O que seria dos filmes de artes marciais sem o surgimento de Bruce Lee? Certamente o gênero não teria tamanha longevidade e sucesso de público. Talvez o que manteve o gênero ainda vivo nas telinhas foi justamente a expectativa do surgimento do sucessor de Bruce Lee, morto em 1973. Mas estamos em 2011, e a meu ver até hoje, ninguém esteve à altura do pequeno dragão. Alguns chegaram perto de ter um reconhecimento semelhante, mas não souberam se manter no topo e se perderam. A maioria dos candidatos à sucessão fizeram mais de uma dezena de filmes e não conseguiram convencer o público ávido por outro ídolo nas artes marciais. Se bem que quem foi fã de Bruce Lee e acompanhou sua curta carreira, jamais iria admitir que alguém pudesse destroná-lo.
Bruce Lee deixou apenas quatro filmes de artes marciais concluídos e um inacabado. Anteriormente aos filmes produzidos em Hong Kong, ele foi protagonista da série de TV norte-americana “O Besouro Verde” (The Green Hornet) no final dos anos de 1960, fazendo o papel de Kato, o ágil e saltitante parceiro do Besouro Verde (Van Williams). Só para comentar, a nova versão para o cinema de “O Besouro Verde” (2011) foi um lástima, aliás Hollywood ultimamente faz questão de destruir os clássicos dos quadrinhos e das telinhas.
Após Bruce Lee ter co-estrelado com sucesso em “O Besouro Verde” e em outra série de TV chamada “Longstreet” (com James Franciscus) e na qual teve ótimas participações apenas nos dois primeiros capítulos, ele foi simplesmente vetado para o principal de “Kung Fu”, uma série para TV famosa e idealizada inicialmente para o próprio Lee, que foi substituído pelo canastrão David Carradine, que além de ser um ator medíocre usaria suas habilidades de ‘dançarino’ para enganar nas cenas de lutas nos episódios com uma discreta ajuda de dublês. Ficou evidente que era um típico caso de discriminação racial por parte dos produtores norte-americanos.
O primeiro filme de Bruce Lee produzido pelos estúdios de Hong Kong foi “O Dragão Chinês” (The Big Boss) de 1971. O filme foi filmado sob condições precárias numa vila na Tailândia. Com uma produção barata, a película só se salva pela performance de Bruce Lee. Sua técnica, explosão e velocidade nos golpes eram inéditos para um público acostumado com um cinema ‘pastelão’ de Kung Fu onde as lutas pareciam intermináveis e sem definição. Foi um enorme sucesso de público em Hong Kong.
O segundo filme, “A Fúria do Dragão” (Fist Of Fury) iniciado em 1971 e concluído em 1972, foi filmado em Hong Kong com uma produção melhor. Bruce (com moral) pôde interferir nas coreografias das lutas e contou com a participação de seu amigo e karateca Bob Baker, que interpretou um famoso lutador russo. Lee demonstra sua perícia com o nunchaku pela primeira vez nas telonas. Foi outro estrondoso sucesso em toda a Ásia. O personagem de Lee está furioso e obcecado para vingar o assassinato de seu mestre, sua fúria é transmitida ao público a cada golpe desferido contra os alunos de academia japonesa.
O terceiro filme, “O Vôo do Dragão” (The Way Of The Dragon) de 1972, Bruce Lee foi o responsável pelo roteiro, direção e coreografia das cenas de luta, além de ser o protogonista. Um dos trunfos do filme foi a participação de dois lutadores de artes marciais campeões dos EUA, Bob Wall e Chuck Norris, assim como da participação do coreano Wang Ing Sik (em coreano Hwang In-Sik), mestre de Tang Soo Doo. Neste filme Bruce protagoniza uma cena clássica utilizando dois nunchakus ao mesmo tempo. O clímax de “O Vôo do Dragão” é sem dúvida o duelo final entre Lee e Chuck Norris no coliseu em Roma, a coreografia da luta é tida como uma das mais belas já feitas no cinema. O filme é temperado com cenas de humor com as quais Bruce queria direcionar diretamente ao público asiático.
O quarto filme seria “O Jogo da Morte” (The Game Of Death), que foi começado a ser filmado ainda em 1972; era um projeto pessoal de Bruce Lee. A idéia central do enredo era demonstrar que todo artista marcial deveria se adaptar às circunstâncias mesmo que muito desfavoráveis. No filme o personagem de Lee teria que invadir um pagode de estilo coreano, e enfrentar em cada pavimento um adversário com um estilo de luta diferente. No esboço original Whang Ing Sik (mestre coreano Tang Soo Doo e de Hapkidô) guardaria o primeiro andar; Taki Kimura (amigo e aluno de Lee) guardaria o 2º andar; Dan Inosanto (mestre das armas brancas filipinas e amigo de Lee) ficaria com o 3º andar; Ji Han Jae (mestre introdutor do Hapkidô nos Eua) estaria no 4º andar; e finalmente o gigante Karren Abdul Jabbar (profissional de basquete e ex-aluno de Lee) seria o último adversário no 5º andar. Ele chegou a deixar gravados alguns ensaios de lutas ainda não definitivos para o filme. Um dos confrontos que chegou às telas foi o que Bruce enfrenta seu parceiro filipino Danny Inosanto, que representava um mestre no nunchaku e bastões duplos. O duelo entre os dois com nunchakus é um clássico do gênero. O outro duelo exibido foi contra mais um amigo de treinamento, Han Jae Ji, mestre de Hapkidô responsável pela divulgação do estilo nos EUA. E para finalizar Lee enfrenta literalmente um grande obstáculo, o gigante Kareen Abdul Jabbar, de mais de 2 metros de altura. Jabbar foi aluno de Bruce Lee em Seattle e era campeão de basquete pelos Lakers nos EUA. A luta foi outra aula de técnica e criatividade de Bruce Lee. Mas Bruce não concluiu as filmagens, foi chamado às pressas para os EUA por Hollywood que acabou por se render ao talento do “pequeno dragão”, eles tinham um projeto mais ambicioso para Bruce Lee. ‘O Jogo da Morte” seria lançado oficialmente em 1978, com montagens absurdas, tais como closes de Lee em filmes anteriores, dublês e sósias de Bruce filmados com enormes óculos escuros encobrindo o rosto, filmagens em ângulos que dificultassem o close dos sósias, e atores que chegaram a contracenar com Bruce em outros trabalhos como Dan Inosanto e Bob Wall. Mas vale a pena ver pelas cenas finais originais com Lee trajando seu lendário macacão amarelo e enfrentado Dan Inosanto, Han Jae Ji e Kareen Abdul Jabbar. Anos mais tarde foi lançado um documentário chamado “A Jornada de um Guerreiro” (Warrior’s Journey) que trata justamente deste projeto inacabado por Bruce Lee, com suas idéias e esboços para o filme, cenas inéditas de ensaios de lutas com outros participantes para “O Jogo da Morte”.
