar por lá, torcendo para esbarrar em figurinhas como John Mayall, Eric Clapton, Peter Green e Mick Taylor. Através deles é que os jovens ingleses descobriram o verdadeiro blues afro-americano que era incrivelmente ignorado pela juventude dos EUA, e como disse Muddy Waters certa vez, “eles tinham o blues no próprio quintal e não sabiam”, precisou que bandas inglesas invadissem o país com o seu “rock” que na verdade não passava de uma adaptação mais acelerada e ritmada do blues originário do Delta do Mississipi, para que os jovens americanos se voltassem para sua própria cultura. Pessoas apaixonadas pela música afro-americana como o inglês John Mayall, que era um expert e estudioso de blues, foram os principais responsáveis para a divulgação e sucesso do gênero pela Europa e pelo resto do mundo. John Mayall nascido em 1935 na cidade de Manchester na Inglaterra, foi o fundador dos Bluesbreakers em 1963, banda que se especializou em tocar blues e em revelar grandes músicos, como o baixista John Mcvie, o baterista Ansley Dunbar e simplesmente os guitarristas Eric Clapton, Peter Green e Mick Taylor. John Mayall era e ainda é um multi-instrumentista, toca piano, harmônica, guitarra, baixo e bateria, e apesar de não ser um especialista em nenhum deles, sempre foi respeitado pelos jovens músicos que ingressavam no Bluesbreakers, pois eles sabiam que John Mayall, tinha um conhecimento incomum sobre música, principalmente sobre blues e além disso fazia arranjos, compunha, produzia e tinha um vocal diferenciado e marcante, sem falar do seu carisma e capacidade de liderança. A fase de ouro do blues britânico foi carimbada pelo lançamento de quatro álbuns básicos e essenciais para qualquer um metido a blueseiro ou rockeiro ter na estante. São eles:
- John Mayall And The Bluesbreakers – With Eric Clapton – Deram/1966
- John Mayall And The Bluesbreakers – A Hard Road (com Peter Green) – London/1967
- Peter Green’s Fleetwood Mac – Peter Green’s Fleetwood Mac (com Jeremy Spencer) – Epic/1967
- John Mayall And The Bluesbreakers – Crusade (Com Mick Taylor) – London/1967

O álbum Bluesbreakers – John Mayall With Eric Clapton foi lançado em 1966. Os músicos integrantes dos Bluesbrakers eram o líder John Mayall, vocal, piano, orgão e harmônica; John Mcvie, baixo elétrico; Hughie Flint, bateria e o jovem e promissor Eric Clapton (nascido em 30/03/1945) na guitarra e vocal, recém saído do Yardbirds e classificado como “deus” pelos fãs na época; e quem presenciou suas performances afirmam que ele realmente chegou perto disso. As faixas desse clássico que mais se destacaram foram : “All your Love”, “Hideaway”, “Little Girl”, “Have You Heard” e “Ramblin’ On My Mind”.
O trabalho seguinte do John Mayall’s Bluesbreakers era simplesmente A Hard Road, lançado em 1967. Ora, a saída de Eric Clapton após o sucesso do álbum anterior foi dolorosa para os fãs dos Bluesbreakers, e deveria ser desesperadora para Mayall, só que ele tinha um trunfo guardado. O nome dele era Peter Green (nascido em 29/10/1946), jovem guitarrista, admirador do trabalho de Eric Clapton, mas que desenvolveu um estilo próprio, baseado em B. B. King, e Hank Marvin, guitarrista do Shadows. Os outros integrantes do Bluesbreakers eram John Mayall no vocal, piano, orgão, harmônica e guitarra; John Mcvie no baixo elétrico e Ansley Dunbar na bateria. O disco para alguns superou o anterior com Eric Clapton, e eu concordo, mas foi por pouca coisa. Mas há controvérsias. As faixas que se destacaram neste trabalho foram: “A Hard Road”, “You Don’t Love Me”, “The Stumble”, “Another Kinda Love”, “The Same Way”, The Super-Natural” e “Someday After a While ( You’ll Be Sorry)”.
O próximo disco ainda era com Peter Green, mas no Fleetwood Mac, banda que formou com o baixista John Mcvie após abandonarem John Mayall. Olha a sina de Mayall, parece que os caras passavam pelos bluesbreakers para um breve e proveitoso estágio absorvendo um pouco do conhecimento do mestre para então partir em busca da própria realização como músico de blues. Peter Green adota sua banda como Mayall fazia com os Bluesbreakers, dirige o trabalho mas libera a criatividade dos outros músicos, como a do jovem e excelente guitarrista slide Jeremy Spencer (fanático pelo bluesman Elmore James) que praticamente divide as performances com Peter Green. O Peter Green’s Fleetwood Mac era formado até então por Peter Green, vocais, guitarra, harmônica; Jeremy Spencer, vocais, guitarra slide, piano; John Mcvie, baixo; e Mick Fleetwood, bateria. As faixas que mais se destacam são: “My Heart Beat Like A Hammer”, “Merry Go Round”, “Long Grey Mare”, “Looking For Somebody”, “No Place To Go”, “I Loved Antoher Woman” e “Got To Move”.
O quarto disco volta a ser dos Bluesbreakers do John Mayall, agora com o guitarrista também muito jovem que substituiu Peter Green, nada menos que Mick Taylor (nascido em 17/01/1948). O disco é o Crusade, também de 1967. Neste participaram John Mayall, vocal, piano, orgão, guitarra; John Mcvie, baixo elétrico (que logo sairia para o Fleetwood Mac); Keef Hartley, bateria; e o talentoso Mick Taylor, guitarra solo - Taylor substituiria Brian Jones nos Rolling Stones em 1969. As faixas que mais se destacaram neste álbum foram: “Oh, Pretty Woman”, “My Time After While”, “Tears In My Eyes”, “The Death Of J. B. Lenoir”, “I Can’t Quit You Baby” e “Streamline”.
Os quatro discos citados ao meu ver foram os pilares do blues britânico, “fizeram a cabeça” de jovens aspirantes a roqueiros na Europa e EUA, influenciando muitos músicos que já estavam na estrada e o mais importante é que popularizou o blues, resgatando velhos mestres do estilo escondidos no Delta do Mississipi dando-lhes uma chance de mostrarem sua arte ainda em vida, já que uma boa parte deles, já falecidos, só poderiam ser apreciados em raros discos de vinil de algum colecionador cuidadoso.

 
Por Eumário J. Teixeira.

Um comentário:

  1. OLÁ EUMÁRIO,

    REALMENTE, QUEM QUISER ENTENDER UM POUCO DO BLUES DOS INGLESES NOS ANOS 60 TEM QUE PASSAR POR ESSES CDS QUE SÃO BÁSICOS PARA QUALQUER DISCOGRAFIA QUE SE PREZE DO ROCK OU BLUES.

    MANDA MAIS INFORMAÇÕES, ACHEI LEGAL.

    M. W. - T. OTONI-MG

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