Há poucos dias assisti no youtube uma palestra de um ex-agente da KGB que servia aos interesses da (extinta?!?) União Soviética ou URSS como “jornalista subversivo” na Índia. Após desertar e sumir no meio de uma comunidade hippie com um disfarce e identidade falsa, ele finalmente chega ao Canadá em meados dos anos de 1970. Lá recebeu cidadania como refugiado e teve uma vida produtiva até morrer em 1993. Sua principal ocupação foi a partir de então denunciar todas as estratégias de subversão usadas pela URSS e demais países comunistas e socialistas que visavam com isso destruir lenta e gradualmente os valores mais importantes de uma nação democrática, como crer em Deus e ter seus valores morais e culturais preservados. Para isso a KGB (serviço secreto da URSS) explorava seus agentes comunistas altamente treinados e doutrinados, travestidos de jornalistas, professores, estudantes, artistas, atletas ou médicos (Ops! isso me parece familiar...). Mas no meio da missão, ele desistiu de tudo, começou a simpatizar com a diversidade cultural e com a simpatia do povo indiano e desertou. E revelou ao mundo, principalmente aos norte-americanos, em diversas palestras e entrevistas que a subversão em suas diversas linhas de ataque já começava a surtir efeito nos Estados Unidos e em diversos países tidos como democráticos. Ele ainda alertava que para corrigir todo o estrago precisaria um processo de reeducação cultural e política que duraria toda uma geração, ou seja, de 10 a 15 anos. Para meu espanto, a palestra aqui transcrita e que deixou os norte-americanos perplexos, foi concedida em 1983. Já era uma realidade o estrago social e não havia uma consciência popular dos danos causados pelos agentes da KGB naquela época. Passaram-se 31 anos, foram duas gerações totalmente alienadas e usadas como “idiotas úteis” pela subversão comunista em todo o mundo. Penso que reverter tudo isso atualmente é quase impossível. No Brasil já estamos colhendo no dia a dia os frutos desta subversão que causou grandes estragos na área religiosa, cultural, econômica e política, que nos levará à anarquia total e finalmente ao golpe final. Confiram a palestra dada por Yuri Bezmenov no ano de 1983 e tirem suas próprias conclusões. E que Deus nos ajude!
Por Eumário J. Teixeira.
Palestra de um
ex-agente do KGB, Yuri Alexandrovitch Bezmenov (Tomas Schuman) (1939 — 1993),
proferida na Summit University, em Los Angeles, Califórnia, em 1983.
Subversão é o termo. Se
virem no dicionário ou no código penal deste assunto, é normalmente explicado
como uma parte de uma atividade para destruir coisas como religião, Governo,
sistema, sistema político-económico de um país; e, normalmente, é ligado a
espionagem e coisas românticas, como explodir pontes, descarrilar comboios,
atividade capa e espada no estilo Hollywood; quando o que vou falar a respeito,
agora, não tem absolutamente nada a ver com o cliché de espionagem ou da
atividade do KGB de coletar informação.
Então, o maior erro ou conceito errado (acho eu) é
que, quando estamos a falar de KGB, por alguma razão estranha, de produtores de
Hollywood a professores de ciência política e «especialistas» em assuntos
soviéticos (kremlinólogos, como se autodenominam), acham que a coisa mais
desejável para Andropov e todo o KGB é roubar o esquema de algum jato
supersónico, trazê-lo de volta para a União Soviética e vendê-lo para o
complexo industrial militar soviético. É apenas em parte verdadeiro.
Se tomarmos todo o tempo, dinheiro, e mão de obra
que a União Soviética e o KGB em particular gasta fora das fronteiras da União
Soviética, descobriremos (claro que não há estatísticas oficiais, ao contrário
da CIA ou do FBI) que a espionagem como tal ocupa apenas 10[%] a 15% do
dinheiro, tempo e mão de obra. 15% da atividade do KGB. Os 85% restantes são
sempre subversão. E ao contrário de um dicionário de inglês (dicionário
Oxford), subversão, na terminologia soviética, significa sempre uma atividade
distratora e agressiva, visando destruir o país, nação ou área geográfica do
seu inimigo. Então, não há românticos lá, de forma alguma. Nada de explodir
pontes, nada de microfilmes em latas de Coca-Cola, nada desse género! Sem «nonsense»
James Bond!
A maior parte. Esta atividade é aberta, legítima e
facilmente observável, se vocês se derem ao tempo e trabalho de observá-la;
mas, de acordo com a lei e sistemas fiscalizadores da civilização ocidental,
não é crime! Exatamente por causa do conceito errado — manipulação de termos —,
achamos que o subversor é uma pessoa que vai explodir as nossas lindas pontes!
Não! Subversor é um estudante que vem para intercâmbio, um diplomata, um ator,
um artista, um jornalista (como eu fui há dez anos)…
Bem, subversão é uma atividade que é uma estrada de
dois sentidos. Vocês não podem subverter um inimigo que não quer ser
subvertido. Se conhecerem a história do Japão, por exemplo: Antes do século XX,
o Japão era uma sociedade fechada. No momento em que um barco estrangeiro
chegava às margens do Japão, o exército imperial japonês, educadamente,
mandava-o desaparecer. E se um vendedor americano chega às margens do Japão,
(digamos) uns 60, 70 anos atrás, e diz: «Oh, eu tenho um aspirador de pó muito
lindo para si! Sabe, com um bom financiamento...». «Por favor, deixe-nos. Não
precisamos do seu aspirador.» Se não forem embora, eles atiram, para preservar
a sua cultura, ideologia, tradição, valores, intactos! Vocês não foram capazes
de subverter o Japão. Não podem subverter a União Soviética, porque as
fronteiras estão fechadas, a comunicação social é censurada pelo Governo, a
população é controlada pelo KGB e polícia interna. Com todas as lindas figuras
lisas da revista Time e Magazine America, que é publicada pela
embaixada americana em Moscovo, vocês não podem subverter os cidadãos
soviéticos porque a revista nunca chega aos cidadãos soviéticos. Ela é coletada
das bancas e lançada na lata de lixo.
A subversão só pode ser bem sucedida quando o
iniciador, o ator, o agente da subversão, tem um alvo que responde. É um
tráfego de dois sentidos. Os Estados Unidos são um alvo recetivo de subversão.
Não há resposta similar à dos Estados Unidos à União Soviética. Ela para em
algum lugar no meio do caminho; nunca chega aqui.