Mas foi “Operação Dragão” (Enter The Dragon) de 1973, que se tornou o quarto e definitivo filme de Bruce Lee. É até hoje considerado o clássico insuperável dos filmes de artes marciais. Bruce Lee era o protagonista mas teve que dividir o estrelato com os norte-americanos John Saxon e Jim Kelly. As cenas de luta foram todas coreografadas por Lee. John Saxon não se comprometeu, teve boa participação dentro de suas limitações como artista marcial; Jim Kelly com sua cabeleira black power, se destacou com seu karate nada ortodoxo, mas certamente graças à supervisão de Lee. No filme Bruce Lee dá uma demonstração jamais vista nas telas de manuseio de armas brancas, nunchaku, bastões filipinos, e bastão longo (bo). Outros participantes ilustres do filme como vilões, foram Bolo Yeung (como Bolo), praticante de Karatê; Sammo Hung (que fez a primeira cena de luta do filme contra Lee), o experiente em filmes de Kung Fu; Shih Kien (como Mr. Han), um ator veterano de Hong Kong e praticante de estilo tradicional de Kung Fu; e novamente Bob Wall (como O’Hara). Operação foi um sucesso sem igual, na Ásia, Europa e EUA, Bruce Lee estava consagrado. Mas Deus não permitiu que ele usufruísse desse sucesso em vida. Pouco antes do lançamento do filme, Lee falecia em 20 de julho de 1973, deixando um público enorme de fãs espalhados no mundo inteiro. Quem poderia imaginar que Bruce Lee era um mero mortal?
Começou-se então a procura do sucessor do Rei do Kung Fu, vários surgiram de todos os cantos, a maioria tentando imitá-lo em vão. Até hoje se tenta achar alguém. É como tentar achar o novo Pelé, o novo Muhammad Ali, o novo Jimi Hendrix, etc. Bruce sempre vai ser a referência para se julgar algum artista marcial.
A seguir alguns candidatos que já tentaram (em vão) tomar o trono do inimitável, invencível, tranqüilo e infalível Bruce Lee.
Bruce Lee deixou apenas quatro filmes de artes marciais concluídos e um inacabado. Anteriormente aos filmes produzidos em Hong Kong, ele foi protagonista da série de TV norte-americana “O Besouro Verde” (The Green Hornet) no final dos anos de 1960, fazendo o papel de Kato, o ágil e saltitante parceiro do Besouro Verde (Van Williams). Só para comentar, a nova versão para o cinema de “O Besouro Verde” (2011) foi um lástima, aliás Hollywood ultimamente faz questão de destruir os clássicos dos quadrinhos e das telinhas.
Após Bruce Lee ter co-estrelado com sucesso em “O Besouro Verde” e em outra série de TV chamada “Longstreet” (com James Franciscus) e na qual teve ótimas participações apenas nos dois primeiros capítulos, ele foi simplesmente vetado para o principal de “Kung Fu”, uma série para TV famosa e idealizada inicialmente para o próprio Lee, que foi substituído pelo canastrão David Carradine, que além de ser um ator medíocre usaria suas habilidades de ‘dançarino’ para enganar nas cenas de lutas nos episódios com uma discreta ajuda de dublês. Ficou evidente que era um típico caso de discriminação racial por parte dos produtores norte-americanos.
O primeiro filme de Bruce Lee produzido pelos estúdios de Hong Kong foi “O Dragão Chinês” (The Big Boss) de 1971. O filme foi filmado sob condições precárias numa vila na Tailândia. Com uma produção barata, a película só se salva pela performance de Bruce Lee. Sua técnica, explosão e velocidade nos golpes eram inéditos para um público acostumado com um cinema ‘pastelão’ de Kung Fu onde as lutas pareciam intermináveis e sem definição. Foi um enorme sucesso de público em Hong Kong.
O segundo filme, “A Fúria do Dragão” (Fist Of Fury) iniciado em 1971 e concluído em 1972, foi filmado em Hong Kong com uma produção melhor. Bruce (com moral) pôde interferir nas coreografias das lutas e contou com a participação de seu amigo e karateca Bob Baker, que interpretou um famoso lutador russo. Lee demonstra sua perícia com o nunchaku pela primeira vez nas telonas. Foi outro estrondoso sucesso em toda a Ásia. O personagem de Lee está furioso e obcecado para vingar o assassinato de seu mestre, sua fúria é transmitida ao público a cada golpe desferido contra os alunos de academia japonesa.
O terceiro filme, “O Vôo do Dragão” (The Way Of The Dragon) de 1972, Bruce Lee foi o responsável pelo roteiro, direção e coreografia das cenas de luta, além de ser o protogonista. Um dos trunfos do filme foi a participação de dois lutadores de artes marciais campeões dos EUA, Bob Wall e Chuck Norris, assim como da participação do coreano Wang Ing Sik (em coreano Hwang In-Sik), mestre de Tang Soo Doo. Neste filme Bruce protagoniza uma cena clássica utilizando dois nunchakus ao mesmo tempo. O clímax de “O Vôo do Dragão” é sem dúvida o duelo final entre Lee e Chuck Norris no coliseu em Roma, a coreografia da luta é tida como uma das mais belas já feitas no cinema. O filme é temperado com cenas de humor com as quais Bruce queria direcionar diretamente ao público asiático.
