Já ouvi falar muito sobre missões e sobre o chamado de Deus para espalhar o evangelho pelo mundo. Mas percebi que a palavra “missão” se tornou quase banal no meio cristão em geral. Muitos acreditam que fazer missões em países não cristãos miseráveis e abandonados pelas grandes potências econômicas, não passa de uma grande (e segura) aventura evangélica e um modo gratificante de massagear seu próprio ego e de se sentir indispensável para a obra do Senhor numa excursão cristã programada. Negligenciando as orações e os jejuns para confirmar tal chamado, é certo que apenas um curso formal de alguns meses não deixará a ninguém apto para os trabalhos missionários. Deus geralmente usa seus filhos que já estão mortos para a vida secular, desapegados do “eu” e vivos apenas para as coisas do céu. O pregador e missionário, Paul Washer, adverte que “nós só começaremos a ter zelo pelas missões quando começarmos a buscar a face de Deus. Quando estivermos conhecendo a Ele, o desejo que o Evangelho seja conhecido crescerá em nós. Se é por outra razão que procuramos por missão, nossa busca não passa de idolatria.” Washer afirma que “nós devemos buscar a Deus primeiro e as missões virão naturalmente. O Senhor usa indivíduos pequenos, arruinados, pecadores e débeis, para realizar Suas obras. Se Deus vai nos usar para missões, primeiro Ele será fiel em nos quebrantar em um milhão de pedaços e nos levar a uma debilidade que nem sequer sabíamos que existia, e quanto maior for a profundidade dessa debilidade e desse quebrantamento, mais veremos Seu poder.” Cristãos desavisados acham que as missões se tratam apenas de um passeiozinho num país africano ou asiático destruído pela fome, seca e violência, com as datas de ida e volta assegurada, com direito a filmar ou tirar algumas fotos para registrar sua boa ação e ainda sonhar com um certificado de missionário do ano. Creio que o homem para as missões já nasce com esse propósito e o Senhor vai lhe revelando isso aos poucos através de um doloroso tratamento de caráter. O verdadeiro missionário moldado por Deus quando vai em busca de seu destino, já está tão desapegado do mundo e de suas seduções, que ele simplesmente parte dependendo apenas do suprimento que vem dos céus, sabendo ainda que sua volta não estará assegurada. Tal experiência deve ser de tal forma magnífica e gratificante, que nada desse mundo poderia convencê-lo a desistir. Mal posso imaginar a glória que é depender exclusivamente do Senhor nas orações, através das quais vem o milagroso sustento, apesar das situações totalmente desfavoráveis. Só mesmo alguém cheio do Espírito Santo de Deus para suportar tantas provações em terras estranhas para a honra e glória do evangelho do Senhor Jesus Cristo. Um dos maiores missionários que já viveu na Terra se prestou dignamente para servir ao nosso Senhor na China no século XIX, como vários outros convocados por Deus, seu nome: James Hudson Taylor. Ele nos mostrou como obedecer e por em prática aquele versículo que está em Lucas 9.1-3, onde está escrito: “E, convocando os seus doze discípulos, deu-lhes virtude e poder sobre todos os demônios, para curarem enfermidades. E enviou-os a pregar o reino de Deus, e a curar os enfermos. E disse-lhes: Nada leveis convosco para o caminho, nem bordões, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas. E em qualquer casa em que entrardes, ficai ali, e de lá saireis.” Hudson Taylor foi um pioneiro nas missões pelo interior da China e graças ao seu trabalho, sempre na dependência do Senhor, cristãos chineses como Watchman Nee e John Sung e mais recentemente Irmão Yun, se levantaram em busca da realização de vontade de Deus: evangelizar a China; apesar de toda perseguição que sofreram e que muitos cristãos chineses até hoje experimentam naquele país comunista.
A fé de um homem de Deus pode ser medida pelo modo com que ele recebe e reage às suas provações. Hudson Taylor era essencialmente um homem de fé que dependia tanto da oração como do ar que respirava.