Sun Tzu e a Arte da Guerra, ou melhor, da subversão |
A teoria da subversão remonta a 2500 anos atrás.
O primeiro ser humano que formulou as táticas de subversão foi um filósofo
chinês chamado Sun Tzu (500 a. C.). Foi um conselheiro para várias
cortes imperiais na China antiga. E ele disse (após longa meditação) que, para
implementar política estatal de uma maneira belicosa, é mais contraprodutivo,
bárbaro e ineficiente lutar num campo de batalha.
Sabem que a guerra é a continuação da política
estatal. (Certo?) Então, se querem implantar com sucesso a sua política estatal
e começar a lutar, esta é a maneira mais idiota de fazer. A mais alta arte
da guerra é não chegar a lutar; mas subverter qualquer coisa de valor no
país do seu inimigo, até ao momento em que a perceção da realidade do seu
inimigo deteriora a ponto de ele não o perceber a si como um inimigo e em que o
seu sistema, a sua civilização e as suas ambições parecem ao seu inimigo uma
alternativa se não desejável, então ao menos factível. «Antes vermelho que
ser morto.» Esse é o propósito final, a etapa final da subversão, após a
qual vocês podem simplesmente dominar o seu inimigo sem disparar um tiro, se a
subversão for bem sucedida. Isto é basicamente o que é a subversão.
Como podem ver, nenhuma menção a explodir pontes.
Claro que Sun Tzu não sabia muito sobre explodir pontes. Talvez não houvesse
tantas pontes naquela época!
Mas o básico da subversão está sendo ensinado a
todo o aluno da escola do KGB, na União Soviética, e a oficiais de academias
militares. Não sei se o mesmo autor está incluído na lista de leituras para
oficiais americanos, sem falar de estudantes comuns de ciência política. Eu
tenho dificuldade em encontrar a tradução de Sun Tzu na biblioteca
universitária em Toronto e depois aqui, em Los Angeles; mas é um livro que não
está «disponível». Ele é forçado para todo o estudante na União Soviética, todo
o estudante que se pensa que lidará mais na sua carreira com estrangeiros.
O que é subversão?
Basicamente, consiste em 4 períodos, temporalmente.
Se começarmos aqui e formos neste sentido no tempo (certo?), aqui é o ponto
inicial. A primeira etapa da subversão é o processo chamado basicamente desmoralização.
Diz por si o que é.
DESMORALIZAÇÃO
Leva (digamos) de 15 a 20 anos para desmoralizar
uma sociedade. Porquê 15 ou 20 anos? Esse é o tempo suficiente para educar uma
geração de estudantes ou crianças. Uma geração. Um tempo de vida de uma pessoa,
de um ser humano, que é dedicado a estudar, a formar a mentalidade, ideologia,
personalidade. Não mais, não menos. Normalmente, leva de 15 a 20 anos.
O que inclui? Inclui: Influenciar, ou (por vários
métodos) infiltração, métodos de propaganda, contactos diretos (não importa
muito; vou descrevê-los depois), várias áreas onde a opinião pública é formada
ou moldada: religião, sistema educativo, vida social, administração, sistema
fiscalizador legal (militar, é claro) e relações de trabalho
(trabalhador) — patrão, economia. (OK?) Cinco áreas. (Não vou escrever
porque não vamos ter espaço suficiente.)
Às vezes, quando descrevo todos os métodos, alunos
perguntam-me: «Tem a certeza de que isso é o resultado da influência
soviética?» Não, necessariamente. Vejam: a tática da subversão sobre a qual
estou a falar é similar à arte marcial, a arte marcial japonesa. Se alguns de
vocês estão familiarizados com esta tática, provavelmente vão-se lembrar de que
se um inimigo é maior, mais pesado que você, seria muito doloroso resistir ao
seu golpe direto. Se uma pessoa mais pesada me quer acertar no rosto, seria muito
ingénuo e contraprodutivo eu parar o seu golpe. A arte chinesa e japonesa do
judo diz-nos o que fazer: primeiro, evitar o golpe, e então agarrar o punho e
continuar o seu movimento na direção em que estava antes, (certo?) até que o
inimigo bata na parede. (Viram?)
Então, o que acontece aqui: O país-alvo,
obviamente, faz algo errado. Se é uma sociedade livre, democrática, há vários
movimentos diferentes dentro da sociedade. Há, obviamente, em toda a
sociedade, pessoas que são contra a sociedade. Podem ser criminosos comuns,
em discordância da política estatal; inimigos declarados; simples
personalidades psicóticas que são contra tudo... (Certo?) E, finalmente, há o
pequeno grupo de agentes de uma nação estrangeira, comprados, subvertidos,
recrutados. (Certo?) No momento em que todos estes movimentos estiverem
direcionados numa direção (certo?), esta é a hora de agarrar este
movimento e continuá-lo até que o movimento force a sociedade inteira ao
colapso, à crise. (Certo?) Então, esta é exatamente a tática da arte
marcial. Não paramos um inimigo; deixamo-lo ir, ajudamo-lo a ir na direção em
que nós queremos que eles vão. (OK?)
Então, na etapa de desmoralização, obviamente há
tendências em cada sociedade, em cada país, que estão indo na direção oposta
aos princípios e valores morais básicos. Tirar vantagem destes movimentos,
faturar em cima deles é o maior propósito do originador da subversão.
Então,
1. Temos religião;
2. Temos educação;
3. Temos vida
social;
4. Temos estrutura
de poder;
5. Temos relações
de trabalho — sindicatos;
6. E, finalmente,
temos lei e ordem. (OK?)
Estas são as áreas de aplicação da subversão.
O que significa, exatamente?
No caso da religião: Destrua-a.
Ridicularize-a. Substitua-a por várias seitas, cultos, que levam a atenção das
pessoas, a fé (seja ela ingénua, primitiva... não importa muito), desde que o
dogma religioso basicamente aceite seja erodido devagar e levado para longe do
propósito supremo da religião — [que é] manter as pessoas em contacto com o Ser
Supremo. Isto serve ao propósito. Logo, substitua as organizações religiosas
aceites, respeitadas, por organizações falsas. Distraia a atenção das pessoas
da fé real e atraia-as a várias fés diferentes.