O quarto filme seria “O Jogo da Morte” (The Game Of Death), que foi começado a ser filmado ainda em 1972; era um projeto pessoal de Bruce Lee. A idéia central do enredo era demonstrar que todo artista marcial deveria se adaptar às circunstâncias mesmo que muito desfavoráveis. No filme o personagem de Lee teria que invadir um pagode de estilo coreano, e enfrentar em cada pavimento um adversário com um estilo de luta diferente. No esboço original Whang Ing Sik (mestre coreano Tang Soo Doo e de Hapkidô) guardaria o primeiro andar; Taki Kimura (amigo e aluno de Lee) guardaria o 2º andar; Dan Inosanto (mestre das armas brancas filipinas e amigo de Lee) ficaria com o 3º andar; Ji Han Jae (mestre introdutor do Hapkidô nos Eua) estaria no 4º andar; e finalmente o gigante Karren Abdul Jabbar (profissional de basquete e ex-aluno de Lee) seria o último adversário no 5º andar. Ele chegou a deixar gravados alguns ensaios de lutas ainda não definitivos para o filme. Um dos confrontos que chegou às telas foi o que Bruce enfrenta seu parceiro filipino Danny Inosanto, que representava um mestre no nunchaku e bastões duplos. O duelo entre os dois com nunchakus é um clássico do gênero. O outro duelo exibido foi contra mais um amigo de treinamento, Han Jae Ji, mestre de Hapkidô responsável pela divulgação do estilo nos EUA. E para finalizar Lee enfrenta literalmente um grande obstáculo, o gigante Kareen Abdul Jabbar, de mais de 2 metros de altura. Jabbar foi aluno de Bruce Lee em Seattle e era campeão de basquete pelos Lakers nos EUA. A luta foi outra aula de técnica e criatividade de Bruce Lee. Mas Bruce não concluiu as filmagens, foi chamado às pressas para os EUA por Hollywood que acabou por se render ao talento do “pequeno dragão”, eles tinham um projeto mais ambicioso para Bruce Lee. ‘O Jogo da Morte” seria lançado oficialmente em 1978, com montagens absurdas, tais como closes de Lee em filmes anteriores, dublês e sósias de Bruce filmados com enormes óculos escuros encobrindo o rosto, filmagens em ângulos que dificultassem o close dos sósias, e atores que chegaram a contracenar com Bruce em outros trabalhos como Dan Inosanto e Bob Wall. Mas vale a pena ver pelas cenas finais originais com Lee trajando seu lendário macacão amarelo e enfrentado Dan Inosanto, Han Jae Ji e Kareen Abdul Jabbar. Anos mais tarde foi lançado um documentário chamado “A Jornada de um Guerreiro” (Warrior’s Journey) que trata justamente deste projeto inacabado por Bruce Lee, com suas idéias e esboços para o filme, cenas inéditas de ensaios de lutas com outros participantes para “O Jogo da Morte”.
Mas foi “Operação Dragão” (Enter The Dragon) de 1973, que se tornou o quarto e definitivo filme de Bruce Lee. É até hoje considerado o clássico insuperável dos filmes de artes marciais. Bruce Lee era o protagonista mas teve que dividir o estrelato com os norte-americanos John Saxon e Jim Kelly. As cenas de luta foram todas coreografadas por Lee. John Saxon não se comprometeu, teve boa participação dentro de suas limitações como artista marcial; Jim Kelly com sua cabeleira black power, se destacou com seu karate nada ortodoxo, mas certamente graças à supervisão de Lee. No filme Bruce Lee dá uma demonstração jamais vista nas telas de manuseio de armas brancas, nunchaku, bastões filipinos, e bastão longo (bo). Outros participantes ilustres do filme como vilões, foram Bolo Yeung (como Bolo), praticante de Karatê; Sammo Hung (que fez a primeira cena de luta do filme contra Lee), o experiente em filmes de Kung Fu; Shih Kien (como Mr. Han), um ator veterano de Hong Kong e praticante de estilo tradicional de Kung Fu; e novamente Bob Wall (como O’Hara). Operação foi um sucesso sem igual, na Ásia, Europa e EUA, Bruce Lee estava consagrado. Mas Deus não permitiu que ele usufruísse desse sucesso em vida. Pouco antes do lançamento do filme, Lee falecia em 20 de julho de 1973, deixando um público enorme de fãs espalhados no mundo inteiro. Quem poderia imaginar que Bruce Lee era um mero mortal?
Começou-se então a procura do sucessor do Rei do Kung Fu, vários surgiram de todos os cantos, a maioria tentando imitá-lo em vão. Até hoje se tenta achar alguém. É como tentar achar o novo Pelé, o novo Muhammad Ali, o novo Jimi Hendrix, etc. Bruce sempre vai ser a referência para se julgar algum artista marcial.
A seguir alguns candidatos que já tentaram (em vão) tomar o trono do inimitável, invencível, tranqüilo e infalível Bruce Lee.
1 - Jackie Chan (Chan Kong-Sang) – Chinês de Hong Kong e nascido em 1954, Jackie inicialmente se preparou para a carreira artística na Ópera de Pequim, onde desenvolveu seus dotes para acrobacia principalmente. Estudou os estilos de Kung Fu tradicionais como Shaolin do Norte, Punho do Bêbado, Estilo do Macaco e Wing Chun e formas do Wu Shu (Kung Fu) moderno. Começou a trabalhar no cinema como dublê, inclusive em dois filmes de Bruce Lee, “A Fúria do Dragão” e “Operação Dragão”. Após a morte de Bruce Lee chegou a ser apontado como seu provável sucessor, apesar de Jackie sempre desconversar sobre isso dizendo que sua proposta para os filmes de artes marciais era o oposto ao de Lee, já que ele (Jackie) tendia mais para a comédia. E dentre quase duas dezenas de filmes realizados por Jackie Chan, poucos merecem ser lembrados em se tratando de artes marciais, como “O Mestre Invencível” (The Drunken Boxer). Jackie tinha carisma e talento, mas não tinha em seu íntimo o desejo de se aperfeiçoar como lutador, valorizava mais o seu lado acrobata e cômico; ele, a meu ver, pecou por isso. E mesmo após mudar-se para os EUA onde teve todo o aparato de Hollywood a seu favor, não conseguiu realizar nada que causasse impacto no mundo dos filmes de Artes Marciais.