Biografia - Taylor nasceu em Barsley, Yorkshire, na Inglaterra no dia 21 de maio de 1832; seu pai, James Taylor, era um químico farmacêutico que freqüentava a igreja metodista, sua mãe, fervorosa cristã, se chamava Amelia Hudson. Seu pai sempre se preocupou com a condição espiritual da China, tanto que Hudson Taylor aos cinco anos de idade prometera a ele que ainda iria evangelizar na China. Mas na sua adolescência conturbada Hudson Taylor se afasta da igreja metodista influenciado pelos amigos. Mas sua mãe e sua irmã mantinham intercessão por ele em oração.
Assim, em 1849 (aos 17 anos) Hudson se voltou para Cristo ao ler um panfleto evangelístico escrito pelo próprio pai. De imediato se comprometeu a ir para China, como missionário. Assim procurou por Dr. Edward Cronin de Kensington do partido missionário Plymouth Brethren, onde Taylor teria sido doutrinado na fé e nos princípios missionários.
Na sua preparação Taylor leu e estudou o livro “China: Seu Estado e Perspectivas” de Walter Henry Medhurst, ao mesmo tempo em se inicia nos estudos das línguas mandarim, grego, hebreu e latim.
Seguro de sua missão se muda para o interior da Inglaterra, para o humilde vilarejo de Hull onde serviu como assistente para o Dr. William Hardey. Aproveitava seu tempo livre para pregar e distribuir panfletos entre os pobres e carentes da comunidade. Sempre na dependência do Senhor para suprir suas necessidades, procurava viver da forma mais simples possível e sem nenhum conforto, dormindo numa esteira e abrindo mão até dos ganhos do seu trabalho para doar aos mais necessitados do vilarejo a quem assistia. Neste ínterim mantinha contato com o professor Andrew Jukes do partido missionário de Hull. Visando ser mais útil nas missões na China, Hudson Taylor inicia um curso de medicina no Hospital Real de Londres.
Quando a Sociedade da Evangelização Chinesa (Chinese Evangelisation Society) surge graças a uns artigos equivocados de autoria de Karl Gutzlaff sobre uma possível receptividade da China ao cristianismo, o entusiasmado Hudson Taylor se oferece e é aceito para servir como o primeiro missionário da fundação.
Taylor partiu para China no navio cargueiro Dumfries no dia 19 de setembro de 1853, aos 21 anos. Ele ainda não havia terminado seu curso de medicina, interrompido por uma doença infecciosa que o deixou inabilitado por meses. Chegou a Xangai somente em 1º de março de 1854 após uma tumultuada viagem, deparando-se ainda com uma guerra civil em pleno andamento. Ao se aproximar de outros missionários ingleses que residiam na cidade de Xangai já invadida por rebeldes, percebeu que seus compatriotas estavam concentrando mais seu “trabalho” nas cidades da costa, onde se envolviam mais com o comércio e a política externa do que verdadeiramente com a evangelização e que havia uma grande carência de missão no interior do país.
Após uma difícil adaptação e certa dificuldade nos estudos para aprender a língua nativa e muitos planejamentos, Taylor começa seu trabalho missionário em 1855 em regiões próximas a Xangai, onde geralmente era recebido com desconfiança pela população, mesmo prestando serviços médicos. Percebendo que seus trajes ingleses causavam estranheza ao povo chinês, e que já lhe chamavam de “diabo preto” por causa do sobretudo que usava, resolveu adotar as vestimentas chinesas, conseguindo a partir disso se misturar entre a população sem causar muitos embaraços. Além disso, passou a usar óculos típicos chineses e tingiu seus cabelos claros de preto, entrelaçando neles um rabicho de cabelos postiços e trançados que caiam nas suas costas e também raspou os cabelos na fronte, comum para chineses da época. Sua estratégia de aproximação não teria agradado a organização missionária inglesa que o apoiava em Xangai. Taylor passou a ser ridicularizado pelos colegas, mas os ignorou e continuou seu trabalho distribuindo panfletos e partes das escrituras na cidade e proximidades. Ele também adotou um menino chinês chamado Hanban durante sua permanência na capital chinesa.
