17 de dez. de 2010

JOHN FAHEY - Um violão dedicado ao country, folk e blues primitivos.

Pesquisar sobre música de qualidade se assemelha a cavar em um campo aberto a procura de tesouros enterrados, a partir do momento que você descobre alguma peça de valor, certamente terá uma grande chance de enxergar pistas que o levarão à outras preciosidades encobertas. Em postagem anterior dedicada a Alan “Blind Owl” Wilson (Canned Heat), mencionei a amizade deste com um tal John Fahey em meados dos anos de 1960. Em minha ignorância musical assumida, jamais tinha ouvido falar algo sobre John Fahey, se ouvi ou li não dei a devida importância. Mas assim são as coisas, tudo no seu devido tempo, pois ao descobrir que Alan Wilson (um catedrático em blues) considerava tanto a Fahey, corri atrás de informações sobre o ilustre desconhecido (para mim). Estava eu cavando para descobrir fatos sobre a vida de Wilson quando tropecei em vestígios que me revelaram algo também bastante valioso. Alan Wilson dedicou sua curta existência à divulgação do blues, à preservação do meio-ambiente, e a outros interesses culturais diversificados; John Fahey já era obcecado por uma só coisa, a exploração máxima da sonoridade de sua guitarra acústica. Ele “viajava” pela música folclórica norte-americana através dos ritmos do folk, country, blues e bluegrass, como também estava atento aos sons estrangeiros; e um dos músicos que o influenciou positivamente foi o brasileiro Bola Sete (Djalma de Andrade, 1923-1987), um exímio violonista que dominava os ritmos do samba, bossa nova e jazz. Bola Sete mudou-se definitivamente para os EUA em virtude de seu talento, mas isso é assunto para uma postagem em breve. Fahey que também era conhecido pelo pseudônimo de “Blind Joe Death” (numa alusão aos velhos mestres de blues), nos deixou uma discografia de alta qualidade.
John Aloysius Fahey nasceu em 28 de fevereiro de 1939 em Takoma Park, no estado de Maryland. Era um finger Style Guitarrist, ou melhor, um sujeito que tocava seu violão com uma técnica ímpar de dedilhado. Seu modelo de guitarra predileto era a steel-string acoustic guitar. Dentre os estilos musicais que interpretava estava o folk e blues norte-americanos; música clássica; portuguesa; brasileira (bossa nova); e indígena. A revista Rolling Stones fez uma lista dos 100 melhores da guitarra (The 100 Greatest Guitarrists Of All Time), Fahey foi classificado no 35º lugar. Fahey descobriu o blues em 1952 quando ouviu um disco de Blind Willie Johnson no qual continha a gravação de “Praise God I´m Satisfied”. O disco de 78 r.p.m. fazia parte da coleção de “olds blues” do amigo e mentor Richard K. Spottswood, que era musicólogo. Fahey comparou tal audição como uma ‘conversão religiosa’, ficando devoto ao blues até sua morte em 22 de fevereiro de 2001, em Salem, Oregon. Graduado em filosofia na universidade de Los Angeles, na California, Fahey realizou (com a ajuda de Alan Wilson) a tese para mestrado intitulada: A Textual And Musicological Analysis Of The Repertoire Of Charley Patton. Em suas primeiras gravações Fahey chegou a utilizar o pseudônimo de “Blind Joe Death”. Vale a pena conhecer, por exemplo, os álbuns (ou cds): The Legend Of Blind Joe Death (Coletânea – 1996); The Transfiguration Of Blind Joe Death (1965); The Voice Of The Turtle (1968); Of Rivers And Religion (1972); e outras pérolas. No youtube há alguns registros de algumas apresentações magistrais de John Fahey, só ele e o violão, sem ser enfadonho...mas hipnótico!

Eis um link do you tube com John Fahey tocando "Desperate Man Blues":

http://www.youtube.com/watch?v=PQnPJqeH80I

Por Eumário J. Teixeira.