2 - Yazuaki Kurata – Também conhecido como David Kurata, é japonês e nascido em 20 de março de 1946, sendo mestre em Karate (5º dan), Judô (3º dan) e Aikidô (2º dan), um autêntico artista marcial. Estudou a arte de representar na Universidade de Nihon e Escola de Teatro Toei. Seu primeiro trabalho como ator foi em 1960, mas como participante de filmes de artes marciais foi em 1971 em Hong Kong, pela Shaw Brothers. Inicialmente fazia os papéis como vilão (japonês de preferência), e aos poucos estreou como protagonista em outras películas, já que ninguém podia negar sua capacidade técnica como lutador e seu rosto de galã (uma espécie de Alain Delon Japonês). É difícil se lembrar de algum filme de Kurata como protagonista que valha a pena, mas nos que trabalhou como ator coadjuvante representando um expert em artes marciais japonesas ele realmente se destacou; como "The Mad, The Mean, and the Deadly", "A Vingança Final" (Blood Fight) e em “Matar ou morrer” (Fist of Legend) estrelado por Jet Li, que foi um remake de “A fúria do Dragão” de Bruce Lee. Outro filme no qual ele se destacou como um mestre japonês de artes marciais foi no filme “Heróis do Oriente” (Heroes Of The East) que teve como protagonista o ator chinês Gordon Liu. Talvez a formação ortodoxa que obteve no budô japonês prejudicasse à Kurata na sua busca para alcançar o posto vago de Bruce Lee que era dono de uma condição técnica e criativa surpreendentes, como renováveis e independentes de qualquer estilo tradicional.
3 - Sonny Chiba (Sadaho Maeda) – Nascido em 2 de janeiro de 1939 em Fukuoka, no Japão. Talvez a melhor resposta japonesa ao fenômeno Bruce Lee. Seu estilo de lutar nas telas era baseado no Karatê Kyokushin de seu mestre Masutatsu Oyama. Chiba não tinha em seus movimentos a plasticidade e elegância de Bruce lee mas tinha intensidade, fúria e explosão. Ele realmente era adorado pelos fãs japoneses e alcançou o reconhecimento fora do seu país. Ao contrário dos outros pretendentes, ele realizou filmes memoráveis pela Toei Film Studio, vale destacar “Street Fighter” e “O Retorno de Street Fighter” em 1974, e a trilogia que fez sobre a vida e obra de Mas Oyama, “Karate Bullfighter” (O Campeão da Morte); “Karate Bearfighter” em 1975 e “Karate for Life” em 1977. Seus filmes são cult em todo mundo, principalmente para praticantes de Karatê japonês, principalmente do estilo Kyokushin. Além disso Chiba é realmente formado em Karate Kyokushin (4º dan), Ninjitsu (4º dan); Karate Goju-Ryu (2º dan); Judô (2º dan); Kendo (1º dan) e Shorinji Kempo (1º dan). Ele teve uma participação especial no filme “Kill Bill” de Quentin Tarantino, no qual representa um mestre fabricante de katana (espada de samurai). Aliás tanto Bruce Lee como Sonny Chiba foram referências para a formação de cineasta de Tarantino. Creio que Sonny Chiba nunca cobiçou o trono de Lee, pois ele conquistou seu próprio espaço com carisma, garra, talento e personalidade.
4 - Alexander Fu Sheng (Chan Fu-Sheng) – Nascido em Hong Kong no dia 20 de outubro de 1954. Foi um dos maiores ídolos de filmes de Artes Marciais produzidos pela Shaw Brothers de Hong Kong, principalmente os da série de Shaolin. Fu Sheng fazia parte de uma equipe de ouro de atores e artistas marciais inesquecíveis como Chen Kuan-Tai, David Chiang, Ti Lung e Chi Kuan-Chun. Talvez pudesse se rivalizar com Bruce Lee em Hong Kong no que se diz respeito à sua popularidade. Fu Sheng, era jovem, charmoso e carismático e fazia sucesso com as garotas. Curiosamente como Bruce Lee em sua adolescência, Sheng era inquieto, ia mal na escola e participava frequentemente de brigas de rua. Nesse período em que vivia no Hawai com seus pais aprendeu inicialmente Judô e Karatê japoneses. Anos mais tarde de volta à Hong Kong, sua desenvoltura chamou a atenção de um diretor de filmes. Este o levou a treinar Kung Fu tradicional com Lau Kar-Ling por 6 meses e logo Sheng começaria a se destacar dos demais. Seus filmes mais famosos e que o levaram ao estrelado são “Heroes Two” (Dois Heróis de Shaolin), “Shaolin Matial Arts” (Artes Marciais de Shaolin) e “Five Shaolin Masters” (Cinco Mestres de Shaolin) todos de 1974; “Disciples Of Shaolin” (Discípulos de Shaolin) de 1975; “The Shaolin Avengers” (A Vingança de Shaolin) e “Shaolin Temple” (Templo de Shaollin) de 1976. Ironicamente após comprar a casa onde Bruce Lee morou em Kowlon, um bairro de Hong Kong, Fu Sheng é vítima de um acidente numa curva em seu Porsche 911 Targa dirigido por seu irmão. Era 7 de julho de 1983, Sheng tinha apenas 28 anos. Praticamente 10 anos após a morte de Bruce Lee que ocorreu em 20 de julho de 1973. Seus personagens nos filmes eram sempre brincalhões, imaturos e rebeldes, mas tremendamente ágeis e mortais quando provocados.