Graças à repercussão do seu trabalho, Taylor conhece o evangelista escocês William Chalmers Burns da Missão Presbiteriana Inglesa que proclamava em Shantou e se une a ele temporariamente. A dupla de missionários ingleses estava indo bem até que todos seus suprimentos médicos e materiais para evangelização foram destruídos num incêndio; a seguir, em outubro de 1856, Taylor foi saqueado enquanto atravessava a China perdendo quase todos seus pertences. Sua fé e perseverança estavam sendo testadas.
Taylor foi enviado para Ningpo no ano seguinte, lá recebeu uma carta do líder cristão George Muller que passou a supri-lo materialmente, o que o incentivou junto a seu atual parceiro John Jones a se desligarem da missão a qual serviam com pouca liberdade, passando ambos a trabalhar de forma independente numa nova missão que denominaram de “Missão Ningpo”. Na nossa fase missionária, receberam o apoio de quatro cristãos chineses: Ni Yongfa, Feng Ningui, Wang Laijun e Qiu Guogui.
Em 1858, aos 26 anos, Taylor se casa com a cristã órfã Maria Jane Dyer, filha do já falecido Reverendo Samuel Dyer da Sociedade Missionária de Londres e pioneiro no trabalho missionário em Penang, na Malásia. Hudson Taylor conheceu Maria em Ningpo, onde ela vivia e trabalhava para uma escola para meninas dirigida por Mary Ann Aldersey, uma das primeiras mulheres missionárias da China, mas que era contrária ao casamento devido à fama de rebelde adquirida por Taylor e sua missão independente.
Inicialmente o casal Taylor adotou um menino chamado Tianxi enquanto permaneciam em Ningpo. Tiveram um filho legítimo que faleceu pouco depois de nascer em 1859, e no ano seguinte nasceu a filha Grace, a quem Taylor idolatrava.
Os Taylors passaram a apoiar o Dr. William Parker na administração do Hospital em Ningpo, onde tratavam das doenças físicas e espirituais, mas devido a morte repentina da esposa do Dr. Parker, que teve que se retirar da China para cuidar dos filhos, o casal Taylor herda toda a administração do hospital, numa época de muitas provações para Hudson Taylor, que procurava se manter firme na fé e na certeza da providência divina.
Como sua saúde estava bastante debilitada, Taylor é convencido por Maria a retornar para Inglaterra no ano de 1860 para se tratar e descansar. Junto com o casal e a filha também foi Wang Laijun da igreja Bridge Street de Ningpo, que o ajudou com a tradução da Bíblia para o chinês durante a estadia na Inglaterra.
Taylor usou seu tempo de recuperação na Inglaterra para divulgar seu trabalho missionário na China, e contando com o apoio de Frederick Foster Gough da Sociedade Missionária da Igreja, finalizou a tradução do Novo Testamento no dialeto usado em Ningpo. Aproveitou também para concluir seu curso de medicina, já que era muito contestado por praticar a medicina sem ser formado, e ainda cumpriu um curso de obstetrícia no Hospital real de Londres. Com a supervisão de Maria escreveu o livro “China’s Spiritual Need and Claims” em 1865. O livro foi um importante gerador de simpatia pela China e atraiu voluntários para as missões.
Taylor percorreu a Grã-Bretanha pregando nas igrejas e clamando pelas necessidades do povo chinês. Ministrou também na Prisão de Newsgate, e nessa época conheceu e se tornou amigo do “príncipe dos pregadores”, Charles Spurgeon, que se tornou um patrocinador fiel das missões de Hudson Taylor por toda sua vida.
O segundo filho do casal Taylor, Herbert, nasceu em Londres em 1861. Logo após vieram Frederick, em 1862; Samuel, em 1864; e Jane, em 1865, que nasceu morta.