10 de dez. de 2010

ALAN “BLIND OWL” WILSON


Taí um personagem importante do rock que foi subestimado pela história. A praia de Alan realmente era o blues e é sabido que ele era uma autoridade sobre o assunto. Pesquisava tudo que tinha relação com a história do blues e era freqüentador assíduo do circuito Folk-Blues Café de Cambridge; tinha um considerável acervo de discos raros de blues e ainda resgatava artistas veteranos desse gênero musical para os estúdios de gravação; foi o que fez, por exemplo, com Eddie “Son” House em 1965, com quem cooperou na gravação do LP The Father Of Delta Blues. Wilson chegou a escrever dois longos artigos para a o jornal de Massachussets, o ‘Broadside de Boston’, sobre os bluesmen Robert ‘Pete’ Williams e Eddie ‘Son’ House, trabalho que a revista ‘Downbeat’ considerou como uma das 10 mais importantes contribuições para o reconhecimento do blues moderno e foi considerado também como a primeira análise musicológica do estilo.
Alan era um expert em blues
Alan Wilson dominava vários instrumentos musicais, como a guitarra acústica, guitarra elétrica, guitarra slide, piano e a harmônica, principalmente. Tinha um vocal estilo falsete, frágil e dissonante dos padrões do rock ou do próprio blues, mas era pessoal, interessante e exótico.
O forte de Blind Owl realmente não era o visual, pois não se preocupava com a própria aparência. Nunca foi um narcisista como seus colegas amantes do blues, Brian Jones dos Rolling Stones ou Eric Clapton do John Mayall’s Bluesbreakers e Cream. Um amigo me disse certa vez que Alan tinha um rosto não masculino, mas semelhante ao de uma menina feia.
Seu apelido “blind Owl”, que traduzindo seria “coruja cega”, foi dado pelo amigo guitarrista de folk & blues John Fahey, que durante uma viagem feita por ambos
em 1965, atentou para os enormes óculos quadrados de lentes “fundos de garrafa” e de alto grau de Alan. Era muito comum a colegas de Al Wilson pedir sua ajuda para supervisionar certos projetos para graduação na universidade que fossem relacionados com a música folclórica norte americana, foi o que fez Fahey que se graduava em folclore na época, recorrendo ao profundo conhecimento de Wilson a cerca de country blues para reorganizar e concluir sua tese de mestrado sobre o lendário Charley Patton.
Alan Wilson, um defensor do meio ambiente
Tímido e recluso, apesar de ser o líder do grupo, Alan não era o frontman ideal para a banda Canned Heat, tal papel coube ao vocalista principal, o gorducho carismático Bob “o urso” Hite, que também colecionava inúmeros discos de blues.
Além do blues, Blind Owl tinha outros interesses, tais como como o hábito de devorar livros sobre botânica e ecologia. Não era à toa sua obsessão pela preservação das florestas de sequóias e das árvores centenárias da Califórnia, pois chegou a criar junto ao ecologista Skip Taylor, a Mountain Music Foundation, uma organização formada para preservar as árvores em uma área chamada Skunk Creek, na Califórnia do Norte; era também notório seu apreço pela música e cultura indígenas.
E como a maioria dos jovens idealistas da época que sonhavam com um mundo de paz, amor, liberdade, rock & roll e muita erva para queimar, Alan mergulhou numa onda mística e utópica, numa procura desenfreada de si mesmo e de uma realidade inexistente, amparando-se em alucinógenos e nas filosofias esotéricas e naturalistas insustentáveis, numa viagem depressiva sem volta.
Talvez tudo isso somado a uma série de fatores tais como seu isolamento social auto-imposto, a pressão dos compromissos de rock star e sua dependência de drogas, o levasse a abraçar a morte tão precocemente aos 27 anos de idade.
Mas é certo que Alan se expressava verdadeiramente através do blues, e ele comeu, bebeu e respirou o blues até o final, e foi o pior tipo de blues, aquele que te consome por dentro e por fora. Lord, have mercy!