5 - Sammo Hung (Sammo Hung Kam-Bo) – Nasceu em Hong Kong em 07 de janeiro de 1952, atualmente é além de ator, diretor e produtor de filmes de artes marciais. Sammo é um dos artistas mais populares de Hong Kong devido à sua imensa filmografia. Sammo trabalhou em quase uma centena de filmes como dublê, ator coadjuvante e protagonista, nos quais interpretou vilões e mocinhos atrapalhados, mas bons de briga. Sua agilidade impressiona considerando que sempre ostentou uns quilos à mais, contrastando com os demais concorrentes ao estrelato em Hong Kong. Seu excesso de peso não comprometia sua performance, o que não pode se dizer de Steve Seagal. Mas sua simpatia, carisma e bom humor cativaram seu público fiel. Seus incontáveis filmes infelizmente não merecem ser lembrados, apenas algumas de suas participações como coadjuvante como em “Operação Dragão” no qual enfrenta Bruce Lee na primeira cena de luta do filme, o que o tornou mais conhecido. Participou também da montagem que realizaram com as cenas deixadas por Lee e que culminou no “Jogo da Morte” em 1978. Sammo Hung enfrenta e é derrotado por um lutador profissional representado por Bob Wall. No mesmo ano ele faria uma paródia de “Operação Dragão”, que foi “Operação Dragão Gordo” (Enter The Fat Dragon) de 1978, nada que se pudesse levar à sério, apesar de boas lutas. Conquistou o público norte-americano pouco exigente numa série policial para a TV, no qual faz o papel de um detetive de origem chinesa. Recentemente teve ótima participação em “Yip Man-2” (2010), filme estrelado por Donnie Yen (sobre o mestre de Wing Chun e instrutor de Bruce Lee na adolescência). E se Jackie Chan não levou à sério a conquista do trono vago por Bruce Lee, por que Sammo Hung o Faria?
6 – Jim Kelly (James M. Kelly) – Um legítimo representante do movimento black power nos anos de 1970, pelo menos no visual. Nasceu em Paris, mas não na França, mas no estado de Kentucky nos EUA em 05 de maio de 1946. Cheio da ginga negra tal como Muhammad Ali, adotou o karate japonês, precisamente o estilo Shorin-Ryu, como sua arte marcial preferida e foi campeão internacional em torneio de Karate (pesos-médios) realizado em Long Beach, na Califórnia, em 1971. Ficou conhecido após sua muito boa participação no filme “Operação Dragão” de 1973 com o personagem Mr. Williams. Tem um carisma natural, é elegante e foi muito bem dirigido por Bruce Lee nas cenas de luta. Tanto é que após tentar a sorte como protagonista em “The Black Belt Jones” (O Faixa Prêta Jones) pode-se notar que ele não era aquilo tudo que deixou transparecer em “Operação Dragão”, apesar de Black Belt Jones ser um bom filme de ação e com boas lutas até em slow motion. Jim Kelly até que se saiu bem na sua estréia como o blackman do karate, mas a sua seqüência de filmes caiu assustadoramente principalmente na qualidade e credibilidade nas cenas de combate. O fantasma de Bruce Lee ainda o assustava.
7 – Chuck Norris (Carlos Ray Norris, Jr.) – Nascido em 10 de março de 1940 na cidade de Ryan no estado de Oklahoma. Com seus 1,78m, Chuck treinou até atingir o grau máximo na arte marcial coreana Tang Soo Doo. Chegou a criar um estilo próprio de arte marcial o Chun Kuk Do. Adquiriu certa fama no circuito das artes marciais nos anos de 1960 devido aos seus chutes circulares. Chuck Norris gaba-se de ter “passado” algumas de suas técnicas de chutes para Bruce Lee, se for verdade ele não contava que Bruce o superasse posteriormente na técnica e velocidade ao desferir tais golpes com os pés. Norris adquiriu popularidade internacional ao participar do filme “O Vôo do Dragão” de Lee, onde os dois travam um combate sensacional no coliseu de Roma numa coreografia clássica de mais ou menos 10 minutos. No confronto que foi dirigido pelo próprio Bruce Lee, fica claro a diferença técnica entre os dois. Apesar de Norris ser um campeão consecutivo em torneios de artes marciais (sem contato) nos EUA, sua técnica fica a desejar ao compará-lo com o Pequeno Dragão. Bruce demonstra uma graça e leveza técnicas aliados a uma velocidade incrível ao desferir seus golpes, que deixa Norris pasmado como um amador. Com a morte de Lee, Norris que já tinha alguma experiência como “ator” foi outro que se aventurou a fazer filmes de artes marciais. A culpa foi de Bruce, foi ele quem criou o “monstro”. Os filmes de Norris eram claramente dirigidos ao público americano patriota, geralmente seus personagens eram veteranos de guerra que adentravam sozinhos nas sombrias selvas vietnamitas para salvar prisioneiros de guerra norte-americanos dos terríveis comunas vietcongs, era o nascimento de “Braddock”, uma espécie de Rambo numa embalagem menor. Posso citar como bons filmes de Norris, “Lobo Solitário Mcquade” (Lone Wolf Mcquade) de 1983 e “O Código do Silêncio” (Code Of Silence) de 1985. Um outro personagem de Chuck que fez sucesso por lá foi do “Texas Ranger” chamado Walker que rendeu uma longa série para TV nos anos de 1990, e dá-lhe muitos tiros mesclados com alguns chutes e saltos sensacionais. E apesar de parecer repetitivo às vezes com seu arsenal limitado de golpes, Norris tinha valor para os fãs norte-americanos, apesar de ainda ser um péssimo ator. A meu ver Norris foi um dos maiores “canastrões” dos filmes de artes marciais, sem querer ofender a pessoa, é claro. Mas ainda assim Chuck Norris virou "febre" na internet graças a um site conhecido como “Chuck Norris Facts”, que documenta e divulga fatos e características fictícias sobre o artista marcial, e que começou a circular em 2005. O website já conta com aproximadamente 8.000 verdades sobre Chuck Norris". Aqui no Brasil, uma lista desse site traduzida para o português foi divulgada com o título de "Lista das 100 verdades sobre Chuck Norris" e desde então é atualizada em um website intitulado ‘As verdades sobre Chuck Norris’. A partir disso uma onda fez o nome Chuck Norris se tornar folclore popular em toda mídia mundial com várias “tiradas” sensacionais. Na série do Disney Channel, Wizards of Waverly Place, a personagem Alex diz que não quer trocar de corpo com Justin, pois faz mais flexões do que ele, então Justin diz: "Eu prefiro ser Chuck Norris, que faz mais flexões que você, explode meio mundo e não leva um tapa"; no site de humor Desciclopédia, Chuck Norris é retratado como um deus, ou como uma pessoa capaz de realizar o impossível, um ser imortal, invencível e incrivelmente poderoso. São frequentes as referências ao golpe Roundhouse Kick; ao digitar no Google "Find Chuck Norris" e clicar em ‘Estou com Sorte’ aparece a seguinte frase em vermelho: Google won't search for Chuck Norris because it knows you don't find Chuck Norris, he finds you. (Google não pode procurar por Chuck Norris, porque sabe que você não achará Chuck Norris, ele acha você.). Isso se deve ao fato do Google abrir como primeiro site o http://www.nochucknorris.com/ e mostrar a mensagem como se fosse do site de buscas. Chuck sempre levou seus personagens a sério, mas o público não, assim sendo ele nunca poderia ocupar o trono vago de Bruce Lee. I’m sorry, Chuck!