Em 25 de junho de 1865, em Brighton, Taylor funda uma nova sociedade destinada ao evangelismo nas áreas não alcançadas no interior da China, a China Inland Mission (CIM) ou MIC (Missão para o Interior da China), com o apoio de William Thomas Berger.
Em pouco menos de um ano, eles já contavam com 24 novos missionários e teriam levantado recursos consideráveis para o suprimento dos trabalhos.
Em 1866 Taylor publicou a primeira edição do livro “Occasional Paper of the China Inland Mission”, que posteriormente intitularam “China’s Millions” (Os Milhões da China).
Taylor resumiu assim a finalidade de sua sociedade missionária: “A China Inland Mission foi formada sob uma percepção profunda da necessidade urgente da China, e com um desejo sincero, constrangido pelo amor de Cristo e a esperança de Sua vinda, para obedecer ao comando de pregar o Evangelho a toda criatura. O seu objetivo é, pela ajuda de Deus, trazer aos chineses o conhecimento do amor salvador de Deus em Cristo, trabalhando no interior da China.”
Em 26 de maio de 1866, depois de mais de cinco anos trabalhando na Inglaterra, Taylor e sua família voltaram à China com sua nova equipe de missões, no navio Lammermuir. A viagem durou quatro meses e quando navegavam pelo mar do Sul da China no Oceano Pacífico, o navio enfrentou dois tufões e quase naufragou. Mas chegaram a salvo em Xangai no dia 30 de setembro de 1866.
Eles se estabeleceram em Ningpo e em Hangchow. Inicialmente o seu trabalho missionário começa alcançar o sul da província de Chekiang e 10 anos depois, o norte de Kiangsu, o este de Anhwei e o sudeste de Kingsi.
A seguir Hudson Taylor passa por um terrível período de provação em três anos, sua filha mais velha Gracie falece, posteriormente ocorre a morte de seu filho recém nascido, Samuel, e em julho de 1870, sua amada esposa e companheira de luta, Maria morre de cólera. Ela era uma essencial parceira para Taylor em todos os aspectos de sua vida como esposo e homem de Deus. E como ela mesma se declarou, a “mais intimamente instruída que qualquer outra pessoa com as provações, as tentações, os conflitos, as falhas, quedas e conquistas” do marido.
Mas Taylor tinha aprendido a descansar e aceitar os desígnios do Senhor e a não lutar com suas próprias forças: “Quero viver para deixar meu amado Salvador operar em mim a sua vontade, a minha santificação, pela sua graça. ‘Habitar nele’, não lutar e debater-me, erguer a ele os olhos; confiar nele para ter poder no presente; …descansar no amor do Salvador onipotente, no gozo de uma salvação completa ‘de todo pecado’ – isto não é novo, mas é novo para mim. Sinto como se o raiar de um glorioso dia viesse sobre mim. Saúdo-o com tremor, embora com confiança. Pareço ter chegado até a margem somente; porém, é a beira de um mar sem limites; só provei uma gota, mas de algo que satisfaz completamente. Cristo é literalmente tudo para mim, agora; o poder, o único poder para o serviço, o único fundamento para a alegria inalterável…” (Trecho extraído do livro O Segredo Espiritual de Hudson Taylor).
Em 1871, quando voltava para visitar os outros filhos que estavam na Inglaterra, Taylor reecontrou com uma grande amiga e missionária da MIC, Jennie Faulding, com quem casou-se em 1972. Eles tiveram dois filhos: um deles, Frederick Howard Taylor, foi biógrafo do pai e autor do famoso livro “O Segredo Espiritual de Hudson Taylor”. Jennie foi tão prestativa e amorosa quanto sua primeira esposa Maria, e cuidou do marido enfrentando injúrias e doenças. Ela editou o periódico China’s Millions da MIC e tinha um ministério especial entre as mulheres.