Por Eumário J. Teixeira

Canned Heat de Alan ‘Blind Owl’ Wilson e Bob ‘The Bear’ Hite


O Canned Heat formado em 1966 tinha como base criadora Bob Hite, frontman, vocais e harmônica; e Alan ‘Blind Owl’ Wilson, na guitarra slide (elétrica e acústica), harmônica, piano e vocais, além de ser o principal responsável pelos arranjos da banda. Bob Hite quando adolescente começou a trabalhar numa loja de discos o que o levou a descobrir e se apaixonar pelo som dos bluesmen do Delta do Mississipi, daí começou a colecionar raridades. Al Wilson de cultura erudita trabalhava na fábrica de tijolos de seu pai e conheceu Bob Hite através do guitarrista Henry Vestine. A afinidade entre eles fez com que formassem uma banda com o intuito de divulgar o blues para a rapaziada da Califórnia. Com o primeiro LP “Canned Heat” de 1967, demonstraram desde o início que tinham como objetivo principal o resgate do gênero musical afro-americano, sendo que se tornou característico no som da banda, o ritmo derivado do próprio blues, o boogie-woogie. 
O nome Canned Heat, uma homenagem à Tommy Johnson
O que contou para a crescente popularidade do Canned Heat na segunda metade da década de 1960, na era utópica dos hippies e do Sunflower Power, foram as participações da banda em festivais que se tornaram históricos por revelarem grandes músicos e conjuntos de rock, como os festivais de Monterey (1967) e Woodstock (1969). O nome da banda tem origem num velho blues chamado “Canned Heat Blues”, de autoria do lendário bluesman Tommy Johnson, nascido em Terry, Mississipi, em 1896 e morto em 1956, na cidade de Crystal Springs, também no Mississipi. A tradução de “Canned Heat” seria “fogo enlatado”, pois refere-se a um óleo de cozinha gelatinoso, chamado sterno, que era consumido como bebida pelos lavradores ao sul dos EUA durante a Lei Seca; o produto era esquentado e coado com meias ou fatias de pão para separar o álcool metílico do produto que era por sua vez misturado, geralmente, com refrigerantes. Tal bebida dava um “barato” que saia caro na maioria das vezes para seus consumidores causando até cegueira ou alta intoxicação; Johnson, inclusive, teria morrido pela ingestão regular de “canned heat”. 
Let's work together...
A Banda Canned Heat tocou em lugares respeitados como no Olympia de Paris, Montreaux na Suíça, no Carnegie Hall e Madison Square Garden de Nova York, implacando seus hits que não eram poucos como: “On The Road Again”; “Let´s Work Together”, “Bullfrog Blues” e “Goin’ Up The Country, só para citar alguns. E o que diferenciava a banda nitidamente das demais na época, era a falta de pompa e estrelismo de seus integrantes, que só tocavam por prazer e diversão, sem grandes pretensões, mas com competência. Os quatros primeiros discos do Canned Heat são essenciais para quem ama o blues. No LP de estréia (Canned Heat pela Liberty Records) de 1967 estão vários clássicos do blues como “Rollin’ and tumblin’”; “Bullfrog Blues”; “Dust My Broom”; “Help Me” e “The Road Song”. O segundo trabalho, em fevereiro do ano seguinte, é Boogie With Canned Heat, onde se tem músicas de autoria da banda além de blues tradicionais, como “Evil Woman”; “On The Road Again”; “An Own Song” e “Anfhetamine Annie”. Ainda em outubro de 1968 lançam o duplo Living The Blues, um trabalho de blues experimental e psicodélico com faixas de longa duração, para citar algumas: “Going Up The Country” (que foi o hino de Woodstock); “My Pony”; “My Mistake”, “Sandy’s Blues”; Walking My Self” e “Boogie Music”. A seguir, vieram os LPs Hallelujah (dezembro de 1968) com as faixas “Same All Over”; “Canned Heat”; “Time Was” e “Big Fat”, e Future Blues (1970) destacando-se as faixas “Let’s Work Together”; “That´s Allright, Mama”, “So Sad” e “London Blues”.
Boogie & blues sem frescura
O produtor Johnny Otis realizou uma gravação com o grupo ainda com uma formação instável em 1966, com Bob Hite, Alan Wilson, Frank Cook, Henry Vestine e Stuart Brotman no seu estúdio em Los Angeles. O registro só foi lançado em 1970 e o LP foi denominado Vintage Heat, que tornou-se um raro bootleg na discografia do Canned Heat, no qual continha versões primorosas de “Rollin’ And Tumblin’” de Muddy Waters; “Spoonful” de Howlin’ Wolf e a lindíssima versão para “Louise”, de John Lee Hooker.
Em 03 de setembro de 1970, Al Wilson foi encontrado morto na casa de Bob Hite situada em Topanga Canyon, provavelmente teria cometido suicídio aos 27 anos de idade. De personalidade sensível e conflituosa, Alan teria tentado suicídio anteriormente por algumas vezes, tinha passado por um tratamento psiquiátrico recentemente e estava sob os cuidados de Bob Hite. Em fevereiro de 1971 alcançaram o auge da fama ao ser lançado o duplo Hooker ‘N’ Heat, este trabalho dirigido por Hite foi considerado responsável pela recuperação da carreira do veterano John Lee Hooker. A nota triste é que Alan Wilson que participou de todo o trabalho não pode desfrutar do sucesso do disco.
Alan "blind owl" Wilson e Bob "the bear" Hite
 O primeiro disco do álbum é mais acústico com apenas John Lee Hooker no vocal e guitarra acompanhado de Al Wilson ao piano apenas na última faixa, destacando-se “Messin’ With The Hook”; “You Talk To Much” e “Bottle Up And Go”. No outro lado da bolacha John Lee estava assessorado pela banda inteira mandando ver em “Whiskey And Women”; “Let’s Make It”; “Peavine” e “Boogie Chillen nº 2”. John Lee Hooker não cansava de declarar Al Wilson como um dos maiores gaitistas que já ouvira em toda sua longa carreira.
Mas a banda prosseguiu, gravaram ainda bons discos como o LP Rollin’ & Tumblin’ (1973); One More River To Cross (1974); Memphis Heat (1974), com o pianista de blues Memphis Slim; Captured Live (1981) e fizeram apresentações sensacionais como a de Montreaux em 1973, com participação especial de Clarence ‘Gatemouth’ Brown. Infelizmente o Canned Heat sofre outro duro golpe em 5 de abril de 1981, com a morte de Bob Hite em Los Angeles, aos 36 anos, vitimado por um ataque de coração pouco antes de uma apresentação. O guitarrista Henry Vestin viria a falecer em 20 de outubro de 1997, também vitima de ataque cardíaco em Paris, após o encerramento de uma turnê. Adolfo Fito de la Parra, baterista e um dos últimos integrantes originais, continua mantendo a memória musical do Canned Heat em atividade por todo o mundo ao lado do baixista Larry Taylor e de um dos primeiros guitarristas da banda, o virtuose Harvey Mandel.