8 - Jean Claude Van Damme (Jean-Claude Camille François Van Varenberg) - Nascido em 18 de outubro de 1960 em Berchem-Sainte-Agathe, Bruxelas, na Bélgica. Medindo 1,77 m (me parece que é mais baixo), é conhecido em seu país natal como “Os Músculos de Bruxelas” por ter ganhado um campeonato de fisiculturismo por lá, e “El loco” devido ao seus filmes de artes marciais. Aos 11 anos começou a treinar karatê japonês e logo depois passou a praticar balé (eu hein?!) por seis anos. Aos 16 anos, mesmo com, ou devido ao balé, conquistou o European Pro Karate Association (por pontos). Seu estilo (no cinema) é uma combinação de karatê Shotokan, Kickboxing, Muay Thai e Taekwondo. Jean Claude adora exibir em seus filmes sua famosa elasticidade e volta e meia acha um pretexto para fazer aberturas de pernas. Seu golpe mais famoso é um chute em salto com o calcanhar num giro de 180º; e esta facilidade para aplicar tal golpe se deve com certeza à sua experiência com o (arghhh!) balé. Van Damme migrou para os EUA em 1982 para tentar a sorte no cinema e foi figurante em “Braddock”, uma das “obras-primas” de Chuck Norris. Trabalhou também numa pequena produção francesa, “Mônaco Forever” (1984), no qual interpretava um lutador de karatê gay (tudo pela fama!). Em 1985 se destacou como vilão no filme “Retroceder Nunca, Render-se Jamais”, sob o espectro de Bruce Lee, pois o filme contava a história de um jovem lutador que recebia instruções do espírito de Lee. Jean Claude roubou a cena devido a sua técnica de chutes e elasticidade. Em seguida ele estreou como protagonista em “O Grande Dragão Branco”, que teve a participação, como vilão, de Bolo Yeung, o “Hércules Chinês” (o mesmo que trabalhou com Lee em “Enter The Dragon”). A partir desse filme, que foi uma cópia discreta de “Operação Dragão”, Jean Claude nunca mais parou de filmar. A maioria de sua filmografia é medíocre; enfadonha e repetitiva, marcialmente falando. E ele ainda teimou em acumular as funções de escritor, roteirista, produtor, diretor e coreógrafo das cenas de lutas em muitos de seus filmes. Sua atuação como ator era sofrível, apesar dele transmitir um bom senso de humor. Bruce Lee não era um grande ator mas não comprometia, mas Van Damme e Chuck Norris numa avaliação de ambos como atores...dá empate na canastrice! Jean Claude Van Damme, que realizou duas dezenas de filmes, é fã declarado de Bruce Lee que realizou apenas 4 filmes completos e que inspirou várias gerações de jovens que se tornaram artistas marciais ou mesmo atores do gênero; mas parece-me que Jean Claude não absorveu nada dos ensinamentos do mestre, limitou-se a copiá-lo sofrivelmente. Tanto pior para ele que não conseguiu ocupar o posto vago deixado pela morte prematura do Pequeno Dragão em 1973 aos 32 anos.
9 - Steven Seagal (Steven Frederic Seagal) – Nasceu em 10 de abril de 1952 em Lasing, no estado de Michigan, EUA. Começou a treinar Aikidô no Japão com Harry Ishisaka e conseguiu o 1º dan de faixa prêta sob a supervisão do Mestre Koichi Tohei. Atualmente detém o 7º dan em Aikidô. Poucos ocidentais alcançaram tal façanha. Steven se impôs em pleno Japão com seus mais de 1,90 m de altura em meados da década de 1970 quando de sua formatura. Nessa época ele ainda não ostentava a fanfarrice, a pança e o excesso de gordura de hoje. O que mais chama a atenção em seu estilo de Aikidô é a agressividade, ao contrário da suavidade que se prega nas academias convencionais. Dizem que o próprio fundador da arte marcial japonesa, Morihei Ueshiba, quando jovem era muito impetuoso e com o passar do tempo devido à maturidade e aperfeiçoamento técnico, ele deixou a agressividade de lado e tornou-se mais maleável e praticamente intocável. Creio que como artista marcial Steven Seagal tem seus méritos, mas em relação a sua carreira como ator de filmes de artes marciais, aí é outra estória. Ao meu ver seu melhor filme foi o primeiro, Nico, Acima da Lei (Above The Law) de 1988. Ele está em plena forma (ou magro) demonstra técnicas até então inéditas de Aikidô (bastante agressivo) no cinema e não chega a se comprometer como ator, pois seu papel não exigiu tanto. O filme seguinte, Difícil de Matar (Hard To Kill) de 1990, foi razoável, mas ele começava a se achar o máximo e também começava “a pegar” mais corpo (engordar). A partir daí os próximos filmes começaram a ficar enfadonhos, diálogos filosóficos de cunho existenciais, ambientais, e muita pancada e balas para todo lado; alguns até mais balas do que técnicas de artes marciais. E na proporção em que seus filmes decepcionavam ele engordava cada vez mais. Steven sempre foi um autêntico canastrão como ator, em cenas que teria que demonstrar afetividade, satisfação, surprêsa, apreensão ou ódio, ele tinha a mesma expressão facial, ficava impassível e com os braços cruzados na altura da pança prontos para agarrar, torcer e quebrar a qualquer instante. Nos filmes mais recentes mal consegue chutar frontalmente acima da cintura (a pança não permite) e se a cena assim o exigir, ou seja, chutar acima da cintura ou na cabeça, nada como um dublê à disposição. Steven está em evidência atualmente não pelos seus filmes, mas por supostamente ter treinado os lutadores de MMA brasileiros, Anderson Silva e Lyoto Machida, que por coincidência ou eficiência do treinador (Seagal) ganharam suas lutas aplicando o chute frontal (mae-geri e tobi mae-geri) nos respectivos queixos de seus adversários. Golpe que é bastante usado por Seagal em seus filmes, mas nunca acima da cintura, é claro. Steven Seagal fez mais de duas dezenas de filmes, mas destaco apenas os dois primeiros. E um dos critérios mais importantes para conquistar o trono de Bruce Lee é manter-se sempre em forma, o que infelizmente o nosso herói do Aikidô não conseguiu ao longo desses anos.