Entre 1876 e 1878 muitos novos missionários inspirados pelo trabalho de Taylor, vieram de várias partes do mundo ajudar na evangelização do interior da China. Nesse período , apesar de Taylor ser acometido por uma enfermidade na coluna que o deixou paralisado na cama por meses, não parou de enviar mais missionários para a obra do Senhor. Após muitas orações, Deus o curou milagrosamente e ele voltou a caminhar e trabalhar normalmente.
Em 1882, Hudson pediu ao Senhor em oração por mais 70 missionários, o que Deus fielmente proveu juntamente com o suporte para cada um deles. Em 1886 ele pede ao Senhor mais 100 missionários, Deus propicia a inscrição de 600 candidatos vindos da Inglaterra, Escócia e Irlanda. Em novembro de 1887, Hudson Taylor já havia selecionado os 100 missionários para o interior da China.
No final do século XIX, metade dos missionários na China pertencia à missão de Hudson Taylor.
Em outubro de 1888, após haver visitado os Estados Unidos e Canadá, Taylor retorna à China, acompanhado de sua esposa e mais 14 missionários. E continuou seu recrutamento nos 15 anos seguintes pela América, Europa e Oceania. Ele queria convocar agora mais de mil missionários.
De 1899 a 1900 é deflagrada a “Revolta dos Boxers” (ou Movimento Yijetauan) na China, que resultou na morte de milhares de cristãos chineses e centenas de missionários, incluindo 58 adultos e 21 crianças da MIC. Os boxers eram em grande parte fanáticos nacionalistas chineses participantes da seita dos “Punhos Harmoniosos e Justiceiros” que se opunha à expansão estrangeira e à corte Manchu. Os boxers acreditavam que com treino das artes marciais chinesas e rituais místicos poderiam se tornar invulneráveis às balas das armas de fogo das forças européias, norte-americanas e japonesas que dominavam e saqueavam comercialmente a china na época. O movimento começou na província de Shandong e tinha suas raízes na pobreza rural e no desemprego, cuja responsabilidade era atribuída às importações do Ocidente. A revolta foi contida em 1901 pelas tropas estrangeiras numa ação definitiva em Beijing com o apoio das forças do governo corrupto Manchu que não queria perder o poder da monarquia.
Hudson Taylor tinha regressado à Inglaterra pouco antes do caos tomar conta da China para tratar de sua saúde bastante debilitada e em seguida seguiu para a Suíça para se restabelecer, aonde apesar das terríveis notícias que chegavam sobre os massacres de missionários, ele chegou a comentar quase como o último fôlego sobre os terríveis acontecimentos: “Os reinos podem perecer, mas a Igreja de Jesus Cristo nunca pode ser destruída.”
O Sr. D. E. Hoste foi nomeado por Taylor como diretor geral e seu sucessor na MIC em 1902; este correspondeu a todas as expectativas, agindo sabiamente para resgatar a confiança perante às autoridades chinesas.
Após a turbulência passar, Hudson Taylor parecia pressentir que sua hora de encontrar o Senhor se aproximava, assim ele retorna ao país que tanto amou e permaneceu lá até falecer em Changsha, Hunan, em 03 de junho de 1905. Sua esposa Jennie já havia falecido na Suécia no ano anterior, e em companhia de seu filho Howard e esposa, Taylor retornava para sua terra querida onde visitou o cemitério de Yangchow, em Xangai, no qual sua primeira esposa Maria e quatro de seus filhos estavam sepultados e, numa tarde, ao se retirar para descansar, Hudson Taylor acordou deste sono nas mansões celestiais. Ele tinha 73 anos.
James Hudson Taylor deixou 250 pontos de missão, com 849 missionários ingleses e 125.000 cristãos chineses testemunhando o Evangelho do Senhor Jesus Cristo. A vida de Taylor é um impressionante testemunho de fidelidade à obra do Senhor e da história do evangelismo.
Como foi escrito, a voz que cinqüenta e dois anos atrás disse a Hudson Taylor: “Vai à China”, agora dizia: “Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco fostes fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor!”