Educação: Distraia-os de
aprender algo que seja construtivo, pragmático, eficiente. Em vez de
matemática, física, línguas estrangeiras, química..., ensine-lhes a história do
conflito urbano, comida natural, economia doméstica, a sua sexualidade...,
qualquer coisa, desde que afaste. (OK?)
Vida social: Substitua as
instituições e organizações tradicionalmente estabelecidas por instituições
falsas. Tire a iniciativa às pessoas. Tire a responsabilidade às ligações
naturalmente estabelecidas entre indivíduos, grupos de indivíduos e a sociedade
como um todo e substitua-as por órgãos artificialmente e burocraticamente
controlados. Em vez de vida social e amizade entre vizinhos, estabeleça
instituições de assistentes sociais — pessoas que estão na folha de pagamento
de quem? [Da] sociedade? Não: Burocracia! A principal preocupação dos assistentes
sociais não é a sua família, não é você, não é a relação social entre grupos de
pessoas. A preocupação principal é receber o cheque de pagamento do Governo.
Qual será o resultado do serviço social deles? Não importa, realmente. Eles
podem desenvolver todo o tipo de conceitos para mostrar ao Governo e ao povo
que eles são úteis. (OK.) Para longe dos elos naturais.
Estrutura de poder:
(OK.) Os órgãos naturais de administração que tradicionalmente são eleitos pelo
povo em geral ou indicados pelos líderes eleitos da sociedade são substituídos
ativamente por órgãos artificiais: órgãos de pessoas, grupos de pessoas que
ninguém elegeu jamais! Na verdade, a maioria das pessoas não gosta deles de
modo nenhum, mais ainda assim eles existem. Um destes grupos é a comunicação
social. Quem os elegeu? Como podem eles ter tanto poder, poder quase
monopolista sobre a sua mente?! Eles podem violentar a sua mente! Mas quem os
elegeu? Como podem? Eles têm ousadia de dizer o que é bom ou mau para o
Presidente — eleito por vocês — e para o seu Governo. Que diabo são eles?!
Spiro Agnew, que era odiado pela esquerda liberal, chamou-os de «tropa de snobes
despudorados», e é exatamente o que são. Eles acham que sabem. Não sabem! O
nível de mediocridade: Em grandes estabelecimentos como New York Times, Los
Angeles Times, grandes redes de televisão, você não tem de ser um
jornalista excelente. Você tem de ser exatamente um jornalista medíocre. É mais
fácil sobreviver: Não há mais concorrência. Tem a sua bela e boa renda: 100 000
dólares por ano. E pronto. Se é melhor ou pior, não importa mais, desde que
sorria para a câmara e faça o seu trabalho. É isso. Não há mais concorrência.
Estrutura de poder é lentamente erodida pelos órgãos e grupos de pessoas que
não têm nem qualificação, nem a vontade do povo para mantê-los no poder, e
ainda assim eles têm poder. (OK.)
Junto com isto, há outro processo — Fiscalização,
lei e ordem: A organização está sendo erodida. Nos últimos 20, 25 anos, se
virem os filmes antigos e os filmes novos, verão que, nos filmes novos, um
polícia, um oficial do exército americano, parece burro, raivoso, psicótico,
paranoico. E o criminoso parece porreiro, como: Bem, ele fuma maconha e injeta
qualquer droga; mas, basicamente, é um ser humano bonzinho. É criativo. E é
improdutivo só porque a sociedade o oprime; enquanto um general do Pentágono é
sempre, por definição, um burro, um maníaco guerreiro. O polícia é um porco, um
polícia rude, abusa do poder... (Sabem?) Uma generalidade, uma generalização
como esta. O ódio, a desconfiança para com as pessoas que vos devem proteger e
fazem cumprir a lei e a ordem. Relativismo moral!
O processo Angelo Buono durou dois anos em Los
Angeles e ainda assim há alguns advogados que dizem: «Olhem: ele é um bom
sujeito, na verdade.» Houve testemunhas que disseram (também criminosas!): «Ora,
ele é um tipo porreiro! Um dia, eu pedi para ele queimar a casa do meu inimigo
e ele não quis!» Tipo porreiro! Erosão. Uma substituição lenta dos
princípios morais básicos, em que um criminoso não é bem um criminoso: é um
réu. Mesmo que a sua culpa esteja provada, há ainda uma dúvida. Matar ou não
matar, ser ou não ser. «Não matarás!» Sim! Mas esta fala pode não ser
necessariamente aplicável a um assassino! «Não assassinarás!» — esta
deveria ser a premissa, e não «não matarás». (OK.)
Relações trabalhistas:
Nesta etapa, dentro de 15 a 20 anos, destruímos os elos tradicionalmente estabelecidos
de negociação entre patrão e empregado. A clássica teoria marxista-leninista de
troca natural de bens: Uma pessoa «A» tem 5 sacas de cereais e uma pessoa «B»
tem 5 pares de sapatos; e a troca natural sem dinheiro é quando eles negociam
entre si, e apenas com a introdução da terceira «C», um completo terceiro
alienígena, estranho, que diz: «Não lhe dê a ele as 5 sacas de cereal.
Dê-mas a mim. E você, dê-me os seus 5 pares de sapatos, e eu distribuirei de
acordo.» Então a economia irá [balançar]… Esta é a morte da troca natural,
a morte da negociação natural.
Bem, os sindicatos foram estabelecidos há
cem anos atrás. O objetivo era melhorar as condições de trabalho e proteger os
direitos dos trabalhadores daqueles patrões que estavam a abusar do seu direito
porque tinham mais dinheiro. Objetivamente, naquela época, inicialmente o
movimento dos sindicatos funcionou de facto. O que vemos agora é que o processo
de negociação não está mais a resultar no acordo que leva diretamente à
melhoria de condições de trabalho e aumento de salário. O que vemos é que, após
cada greve prolongada, os trabalhadores perdem. Mesmo que tenham aumento de 10%
nos seus salários, não conseguem recuperar por causa da inflação e do tempo
perdido. Mais que isso: Milhões de pessoas sofrem com aquela greve, porque
agora a economia é interdependente, está entrelaçada como um único corpo. Se,
antes, os siderúrgicos, (digamos) cem anos atrás, podiam entrar em greve,
ninguém sofreria. Agora, é impossível. Se um funcionário do lixo entra em
greve, hoje, o resto da cidade de milhões fica a cheirar mal. Quer dizer: o
serviço faltará. No Québec, por exemplo, os eletricistas entraram em greve no
meio do inverno! Você pode congelar o seu traseiro, e ainda assim eles estavam
em greve. Eles recuperaram o salário? Não! Perderam! Quem ganhou com isto? Os
líderes do sindicato. Qual é o motivo da greve? Melhorar as condições do
trabalhador? Não! Óbvio que não é! Então qual é? IDEOLOGIA! Para mostrar
a esses capitalistas! E a horda obediente de trabalhadores, como ovelhas, segue
essa gente e não pode desobedecer. Porquê? Porque se desobedecerem, sabem o que
acontece com eles? Piquetes, assassinatos, camionistas baleados por
piquetes!... Em Montreal, por exemplo, vi com os meus próprios olhos, quando fui
correspondente da CBC (Canadian Broadcasting Corporation International),
quando trabalhadores de uma fábrica de aeronaves destruíram computadores e
equipamentos na fábrica e a administração contratou fura-greves, os seus carros
foram virados de cima para baixo e queimados. As suas casas foram queimadas! Os
seus filhos foram intimidados e houve vítimas! Disto, vocês podem ter a
certeza. Porquê? Para melhorar as condições dos trabalhadores? Não! Ideologia!