Canned Heat (1967)
Em uma entrevista concedida à revista Poeira Zine (www.poeirazine.com.br) na edição de outubro/novembro de 2008, Fito de La Parra respondeu a várias perguntas dos leitores, inclusive a minha sobre as circunstâncias da morte de Al Wilson, e segundo suas próprias palavras: “Alan se Matou. Ele tomou uma dose letal de comprimidos. No começo eu o achava muito estranho: seu visual, suas roupas sujas, seu cabelo... (risos). Mas logo comecei a conhecer ele melhor e vi que era um cara extremamente talentoso e uma pessoa maravilhosa. Alan não estava nem aí para o seu visual; ele apenas enrolava sua roupa e a jogava num do quarto. Ele sempre dormia no chão; não curtia dormir na cama...E gostava bastante de dormir ao relento, ao ar livre tanto que quando morreu, Alan estava dormindo do lado de fora da casa (no jardim da casa de Hite)...Ele era um ‘cara da natureza’...”. Outra pergunta interessante foi a de Marco Gaspari sobre a convivência dele (Fito de la Parra) com Bob Hite e Al Wilson e suas coleções de discos de blues, a resposta do baterista foi essa: “Eu não sabia dessa ‘aptidão’ deles até o dia em que fui fazer a audição para me tornar baterista do grupo e cheguei com um LP de Junior Wells & Buddy Guy debaixo do braço que comprei no caminho. Tanto Hite como Wilson ficaram espantados e Hite depois me confessou que logo pensou consigo mesmo: ‘Esse cara é o batera ideal para o Canned Heat!’. 
Boogie with Canned Heat (1968)
Todos nós fomos influenciados por esses álbuns maravilhosos da coleção deles. Tínhamos acesso a tudo e ficávamos meses ouvindo raridades do blues. Não poderia ter sido melhor...Hite e Wilson eram apaixonados por música e isso ficava evidente em nossas performances”.