10 - Jet Li (Li Liajie) – Nascido em Pequim, China, em 1963. Praticamente tinha a mesma altura de Bruce Lee, 1,67 m (apesar de parecer ser ainda menor e mais franzino). Treina Kung Fu tradicional (Wu Shu) desde os 8 anos de idade. Praticando desde criança, a partir dos 11 anos ganhou 5 vezes o título de campeão nacional chinês de artes marciais (entre 1974 e 1979). Suas conquistas impressionantes levou a República Popular da China a declará-lo um “Tesouro Nacional”. Começou a despertar o interesse do público internacional, em meados da década de 1990, ao interpretar no cinema uma série de filmes sobre o lendário mestre chinês Wong-Fei Hung, herói popular da China. Durante anos, Li encarnou heróis lendários do folclore chinês, do revolucionário que luta contra a dinastia Manchu em "Fong say yuk", ao monge caído em desgraça à procura de redenção em "Tai Chi Master", para o vingador do mestre Huo Yuanjia contra seus assassinos e invasores japoneses em "Fist of Legend", um "remake" de "Fist of Fury" (A Fúria do Dragão), estrelado por Bruce Lee. Apesar de apresentar em seus filmes boas coreografias de luta, a direção e produção geralmente pecavam em abusar de efeitos especiais que fugiam de uma realidade aceitável mesmo para um confronto fictício de artes marciais. Para consolidar seu passaporte para Hollywood, Jet Li participou com boa atuação (como vilão) de “Máquina Mortífera 4” (Lethal Weapon 4) de 1998, com Mel Gibson e Danny Glover. A seguir atuou como protagonista em seu primeiro filme nos EUA, em “Romeu Tem Que Morrer”(Romeu Must Die) de 2000. Vieram outros trabalhos onde Jet Li contracenou com artistas norte-americanos famosos, mas ainda estava faltando algo em seus filmes, apesar da alta produção e efeitos especiais fantásticos que faziam dele uma espécie de ‘herói de kung fu ala Matrix”. Neste ínterim Jet Li recebeu o convite do produtor e diretor Ang Lee para encarnar o papel de Li Mu Bai no fabuloso épico de artes marciais "O Tigre e o Dragão" (Crouching Tiger, Hidden Dragon) de 2000. Li recusou a proposta pois tinha prometido à esposa que não trabalharia durante a gravidez desta. O ator Chow Yun Fat foi o substituto de Li para interpretar o personagem Li Mu Bai, que mesmo não tendo a habilidade de Jet Li nas artes marciais chinesas mas contando com a ajuda de dublês, se saiu bem. Coisas do destino. Jet Li, o “baixinho atrevido”, fez aproximadamente duas dezenas de filmes sofríveis e alguns poucos se salvam, não por seu carisma (ausente ao meu ver), nem por sua capacidade de interpretação (que deixava a desejar), mas por sua real habilidade no Kung Fu. O que na minha humilde opinião salvou sua carreira e acho que ele deveria ter se aposentado com chave de ouro na ocasião, foi a belíssima produção de “O Mestre Das Armas” (Huo Yuan Jia) de 2006, o filme sobre a vida de outro lendário mestre de Kung Fu (que realmente existiu), o invencível Huo Yuan Jia, que supostamente teria sido assassinado por japoneses durante a ocupação da China; neste filme Jet Li atuou muito bem como lutador e ator. Li tentou ocupar o lugar vago de Bruce Lee sem êxito, e convenhamos, se não fosse o surgimento do “pequeno dragão” talvez nem ouvíssemos faltar de Jet Li algum dia. Valeu a tentativa Li.