(OK.)
Isto é o que basicamente acontece. Pode ou não
acontecer sem a ajuda da União Soviética, mas as tendências naturais estão a
ser bastante aproveitadas e exploradas pelos sistemas de propaganda soviéticos.
Como? Sempre que um sindicato entra em greve, temos um influxo de propaganda,
meios de comunicação social, disseminação ideológica: «O direito dos
trabalhadores»! E repetimos, como papagaios: «Sim, o direito dos
trabalhadores». Direito de quem? Dos trabalhadores? Não! A única liberdade do
trabalhador — vender o seu trabalho de acordo com o seu próprio desejo e
vontade — é-lhe tirada! Por quem? Pelo chefe do sindicato. É dado poder
ilimitado, responsabilidade... Quero vender o meu trabalho, não por 2,50 à
hora, mas por 2 dólares. Eu não tenho o direito! A minha liberdade é-me negada.
Eu sei que se vender o meu trabalho por 2 dólares à hora e não por 3 dólares,
concorrerei melhor com o outro indivíduo, que é preguiçoso e mais ambicioso. Eu
não preciso de 3 dólares. Preciso apenas de 2 dólares. Não! Fui forçado a
acreditar pela comunicação social, pelas empresas, por agências publicitárias
que preciso de mais e mais e mais! Já viram alguma publicidade na TV para
consumir menos? Não! De modo nenhum! Se precisa de um carro de 6 cilindros ou
não, tem de comprá-lo e é já! Quando eu vinha a conduzir para cá, na estação de
rádio local um locutor empolgado disse: «Você, corra e economize, economize,
economize! Tem uma liquidação de pé-de-meia!» Economize, comprando mais!!
Claro, claro! Seria muito ingénuo esperar que o KGB obrigasse a agência
publicitária a fazer uma propaganda maluca dessas. Não, claro que não! Mas o
que fazíamos, quando eu trabalhava para a Novosti: Atolávamos editoras,
organizações estudantis, grupos religiosos, com literatura de luta de classes,
se não diretamente com propaganda marxista-leninista, então propaganda de
aspirações legítimas da classe operária: melhoria de vida, igualdade... Igualdade!
Vejam só! O Presidente Kennedy uma vez disse: «Povo, vamos fazer a América
acreditar que as pessoas nascem iguais!» As pessoas nascem iguais? Há alguma
menção na Bíblia ou em alguma outra escritura sagrada em qualquer religião?
Qualquer religião! Se não acredita em mim, vá para a biblioteca e procure. Não
há uma única palavra sobre igualdade! Mas o oposto: Pelas tuas ações, Deus te
julgará! O que você faz é importante: o mérito da sua personalidade. Você
não pode legislar igualdade. Se quer ser igual, você tem de ser igual! Tem
de merecer.
E ainda assim, construímos a nossa sociedade sobre
o princípio de igualdade. Vocês dizem: «As pessoas são iguais». Sabem que é
falso, é uma mentira! Algumas pessoas são altas e estúpidas; outras são baixas,
carecas e inteligentes. Algumas… Se as fazemos iguais à força, se colocarmos
o princípio da igualdade na base da nossa estrutura sociopolítica, é o mesmo
que construir uma casa na areia. Cedo ou tarde, ela vai desmoronar; e é
exatamente o que acontece.
E nós, propagandistas soviéticos, estamos a tentar
empurrar a vocês na direção em que vão sozinhos: «Igualdade, sim! Igualdade! As
pessoas são iguais! Terra das oportunidades iguais!» É verdade ou não? Pensem
bem! Oportunidades iguais. Deve haver oportunidades iguais? Para mim? E para um
safado preguiçoso que vem para cá, vindo de outro país, e imediatamente se
regista como recipiente, beneficiário de seguro? Eu nunca recebi um único
dól... Não, desculpem, recebi uma vez. Mas nunca requeri seguro. Por 13 anos,
aceitava qualquer emprego: segurança, jornalista, taxista, qualquer coisa!
Bem, eu fui muito ativo, mas algumas pessoas não
gostam disso. Então, porque deveríamos ter oportunidades iguais? Porquê? [«Oportunidade
igual de se destacar.»] Oportunidades iguais em circunstâncias iguais, sim,
mas vocês sabem que as pessoas são diferentes. Destacar-se, sim, supondo que
cheguemos ao mesmo nível de excelência, perfeição, que é um futuro distante
hipotético. Sim, talvez. Mas sabemos perfeitamente bem que, mesmo com as
melhores intenções, as pessoas não poderiam ser iguais. Porque deveríamos ter
igualdade no (digamos) sistema legal? Eu, que me considero um cidadão cumpridor
da lei, e uma pessoa que vem aqui para roubar e atirar? Digamos... O Governo
dos Estados Unidos, sob Carter, importou milhares de criminosos cubanos. Eram
criminosos conhecidos. Ainda assim, foram aceites. Acham justo que eu e a minha
esposa das Filipinas, que trabalha como (perdão!) cavalo como técnica de
laboratório no hospital, deveríamos ter os mesmos direitos que um criminoso de
Cuba? Porquê? E ainda assim, repetimos como papagaios: «Igualdade, igualdade,
igualdade!» E o sistema de propaganda soviética ajuda-nos a acreditar que
igualdade é algo desejável. A democracia, tal como foi estabelecida pelos
patronos deste país [os Estados Unidos], deste sistema, no século
passado [XIX], não é igualdade: é o sistema em que pessoas diferentes,
pessoas desiguais, têm sorte de sobreviver e de se ajudarem umas às outras, em
constante concorrência, em constante aperfeiçoamento, e não uma igualdade que é
imposta por um padrinho ou uma pessoa boazinha, em Washington DC. E a igualdade
absoluta existe na União Soviética. «Igualdade»: Toda a gente está igualmente
na lama, exceto algumas pessoas que são mais iguais que as outras, no
Politburo. (OK?)