É isso aí pessoal, muitos falam e com razão do John Mayall’s Bluesbreakers e do Peter Green’s Fleetwood Mac, mas não podemos deixar de honrar também a memória daqueles que suaram pela revitalização do blues na ensolarada Califórnia nos anos de 1960, a banda liderada por Al Wilson e Bob Hite, o incrível Canned Heat!
Quem quer ter uma noção geral sobre a música do Canned Heat deve correr atrás da coletânea Uncanned! The Best Of Canned Heat (1994), vale a pena! 



O Link para curtir no you tube "Let's Work Together" com o Canned Heat: 


Por Eumário José Teixeira.

16 de nov. de 2010

ÉDER JOFRE - O ETERNO GALINHO DE OURO DO BRASIL



ÉDER JOFRE, PARABÉNS PELOS 50 ANOS DA CONQUISTA DO TÍTULO MUNDIAL DOS PESOS GALO!

Uma lenda do boxe mundial que praticamente não é reconhecido em seu próprio país!

Nosso eterno herói do boxe, Éder Jofre
No Brasil foi implantada a idéia de que somente o futebol gera uma paixão nacional. Há várias décadas, bem antes da tragédia do maracanã em 1950, quando a seleção brasileira perdeu o título do mundial para o Uruguai, já se acreditava que qualquer brasileiro nascia naturalmente com o dom de jogar bola e sambar. 
Numa época em que a informação era lenta e restrita a poucos privilegiados, até que não poderia se pensar de forma diferente; quando se lia um jornal, na página de esportes só se via notícias de futebol, e da mesma forma era no rádio, onde só ouvia política, rádio-novelas, musicais e o grito de goool! Com raras exceções uma conquista em alguma outra modalidade esportiva era discretamente mencionada. Com o advento da televisão pouco mudou, o futebol continuou a ser a atração principal das coberturas esportivas. Na década de 1960 com a confirmação do talento de Mané Garrincha com suas pernas tortas e endiabradas e o surgimento de sua majestade, Pelé, qual a chance dos holofotes se direcionarem para os outros esportes? E na mesma época, já tínhamos a talentosa tenista Maria Esther Bueno, a princesa das quadras campeã de Wimbledon; o medalhista olímpico Adhemar Ferreira da Silva e um boxeador franzino e promissor de 1,64 m, um tal de Éder Jofre. 

Yes, nós temos boxer campeão do mundo
Ôpa, nossos olhos se abriram para novidades, o brasileiro também sabe jogar tênis, saltar e boxear. É, nós também somos bons de briga, haja visto que Hélio e Carlson Gracie, os patriarcas do jiu-jitsu brasileiro, já acenavam com esta verdade desde os anos de 1930 e se fizeram respeitar com suas conquistas até meados de 1960. Mas esse tal de Éder Jofre, que a maioria dos jovens hoje em dia não conhece ou nunca ouviu falar, foi o maior boxeador brasileiro de todos os tempos, e um dos maiores do mundo. Ao ganhar o título mundial dos pesos galo, em 18 de novembro de 1960, Éder Jofre passou a ser o único atleta a rivalizar em popularidade com Pelé e Garrincha na época. Atualmente é reverenciado por ninguém menos que o ex-campeão peso pesado Mike Tyson, que admitiu que o galinho de ouro foi uma de suas maiores influências devido ao seu estilo de boxear, se referindo a sua garra e ímpeto ao partir para cima do adversário. Tivemos outros campeões de boxe em categorias diversas, como Miguel de Oliveira (pesos médio), Maguila (pesos pesado), e mais recentemente o Acelino “Popó” de Oliveira, mas nenhum deles conquistou o respeito e admiração que Éder conquistou mundialmente, e mesmo hoje, após 50 anos de seu primeiro título mundial dos pesos galo, ele é admirado e venerado pelos entendidos do mundo do boxe e ex-adversários, tais como Masahiko “Fighting” Harada do japão, o único a vencer a Éder Jofre por pontos em dois combates memoráveis e polêmicos em sua decisão em 1965. 