Em 1949, os comunistas tomam a China, no ano seguinte começa a expulsão dos missionários da CIM e, em 1953, o êxodo forçado dos missionários é completo. Mas eles continuaram a evangelizar no Japão, Taiwan, Indonésia, Filipinas, Tailândia e Malásia. Mas a semente estava plantada no coração da China e, hoje, apesar da opressão comunista ao evangelho, a verdadeira igreja se multiplica ainda que na clandestinidade.
A MIC (Missão para o Interior da China) ou CIM (China Inland Mission) fundada por Hudson Taylor hoje se chama OMF (Overseas Missionary Fellowship).
Sobre Hudson Taylor e sua comunhão com Deus:
“...o segredo da vitória estava na comunhão diária, de cada momento, com Deus. Ele descobriu que isso só era possível manter com a oração secreta e o alimento da Palavra pela qual Deus se revela à alma que espera. Não foi fácil para ele, por causa da vida movimentada que levava achar tempo para a oração e estudo bíblico, mas ele sabia que era indispensável. O filho e a nora dele lembram-se de como viajaram com ele durante vários meses, no norte da China, de carroça e de carrinho de mão, parando em péssimas pensões à noite. Muitas vezes quando só havia um cômodo grande para os passageiros e também para os cules que os conduziam, era preciso fechar com qualquer espécie de cortina, um canto para o pai e outro para eles. E então, quando todos dormiam e havia um relativo silêncio, ouviam alguém riscar um fósforo e viam o lume incerto de uma vela. Era o Sr.Taylor, não obstante o cansaço, examinando os textos da pequena Bíblia em dois volumes que sempre tinha consigo. Das duas às quatro da madrugada era o horário que geralmente fazia isso; o horário em que melhor podia contar com sossego para esperar em Deus. Aquela chama da vela significava mais para eles do que tudo que já haviam lido ou ouvido sobre a oração secreta; significava a realidade, não da pregação, mas da prática. A parte mais difícil da carreira missionária, o Sr. Taylor mesmo verificou, é manter o estudo bíblico regular, feito com oração. ‘Satanás sempre há de achar algo para você fazer’, ele dizia, ‘quando você devia estar fazendo isto, mesmo que seja só acertar a cortina de uma janela.’ Ele teria endossado inteiramente estas palavras significativas: ‘Tome tempo. Dê tempo a Deus para se revelar a você. Dê a si mesmo tempo para estar quieto perante ele, esperando receber, através do Espírito, sua Palavra, para que dela você aprenda o que Deus lhe pede e o que lhe promete. Que a Palavra crie, à sua volta e no seu interior, um ambiente santo, uma luz santa celestial, na qual sua alma seja revigorada e fortalecida para os trabalhos da vida diária.’ (André Murray, no livro “The Secret of Adoration” – O Segredo da Adoração). Foi justamente por ter feito isso que a vida de Hudson Taylor era plena de gozo e poder, pela graça de Deus. Quando tinha mais de setenta anos de idade, parou um dia, com a Bíblia na mão, atravessando a sala em Lausanne, para dizer a um dos filhos: ‘Acabo de ler a Bíblia toda, hoje, pela quadragésima vez em quarenta anos.’ E ele não só a leu. Viveu-a.”
Um Ministro episcopal australiano de nome McArtney, que hospedou Hudson Taylor em Melbourne, testemunhou sobre ele:
“Foi essa a principal experiência que tive do Sr. Taylor. Você está apressado, afobado, aflito? Olhe para cima! Veja o Homem glorificado! Deixe que a face de Jesus brilhe sobre você – a face maravilhosa do Senhor Jesus Cristo. Ele está preocupado ou aflito? Nenhum cuidado enruga sua fronte, nenhuma sombra de ansiedade. Contudo, os assuntos são tanto dele quanto seus…” (Trecho extraído do livro O Segredo Espiritual de Hudson Taylor).
“O trabalho de Deus feito do modo de Deus nunca ficará sem o suprimento de Deus.” – Hudson taylor.
Por Eumário J. Teixeira