Então, no momento em que vocês levam um país ao
ponto de quase total desmoralização, em que nada funciona mais, quando não
têm a certeza do que é certo ou errado, bom ou mau, quando não há divisão entre
o bem e o mal, quando até os líderes da Igreja dizem às vezes: «Bem,
violência em favor da justiça (especialmente justiça social) é justificável em
países como Nicarágua, El Salvador, (bem,) talvez Rodésia…» E escutamos isto e
dizemos: «É, provavelmente. É verdade.» É verdade? Não, não é verdade!
Violência não é justificável, especialmente em favor de «justiça social»
introduzida por marxistas-leninistas (que são meus ex-colegas da Agência
Novosti). (OK.)
Então, atingimos aquele ponto. O próximo passo é
desestabilização.
DESMORALIZAÇÃO >
DESESTABILIZAÇÃO
De novo, fala por si o que é: desestabilizar
todas as relações, todas as instituições e organizações aceites no país do seu
inimigo.
Como é que vocês fazem? Não têm de mandar um
batalhão de agentes do KGB para explodir pontes. Não! Vocês deixam-nos fazer
sozinhos! A área de aplicação é mais estreita agora. Não é como no caso
anterior. As ações abertas, legítimas, do KGB, neste caso, mal seriam
percetíveis. Não há crime se um professor que recentemente veio da União
Soviética introduz um curso de marxismo-leninismo numa universidade
californiana, por exemplo. Ninguém vai chegar à porta dele e dizer: «OK,
senhor. Venha. Está preso.» Não! Não é crime. Não é sequer considerado um crime
moral contra o seu país.
Então, a área de aplicação aqui estreita-se para:
1. Economia
(novamente, relações trabalhistas, certo?);
2. Para lei e
ordem e militares;
3. E, novamente, a comunicação
social, mas um pouco diferente. (Vou explicar depois.) (OK.)
Três áreas, basicamente.
Economia: A radicalização
do processo de negociação. Se naquela etapa ainda poderíamos atingir,
teoricamente, algum acordo positivo entre as partes negociantes, com (digamos)
introdução arbitrária de juízes de terceira parte, objetivamente julgando as
exigências de ambos os lados; aqui é radicalização. Na etapa de
desestabilização, não chegamos a um acordo nem dentro de uma família. O marido
e a mulher não poderiam descobrir o que é melhor: O marido quer que os filhos
comam à mesa, e a mulher quer que a criança corra pelo cómodo e derrube comida
pelo chão. Eles não chegam a um acordo, a não ser que comecem uma luta. É
impossível chegar a um acordo, um acordo construtivo entre vizinhos. Alguns
dizem: «Eu não gosto que você trabalhe na relva nesta hora porque exatamente
nesta hora ando a passear com o meu cachorro e ele fica nervoso e não consegue
passar as bolas». (Sabem?) Eles não entram em acordo: Vão para um tribunal ou
coisa assim.
Radicalização de relações humanas, sem mais acordo.
Luta, luta, luta! As relações normais tradicionalmente aceites são
desestabilizadas. As relações entre professores e alunos em escolas e
universidades: luta! As relações, na esfera económica, entre empregados e
patrões são mais radicalizadas: Não há mais aceitação da legitimidade das
exigências dos trabalhadores. Como os japoneses, com a teoria Z (se já ouviram
falar), em que trabalhadores estão envolvidos no processo de decisão, então
eles não têm incentivo moral para lutar contra os seus patrões. Nos Estados
Unidos, é justamente o oposto. Quanto mais difícil a luta, melhor, mais
heroicos eles parecem. Quando a rede Greyhound estava de greve, recentemente,
os correspondentes de emissoras de TV locais em todos os Estados Unidos
abordaram os grevistas, e estes diziam: «Ah, sim, estamos a fazer algo de
bom!». E pareciam heróis e tinham orgulho. Havia uma família: O marido era
motorista de autocarro e então eles tinham decidido, em protesto contra os
patrões, acampar em algum lugar da floresta. Foram apresentados à audiência como
uma gente heroica e boazinha. (Viram?)
Os embates violentos entre passageiros, piquetes e
os grevistas são apresentados como algo normal. 10, 15, 20 anos atrás,
ficaríamos nervosos, a dizer: «Porquê? Porquê tanto ódio?» Hoje, não. Dizemos:
«Bem: lugar-comum!» Radicalização, militarização às vezes, como expliquei
naquela etapa (adiantei-me um pouco): Pessoas baleadas! (OK.)
Lei e ordem, agora: Também é
empurrada para áreas em que as pessoas antes resolviam as suas diferenças
pacificamente e legitimamente. Agora, estamos a ficar com esses casos judiciais
nos casos mais irrelevantes. Não podemos mais resolver os nossos problemas. A
sociedade como um todo fica cada vez mais antagónica entre indivíduos, grupos
de indivíduos e a sociedade como um todo.
A comunicação social: Coloca-se em
oposição à sociedade em geral, como um todo, separada, alienada. (OK?)
Nesta etapa (lembram-se de que eu falava há umas duas horas atrás dos
adormecidos?), aí é quando os estudantes (digamos) dos Estados Unidos (se são
treinados na Universidade Lumumba) ou das nações em desenvolvimento (os
estudantes com que eu lidava) estão a ser mandados de volta da União Soviética
para aqui. Ou, se já estavam nos Estados Unidos, no país que é objeto da
subversão, partem para a ação! Os adormecidos acordam! Dormiram por 15 a 20
anos. Agora, tornaram-se líderes de grupos, pregadores, sei lá… pessoas
públicas. Agem proeminentemente. Incluem-se ativamente no processo político. De
repente, vemos um homossexual... Há 15 anos, ele fazia as sujeiras dele e
ninguém ligava, e agora ele faz disso uma questão política. Exige
reconhecimento, respeito, direitos humanos, e junta um grande grupo de pessoas:
o grupo dele e pessoas comuns. E há choques violentos entre ele e a polícia, o
grupo dele e pessoas comuns. Não importa o quê: São negros contra brancos,
amarelos contra verdes. Não importa onde está a linha divisória, desde que este
grupo entre em choque antagónico, às vezes militarmente, às vezes com armas de
fogo. Isto é o processo de desestabilização.