O reencontro 50 anos depois entre Éder, Eloy Sanchez e Fighting Harada
Mas não vemos esse reconhecimento no Brasil, seja do público, da mídia ou governo, e mesmo os campeões mais recentes de nosso país não fazem questão de dar a Éder o valor e reconhecimento que merece. Ora, o próprio Pelé, o rei do futebol, não tem unanimidade aqui, a molecada ainda vacila entre optar por ele ou Diego Maradona. Por quê isso? Acho que a mídia tem boa parte da culpa, por omissão e falta de interesse na divulgação da trajetória heróica e pioneira de Éder e por não saber cultivar e alimentar a memória do povo. Me arrisco a dizer que se o galinho de ouro tivesse nascido mexicano, ele seria “endeusado”, teria estátuas e monumentos em sua homenagem, teriam feito filmes e documentários para preservar seu passado glorioso, etc. Veja na Argentina como Maradona é adorado; como El Santo (morto há décadas) e Julio César Chavéz são idolatrados no México; como Muhammad Ali e os falecidos Sugar Ray Robinson e Joe Louis, apesar de negros são ou foram reverenciados até hoje nos EUA; no Brasil não, o herói é que precisa sair e gritar por aí: “Ei, não se esqueçam do que fiz por vocês e pelo país, que tal me dar um pouco de atenção? Prefiro receber as homenagens em vida...”; mas se ídolo não der retorno financeiro, fica difícil; não foi o caso, por exemplo, de Airton Senna que mesmo agora na saudade, sua marca ainda gera rendimentos para muitos.

Campeões em 1961: Maria Esther Bueno, Pelé, Éder e Bruno Hermanny
Por isso humildemente pretendo a seguir, resumir a trajetória heróica do maior de todos nos ringues do Brasil e do mundo em sua categoria, e que ao meu ver, só não superou em termos mundiais, Muhammad Ali, Sugar Ray Robinson e Joe Louis.
Antes, uma pergunta que não quer se calar: O que houve com o filme com direção de Nilton Travessos que estava sendo produzido sobre a vida de Éder Jofre, pararam com as filmagens que teria se iniciado em 2008? O projeto foi cancelado? Por quê?


Por Eumário J. Teixeira.

ÉDER JOFRE - SUA VIDA E SUA LUTA PELO BOXE BRASILEIRO


OS 50 ANOS DO TÍTULO MUNDIAL DOS PESOS GALO, EM 18 DE NOVEMBRO DE 1960!