11 - Tony Jaa (Tatchakorn Yeerun) – Nascido em 05 de fevereiro de 1976 em Isaan, na província de Surin, na Tailândia, seu nome artístico na Tailândia é Jaa Panon Yeerun, mas no ocidente é popularmente conhecido como Tony Jaa, um jovem dublê de filmes de ação com 1,68 m (parece até maior), dedicado praticante de Muay Thai e que posteriormente assumiu também as funções de coreógrafo, diretor e ator. Tony Jaa cresceu na zona rural assistindo filmes de Bruce Lee, Jackie Chan e Jet Li e decidiu que queria fazer o mesmo quando crescesse. Aos quinze anos Jaa foi “adotado” pelo diretor de doublês e filmes de ação Panna Rittkirai que o recomendou frequentar o Colégio de Educação Física Maha Sarakham. Incialmente Jaa treinou Taekwondo, mas não se sabe se treinou formalmente ou se apenas absorveu algumas técnicas como complemento para sua formação como doublê; posteriormente voltou-se para o Muay Thai, mas não se confirmou se apenas recebeu um treinamento formal e tradicional da arte marcial tailandesa ou se realmente chegou a desenvolver uma carreira competitiva. Jaa e Panna se interesseram pelo estilo antigo de Muay Thai, o Muay Boran, e trabalharam juntos por um ano para adaptá-lo às cenas de luta dos filmes em que Tony Jaa atuaria. Na preparação contaram com a colaboração do grão mestre Mark Harris. Seu filme de estréia foi “Ong Bak - Cabeça de Buda” (Ong-Bak:Muay Thai Warrior) de 2003, foi um sucesso, desde Bruce Lee não se tinha visto coreografias de lutas tão reais e empolgantes. Jaa parecia que veio para arrebentar, literalmente falando. Sua fúria e explosão ao partir para cima dos adversários é realmente algo de se admirar, os saltos acrobáticos, os golpes improváveis, o contato real dos lutadores, tudo muito impressionante, Jaa em fúria é uma máquina descontrolada de socar, chutar, dar cotoveladas e joelhadas em salto. O Muay Thai finalmente ganhou seu espaço nas telas tal como o Kung Fu e o Karatê. O seu segundo filme, “O Protetor” (The Protector) de 2005, ele continua surpreendendo e promete cada vez mais. Seu personagem lembra aquele caipira interpretado por Bruce Lee em “O Dragão Chinês” (The Big Boss) que foi filmado na Tailândia, um sujeito ingênuo e tímido até que pisem no seu calo e despertem sua ira. O problema com Jaa e seus filmes é a ênfase que se dá à adoração e ao culto a Buda e aos elefantes (animais sagrados para eles). Seu último projeto ambicioso, “Ong Bak 2” (2008) e sua continuação “Ong Bak 3” (2010), é um filme de época que foi dividido em duas partes, tudo ia bem principalmente com a primeira parte, “Ong Bak 2’, com lutas sensacionais e de tirar o fôlego onde Tony Jaa e os dublês que contracenavam com ele deram um show de agilidade, preparo físico e técnica nos mais variados estilos de artes marciais existentes e com a perícia nas mais diversas armas brancas. Tudo dava entender que a segunda parte seria melhor ainda, o que seria impossível de se acontecer pois o nível de “Ong Bak 2” parecia insuperável. E não aconteceu mesmo...após dois anos de espera a queda de intensidade na continuação (Ong Bak 3) foi evidente, o misticismo tomou conta da película que parecia um mesclado de Dragon Ball e O Exorcista. Foi uma pena, Tony Jaa se perdeu no auge, mas ainda pode se recuperar, ainda é jovem, carismático e tem tudo para se manter o topo dos artistas de filmes de artes marciais. Bruce Lee certamente o teria convidado para contracenar em seus filmes e seria enorme a expectativa para ver os dois se enfrentando. Mas ainda falta alguma coisa para Tony Jaa destronar o pequeno dragão. Reaja Jaa, se Bruce Lee pudesse ter um sucessor, atualmente teria que ser você!
12 - Donnie Yen – Nasceu em 27 de julho de 1963 em Guangdong, na China. Atualmente é considerado a maior estrela dos filmes de artes marciais feitos em Hong Kong. Além de ator, acumula também funções de coreógrafo, diretor e produtor. A mãe de Yen, Bow-Sim Mark, é mestra em escolas de Wu Shu (de linha interna) enquanto seu pai é editor de um jornal. Com dois anos a família de Yen se mudou para Hong Kong e mais tarde quando estava com 11 anos de idade, Donnie mudou-se com os pais para Boston, Massachussets, nos Estados Unidos da América. Sua irmã, Chris Yen, também é artista marcial e atriz. Graças à influência de sua mãe, Yen começou a praticar artes marciais chinesas, como o Tai Chi Chuan, ainda jovem. Com seu interesse e desenvolvimento em alta Yen retorna a Hong Kong e se integra e treina por dois anos na Equipe de Wu Shu de Pequim. Em seguida retorna aos EUA, e de passagem por Hong Kong conhece o coreógrafo de filmes de artes marciais Yuen Woo-Ping. A partir desse encontro começou a entrar no circuito de filmes de artes marciais como dublê. Foi coadjuvante em filmes de Jackie Chan e Jet Li nas décadas de 1980 e 1990. Fez mais de uma dezena de filmes como protagonista sem muita repercussão mundial, apenas em Hong Kong e países asiáticos; até que surgiu um projeto em homenagem ao mestre de Wing Chun Kung Fu, Ip Man, o primeiro e único mestre de Bruce Lee. “Ip Man” - O filme”, de 2008 foi um sucesso internacional com um desempenho convincente e maduro de Donnie Yen, que o impulsionou naturalmente a filmar uma sequência, “Ip Man 2” em 2010, que não decepcionou e manteve o nível e contando ainda com a brilhante participação do veterano Sammo Hung. Ainda em 2010 Yen realizou “Legend Of The Fist:The Return of Chen Zhen” (A Legenda de um punho: O Retorno de Chen Zhen), um tributo a Bruce Lee onde Yen teria dado sequência a história do personagem (Chen Zhen) interpretado por Bruce Lee em “A Fúria do Dragão” (Fist Of Fury, de 1972). Num enredo de época, o personagem Chen usaria até o uniforme de Kato, o parceiro do Besouro Verde (Green Hornet) que foi uma série para o cinema nos anos de 1930, antes da mesmo de Bruce Lee e Van Williams nos anos de 1960. Neste filme Yen usa também como homenagem à Lee, técnicas de Jeet Kune Do. Apesar da rica produção o filme é maçante e confuso, e como nas artes marciais, às vezes a simplicidade é o caminho mais certo e direto para o sucesso. Mas Donnie Yen está sempre atualizado e costuma incorporar em suas sequências de lutas elementos do MMA, incluindo o Wing Chun, Jiu-Jitsu brasileiro, Judô, Karatê, Boxe, Kick-boxing e Wrestling. Yen reconhece que a concepção libertária de Bruce Lee em relação às artes marciais se concretizou no MMA, onde se comprovou que um lutador não pode se limitar apenas a um único estilo, ele tem que ter a mente aberta para absorver tudo de positivo e prático de qualquer arte marcial e adaptar tais técnicas para não ser surpreendido num confronto. Yen tem carisma, capacidade técnica e criatividade para se manter no topo, mas em relação a Bruce Lee ele deve reconhecer que ainda não está apto para reivindicar seu trono e o tempo está passando.
Em resumo, nenhum destes candidatos preencheu todos os requisitos, alguns perderam a oportunidade, outros nem sequer tentaram realmente e os demais ainda tem alguma chance, será?! Como eu vi escrito em um poster antigo de Bruce Lee certa vez: “Os heróis nunca morrem!”, assim, presume-se que ele nunca será sobrepujado.
Por Eumário José Teixeira.
Por Eumário José Teixeira.