Os adormecidos (muitos dos quais
são simplesmente agentes do KGB) tornam-se líderes do processo de
desestabilização. Não quer dizer que o camarada Andropov mande o camarada
Ivanov para os Estados Unidos. A pessoa que toma conta já está aqui! É um
cidadão respeitado dos Estados Unidos. Às vezes, recebe dinheiro de várias
fundações para a sua luta legítima a favor de (sei lá!) direitos humanos,
direito das mulheres, kid-lib, prison-lib, seja o que for. Há americanos
simpatizantes que lhe doam o seu dinheiro!
DESMORALIZAÇÃO >
DESESTABILIZAÇÃO > CRISE
O processo de desestabilização, normalmente, leva
diretamente ao processo de crise. No caso de nações em desenvolvimento
(esta era a área em que eu era ativo), o processo começa quando os órgãos
legítimos de poder, a estrutura social, desmoronam, não podem funcionar mais. E
então nós temos órgãos artificiais injetados na sociedade; tais como comités
não eleitos (lembram-se de que eu falava deles aqui [na desmoralização]?);
assistentes sociais, que não são eleitos pelo povo; comunicação social, que são
os senhores autoinvestidos da sua opinião; alguns grupos estranhos, que alegam
que sabem como guiar a sociedade para a frente. Em geral, não sabem. Tudo o que
eles querem saber é como coletar doações e vender a sua própria ideologia
misturada, misto de religião e ideologia.
Aqui, temos todos estes órgãos artificiais exigindo
poder. Se o poder lhes é negado, tomam-no à força. No caso do Irão, por
exemplo, de repente tínhamos comités revolucionários. Quem? Quê? Que tipo de revolução?
Não havia revolução ainda, e ainda assim tinham comités! Tomavam o poder de
julgamento, tinham o poder de execução, tinham o poder de legislação, e tinham
o poder judicial, todos combinados numa pessoa, que é um intelectual de miolo
mole, às vezes formado em Harvard ou Berkeley. Ele volta para o seu país e acha
que sabe a solução para todos os problemas sociais e económicos. (OK.)
A crise é quando a sociedade não pode mais
funcionar produtivamente: desmorona. Obviamente, esta
é a palavra para crise. Portanto, a população como um todo anda a procurar
um salvador. Os grupos religiosos estão à espera de que venha um messias.
Os trabalhadores dizem: «Temos família para alimentar! Vamos ter um Governo
forte, talvez um Governo socialista, centralizado, onde alguém coloque os
patrões nos seus lugares e nos deixe trabalhar! Estamos cansados de greve e de
perder horas extra e todas essas coisas. Precisamos de um homem forte, Governo
forte! Um líder, um salvador, é necessário.» A população já está irritada e cansada.
E cá está: temos um salvador! Ou uma nação estrangeira vem; ou o grupo local de
esquerdistas, marxistas... não importa como eles se chamam: sandinistas,
reverendo, ou algum tipo... Bispo Muzorewa (como no Zimbabué)... Não importa.
Vem um salvador e diz: «Eu guiar-vos-ei!» Então, nós temos duas alternativas
aqui: guerra civil e invasão.
DESMORALIZAÇÃO >
DESESTABILIZAÇÃO > CRISE > Guerra Civil ou Invasão
(OK?)
Viram como funciona?
Guerra civil, sabemos o que é.
Líbano é o melhor exemplo: A guerra civil que foi artificialmente implantada no
Líbano por injeção de forças da OLP (Organização para Libertação da
Palestina).
Invasão, tivemos em vários
outros países como Afeganistão. Falem de qualquer país do Leste Europeu: foi
invadido pelo exército soviético.
Mas o resultado é o mesmo.
A próxima etapa é normalização.
DESMORALIZAÇÃO >
DESESTABILIZAÇÃO > CRISE > Guerra Civil ou Invasão > NORMALIZAÇÃO
Normalização é uma palavra muito irónica, é claro! É emprestada da situação de 1968, na Checoslováquia, quando a propaganda soviética e depois o New York Times declararam: «O país está normalizado». Os tanques chegaram a Praga; então, não há mais Primavera de Praga, não há mais violência... Normal. Normalização. Nesta etapa, os governantes autoinvestidos da sociedade não precisam de mais nenhuma revolução, não precisam de mais nenhum radicalismo. Então, este é o reverso da desestabilização; basicamente, é estabilizar o país à força.
Normalização é uma palavra muito irónica, é claro! É emprestada da situação de 1968, na Checoslováquia, quando a propaganda soviética e depois o New York Times declararam: «O país está normalizado». Os tanques chegaram a Praga; então, não há mais Primavera de Praga, não há mais violência... Normal. Normalização. Nesta etapa, os governantes autoinvestidos da sociedade não precisam de mais nenhuma revolução, não precisam de mais nenhum radicalismo. Então, este é o reverso da desestabilização; basicamente, é estabilizar o país à força.
Então, todos os adormecidos, e ativistas, e
assistentes sociais, e «liberais», e homossexuais, e professores, e marxistas,
e leninistas... são eliminados; fisicamente, às vezes. Já fizeram o serviço
deles. (OK?) Não são mais necessários. Os novos governantes precisam de estabilidade
para explorar a nação, para explorar o país, tirar vantagens da vitória. (OK?)
Então, chega de revolucionários, por favor!
E é exatamente isto o que acontece em vários
países. Lembram-se do Bangladesh? (Esta foi a crise na qual eu fui de utilidade.)
Primeiro, tinham Mujibur Rahman. Em 1971, ele era o líder do Partido do Povo, a
Liga Awami, com um bigode como Stalin. Esteve várias vezes na Rússia. Cinco
anos depois, foi baleado pelos seus ex-colegas marxistas. Cumpriu a sua função.