Éder Jofre nasceu em 26 de março de 1936, em São Paulo, numa família de boxeadores. O menino teve uma infância normal e saudável, era naturalmente arisco e costumava invadir a chácara dos padres para apanhar frutas e se divertir no parque Peruche correndo atrás de pipas e balões ou jogando bola com seus primos e amigos. Seu pai Aristides Pratt Jofre, também conhecido como Kid Jofre, era argentino de nascença e já tinha praticado a nobre arte, passando posteriormente a trabalhar como técnico de boxe no São Paulo Futebol Clube.
Éder, menino, uma promessa do boxe
Com um “empurrão” de Kid Jofre, Éder começou a sua carreira de boxeador, defendendo as cores do tricolor paulista. Disputou o Campeonato do Sesi e inúmeros Torneios de Novos e Novíssimos. Ainda defendendo o São Paulo, Éder conquistou seus primeiros campeonatos paulistas e brasileiros; e ainda como amador, representou o boxe brasileiro nas Olimpíadas de 1956, em Melbourne na Austrália. Chegou aos jogos já com certa fama e favoritismo, mas não conseguiu medalhas. Venceu a primeira luta contra Thein Myint Burman, mas perdeu por pontos nas quartas-de-final para o chileno Cláudio Barrientos. Mais tarde, já como profissional, venceu o mesmo Barrientos por nocaute, fazendo-o beijar a lona por 7 vezes, antes de nocauteá-lo de vez.
Éder Jofre iniciou sua carreira de boxeador profissional em 1957. No ano seguinte tornou-se campeão brasileiro na categoria peso galo e, em 1960, conquista o título sul-americano na mesma categoria, numa luta de 15 assaltos contra Ernesto Miranda. Era o início da trajetória do maior boxeador que o Brasil já teve.
No mesmo ano o mundo passa a respeitar o “galinho de ouro”, que se muda para os Estados Unidos da América com um cartel de 34 vitórias, 2 empates e 0 derrotas para conquistar o título mundial dos pesos galo da NBA (National Boxing Association).
O combate decisivo na vida de Éder Jofre foi contra Joel Medel, quem vencesse teria direito de enfrentar Eloy Sanchez na disputa do título mundial.

Éder derrota o perigoso Medel e parte para o título mundial
Segundo Éder não foi nada fácil, como relata em entrevista dada a José Elias Flores Jr., em setembro de 2003: “Foi pauleira o tempo todo. Uma luta franca. No 6º. round ele quase me nocauteou com um golpe no fígado. Ele viu que eu estava sentindo, por que eu dei um gemido quando este golpe dele entrou. Fiquei quase pendurado nas cordas, mas não caí. Reagi e o nocauteei no 10º. round. Era uma eliminatória da disputa de título mundial e quem ganhasse enfrentaria o Eloy Sanchez pela coroa. Esta luta com o Medel foi a mais difícil. Depois desta, considero a luta com o Tony Jamito”.
Chega o dia 18 de novembro de 1960 na cidade de Los Angeles, mais precisamente no Olympic Auditorium, onde Éder Jofre, numa luta prevista de 15 rounds, nocauteou o mexicano Eloy Sanchez no sexto round, cravando seu nome para sempre no hall of fame das lendas do boxe.
Como r
elembra o próprio Éder na entrevista de 2003 : “Nunca esqueço do meu irmão gritando após eu ter nocauteado o Sanchez. Ele dizia: “Sou irmão do campeão do mundo! Sou irmão do campeão do mundo!” Só aí é que me dei conta do que estava acontecendo. Na volta ao Brasil, tinha me transformado em um ídolo nacional. 
Éder derrota Eloy Sanchez e se torna campeão do mundo
O assédio era enorme. Seria rigorosamente impossível fazer esta entrevista neste local naquela época. Teria uma multidão nos cercando aqui agora (neste momento, Eder faz uma pausa e reflete). Meu pai era demais. Mesmo quando eu estava no auge, ele sempre me lembrava que aquela fama, aquele assédio, tudo acabaria um dia. Ele era muito sábio”.
Após a conquista foi aclamado e reconhecido pela luta que realizou em 25 de março de 1961, onde venceu por nocaute, no décimo round, Piero Rollo, sem o título estar em jogo. Em 18 de janeiro de 1962, vence o irlandês Johnny Caldwell, unificando o título dos galos, tornando-se o único campeão mundial da categoria.
Defendeu seu título com sucesso por 8 vezes, de 1960 a 1965 e detém o recorde de maior defensor de título de peso-galo em lutas consecutivas, vencendo-as todas por nocaute, incluindo uma seqüência de cinco vitórias conquistadas aqui no Brasil. Enfrentou atletas de alto nível, como José Casas, José Smecca, Roberto Castro, Leo Spinoza e Danny Kid.