No Afeganistão, isto aconteceu 3 vezes. Primeiro, havia Taraki, depois Amin e
agora Babrak Karmal. Mataram-se sucessivamente, um após outro, no momento em
que um cumpria a sua obrigação; o primeiro desmoralizava o país, o segundo
desestabilizava, o terceiro levou-o à crise. Adeus, camarada. Pum! Babrak
Karmal vem de Moscovo e é colocado no poder. O mesmo aconteceu em Grenada,
recentemente. Maurice Bishop, marxista, foi morto por Austin (Como se chama?
General qualquer coisa), que também era marxista! (Certo?) Então, chega de
revoluções, por favor. Normalização, agora.
De agora em diante, chega de greves, chega de
homossexuais, chega de women-lib, chega de kid-lib, chega de lib.
Ponto final! Boa e sólida liberdade proletária democrática!... E
pronto.
Agora, para reverter este processo, é preciso um
esforço enorme. Quando, hoje, os Estados Unidos tiveram de invadir Grenada para
reverter o processo de subversão, algumas pessoas disseram: «Rapaz, isso não é
bom. Não é 'kosher' invadir um lindo país, a ilha de Grenada!». Ora,
porque não pararam o processo aqui [na desmoralização], quando
Grenada foi só abordada por esquerdistas? Porque não impedir que Maurice Bishop
chegasse sequer ao poder? Os grenadenses queriam-no? Muito questionável! Para
começar, não sabiam quem era Maurice Bishop. Ele mesmo chegou ao poder por um
golpe de Estado. (OK?) Mas não, deixamos a situação avançar cada vez mais até à
crise e à normalização muito em breve. E aí, os Estados Unidos decidem invadir
o país, descobrindo que o país era inteiramente uma base militar para a União
Soviética! Claro que é uma medida drástica! Claro que é uma pena que os
fuzileiros tivessem de perder (o quê?) 17 vidas. Muito mau. Porque não parar o
processo antes que chegue à crise? Ah, não! Os intelectuais não deixam! É
interferência em assuntos internos. Eles têm o máximo de cuidado em não deixar
o Governo americano interferir em assuntos internos de países
latino-americanos. Não ligam à União Soviética interferindo nestes assuntos.
Então, para reverter este processo daqui [normalização],
é necessária apenas e sempre ação militar. Nenhuma outra força na Terra pode
reverter este processo, neste ponto.
Neste ponto [crise], não é necessária
uma invasão militar pelo exército dos Estados Unidos. É necessária ação
vigorosa, como no Chile. Um envolvimento discreto da CIA, para impedir que o
salvador de fora chegue ao poder, e estabilizar o país antes que ele entre em
guerra civil. (OK?) Apoiar as forças conservadoras de direita, através de
dinheiro, bandidos ou lei, não importa! Estabilizem o país! Não deixem a crise
evoluir para guerra civil ou invasão! «Oh, não! — vão dizer os seus liberais —
é contra a lei! O Congresso não alocará dinheiro para ações secretas da CIA!»
Porque não? Devemos esperar até vir a normalização e os tanques soviéticos
aterrarem no aeroporto de Los Angeles?
Agora, neste ponto da desestabilização, o
processo também poderia ser revertido e de novo mais fácil que este! Nada de
envolvimento da CIA, neste ponto! Sabem o que é preciso aqui? Restrição de
algumas liberdades para pequenos grupos, que são inimigos autodeclarados da
sociedade. É simples, assim! «Oh, não!» — dirão os liberais da comunicação
social — «Isto é contra a constituição americana!» Como podemos? Negar à força
direitos civis a criminosos, por exemplo. «Não é bom!» (OK.) Então, permitimos
que eles... (OK.) Se permitem que os criminosos tenham direitos civis, vão em
frente e levem o país à crise. Deste modo, não há derramamento de sangue!
Limitem os direitos! Digo: não colocá-los na cadeia! Não estou a dizer para
colocar todos os gays de São Francisco num campo de concentração! Não permitam
que eles consigam poder político! Não os elejam para posições de poder, seja a
nível municipal, estadual ou federal. Tem de ser enfiado na cabeça de eleitores
americanos que uma pessoa como esta nas posições de poder é um inimigo! Não
temam esta palavra: É um inimigo! Se não for um inimigo aqui, será aqui. Mais
adiante, ele será fuzilado; é claro! Mas, neste ponto, ele é um inimigo. (OK?)
Vocês estarão a prestar um grande serviço, negando-lhe um direito de faturar em
cima das suas próprias ideias malucas e de se tornar um homem poderoso, um
homem que usa a sua posição de poder. Restrição de certas liberdades e de
permissividade naquele ponto impediriam de deslizar para a crise e,
provavelmente, reverteriam o processo de desestabilização. Restringir o poder
ilimitado, o poder monopolista dos sindicatos, neste ponto, salvaria a economia
do colapso. Introduzir uma lei para impedir empresas privadas de violarem a
mente da opinião pública na direção do consumismo. Nenhuma empresa deve ter o
direito de forçar a si a comprar mais, a não ser que você queira. Tem de haver
uma lei. Quer anunciar o seu carro? OK. Mas nenhuma menção a comprá-lo agora e
economizar dinheiro! Tem de ser contra a lei forçar as pessoas a consumirem
mais. Autorrestrição!
Anteriormente, antes de este processo começar, a
autorrestrição era um assunto da Igreja — religião —, porque os nossos
pregadores, os padres da Igreja, nos diriam: «Bens materiais são bons, mas não
é a função primária do ser humano, porque vocês têm de viver com algo!»
Obviamente, o desígnio da nossa vida não é consumir mais desodorizantes. Tem de
haver algo maior. Se tal instrumento complicado como o corpo humano foi criado,
obviamente deve haver algum propósito mais elevado para isto. E é bem fácil
evitar a desestabilização, negando às empresas ambiciosas uma pequena
liberdade: de forçar vocês a tornarem-se processadores de produtos e bens
indesejados. Eles transformam vocês em máquinas, como a minhoca, que tem
entrada e saída. Então, quanto tempo um eletrodoméstico médio dura hoje em dia?
Menos de um ano. Porquê? Onde está a qualidade? «Mas nós queremos que você
compre mais.» (OK.) O processo de desestabilização pode ser facilmente
vencido se (como digo) a sociedade, por vontade própria ou depois de
persuadida pelos líderes, chegar à ideia de autorrestrição. «É tão
difícil! Queremos consumir mais!» Mas têm a obrigação, a não ser que
queiram chegar a esta etapa em que, como dizemos na Rússia, se o deserto do
Saara se tornar um Estado comunista um dia, haverá racionamento de areia.
Então, vocês têm de limitar as suas expectativas neste ponto, antes que seja
tarde demais. Mas não, não queremos fazer isto.
O processo de desmoralização, de novo, é a
coisa mais fácil de reverter. Antes de tudo, restringindo a importação de
propaganda, a coisa mais fácil de fazer. Importação ilimitada, irrestrita, de
literatura soviética, jornalistas soviéticos; dar a propaganda soviética e a
agitadores ideológicos tempo igual na cadeia de TV americana — tem de ser
impedido! E é fácil. Eles não se ofenderão. (Vejam bem.) Na verdade, eles
respeitarão mais a América. Mas quando o meu ex-colega Vladimir Posner aparece
no Nighline, e Ted Koppel pergunta «Bem, Vladimir, o que pensa disso?» —
O que pode ele pensar?! É um instrumento de propaganda! Ele pensa o que o
camarada Andropov lhe manda pensar. É apenas um belo e articulado altifalante
do sistema de subversão soviético. E Ted Koppel faz-lhes acreditar que o meu
amigo Vladimir Posner pensa?!
O processo de desmoralização pode não ter começado
de forma alguma se, neste ponto, o país que é um recipiente de subversão
ativamente (não violentamente, mas ativamente) impede a importação de ideologia
estrangeira. Não quero que a América siga o modelo do Japão antigo. Vocês não
têm de atirar em todo o estrangeiro que se aproxime das fronteiras sagradas dos
Estados Unidos. Mas quando ele lhes oferece um bagulho disfarçado de algo bem
lustroso, vocês devem dizer-lhe: «Não. Nós temos o nosso próprio bagulho.» Se,
neste ponto, a sociedade for forte, corajosa e bastante consciente para parar a
importação de ideias que são estranhas, então toda a cadeia de eventos pode ser
evitada.
Estive recentemente nas Filipinas e fiquei chocado.
Como nas grandes cidades, como Manila, crianças escutam música ensurdecedora!
Uma nação melodiosa, com uma longa tradição de bela e boa música étnica
introduzida pelos espanhóis há muito tempo, talvez uns 2, 3 séculos atrás (não
me lembro), de repente, escutando lixo musical! Estourando os rádios a estouro
total, volume total! Porquê?
Na Índia, passei vários anos a ver a reação de
indianos saindo dos cinemas, depois de verem uma produção de Hollywood. Não
conseguiam entender por que os americanos são tão desperdiçadores, rebentam os
seus carros, os seus carros lustrosos, a cada 5 minutos. Como podem atirar uns
nos outros por meio milhão de dólares? É verdade que são tão obcecados por
sexo? Conseguem imaginar mostrar um filme onde a cada 5 minutos há uma cópula
na tela a um país como a Índia, um país com longa tradição de respeito nestes
assuntos particulares? Ou ao Paquistão?! E os Estados Unidos esperam que essas
pessoas vos respeitem? De modo nenhum. Ah, sim, eles verão o filme. Pagarão 5
rupias para ver aquele lixo, mas sairão [do cinema] e dirão aos seus filhos:
«Não respeitem os americanos. Não sejam como os americanos.» (Viram?)
Então, o processo de desmoralização pode ser
impedido bem aqui, tanto exportado como importado. E isto precisa de um passo,
uma coisa muito importante a fazer. Não têm de expulsar todos os agentes do KGB
de Washington DC. A solução mais difícil e ao mesmo tempo a mais simples
para a subversão é começar aqui [na fase de desmoralização] e antes
ainda, trazendo a sociedade de volta à religião, algo que vocês não podem
tocar, comer e vestir, mas algo que governa a sociedade e a faz mover e
preservar-se.
Um cientista soviético, Shafarevich, que não tem
nada a ver com religião (é um cientista da computação), fez um estudo muito
intenso na história de países socialistas. (Ele chamava socialista ou comunista
a qualquer país com uma economia centralizada e uma estrutura de poder
piramidal.) E descobriu (na verdade, não descobriu; apenas chamou à atenção dos
seus leitores) que civilizações como Mohenjo-Daro (nas regiões hindus
ribeirinhas), como o Egito, como os maias, os incas, como a cultura babilónica,
desmoronaram e desapareceram da face da Terra no momento em que perderam a
religião. Simples, assim. Desintegraram-se. Ninguém se lembra mais delas.
Bem, vagamente.
Então, as ideias movimentam a sociedade e
mantêm a humanidade como uma sociedade de seres humanos, agentes inteligentes e
morais de Deus. Os factos, a verdade, o conhecimento exato, talvez não. Toda a
tecnologia sofisticada e os computadores não impedirão a sociedade de se
desintegrar e, eventualmente, de desaparecer. Já conheceram alguma pessoa que
sacrificasse a sua vida, liberdade, por uma verdade como esta [2 x 2 = 4]?
Isto é verdade! Nunca encontrei uma pessoa que dissesse: «Isto é verdade e
estou pronto para defender a verdade. Atira em mim!»… Para defender a verdade.
(Certo?) Mas milhões sacrificaram as suas vidas, liberdade, conforto, — tudo! —
por coisas como Deus, como Jesus Cristo. É uma honra! Alguns mártires no campo
de concentração soviético morreram. E morreram em paz, ao contrário daqueles
que gritaram «Viva Stalin!», sabendo perfeitamente bem que ele podia não viver
muito.
Algo que é não-material movimenta a sociedade e
ajuda-a a sobreviver. E vice-versa: No momento em que nos voltamos para «dois
vezes dois é quatro», e fazemos disto um princípio-guia para a nossa vida,
nossa existência, morremos. Mesmo quando isto é verdade,
e isto, não conseguimos prová-lo; só o podemos sentir e ter fé. Então, a solução
para a subversão ideológica, estranhamente, é muito simples: Você não tem de
atirar nas pessoas, não tem de mirar mísseis, Pershings e mísseis de
cruzeiro no quartel-general de Andropov. Só tem de ter fé e evitar a subversão;
noutras palavras: não ser uma vítima da subversão. Não tente ser uma pessoa
que, no judo, tenta esmagar o adversário e é apanhada pela sua mão. Não golpeie
assim. Golpeie com o poder do seu espírito e superioridade moral. Se não tem
este poder, é a hora de desenvolvê-lo. E esta é a única solução.
Acabou. Obrigado!