Éder Jofre - Duas derrotas polêmicas contra Harada
Mas então surgiu a pedra em seu caminho, o japonês Masahiko “Fighting” Harada, para quem perdeu o título em 1965 em Tóquio, numa luta equilibrada e decidida por pontos em que Éder teve que forçar a perda de duas libras no dia do confronto para estar apto para a luta. Após perder o título dos pesos galo para Harada por uma contagem não convincente, Éder tem a oportunidade de reaver o título numa revanche no ano seguinte, mas na ocasião da luta ele novamente estava abaixo do peso ideal, devido à perda de água por ingestão de diuréticos, e visivelmente mais frágil em relação a Harada, seu desempenho foi comprometido, causando a perda do confronto sob uma contagem por pontos mínima e controversa.
Na entrevista de 2003, Éder desabafa: “Bem, a verdade é que eu estava muito fraco. Ele (Harada) estava em cima de mim o tempo todo, e eu já vinha há algum tempo com dificuldades para fazer o limite dos galos. Fiquei 12 horas sem colocar uma gota d’água na boca. Estava desidratado e cansei muito”.
Sobre a revanche, ele esclarece: “Me foi dado diurético antes desta luta para não ter problemas com o peso, mas isto me enfraqueceu. Além disto, mesmo depois de já estar no peso, o diurético não foi suspenso e eu acabei pesando quase 1 quilo abaixo do limite. Estava quase como peso mosca. Novamente estava fraco demais e perdi”.
Decepcionado, chegou a pensar seriamente em abandonar a carreira. Mas não conseguiu largar os ringues, o boxe estava em seu sangue e seu espírito de boxeador o atormentava, assim, em 1970, decidiu voltar aos ringues, agora como peso-pena, para dar prosseguimento à sua vitoriosa carreira.

O japonês Aoki não impôs muita resistência
Sobre sua desistência após as derrotas para Masahiko Harada, falou: “Estava de saco cheio mesmo desta rotina de fazer peso, passar fome, treinar. Queria aproveitar a vida, ficar com a família, comer à vontade. Tirei 3 anos de férias. Você sabia que este negócio de passar fome e não tomar água me deixou anos depois com pedras nos rins? Algumas pessoas me achavam arrogante, porque me convidavam a sentar com elas e tomar um refrigerante ou comer alguma coisa e eu nunca aceitava. Na verdade, eu não podia”.
Sobre a motivação que levou à sua volta aos ringues, revelou: “Minha tia tinha um circo e alguns lutadores se apresentavam em exibições. Um dia ela me convidou para lhe ajudar, fazendo uma exibição. Eu fui. Durante este período, eu ainda treinava 3 vezes por semana, mas não corria. Lutei e me senti um leão. Estava bem mesmo. Aí, algumas pessoas começaram a me incentivar a voltar e eu resolvi tentar como peso pena”.
Sua volta foi triunfal, pois venceu 25 das 25 lutas que realizou e conquistou seu segundo título mundial, desta vez o dos penas, versão CMB (Conselho Mundial de Boxe), contra o espanhol José Legra. Éder estava com 37 anos e seu adversário era sete anos mais jovem. Esta luta foi disputada em 1973, em Brasília, em plena ditadura militar.


Éder Jofre Campeão dos Pena, em 1973
Éder fala sobre a conquista em 1973: “...Mas quando eu lutei com o José Legra pelo título dos penas, eu queria ganhar por nocaute. Queria fazer isto pelo meu pai, que estava com câncer.
Na sequência defendeu o título dos penas contra um dos maiores pugilistas de todos os tempos, o mexicano Vicente Saldivar, vencendo por nocaute no 4º round, numa luta realizada em Salvador, Bahia.

Éder recebendo o cinturão do mundial dos Pesos-Galo em 1960
Persistiu lutando até 1976, vencendo todas lutas. Mas neste mesmo ano, decidiu encerrar definitivamente sua carreira de boxer, após um aborrecimento com uma disputa de empresários, resolveu não lutar mais e foi destituído do título dos pesos pena, e sua decisão se confirmou após o falecimento de seu irmão Dogalberto Jofre.
Sobre seu pai e seu irmão, Éder diz, na entrevista em 2003: “Meu pai foi meu maior ídolo. Ele conversava tudo comigo e com meus irmãos e sempre foi muito aberto conosco. Veja bem, nos idos de 50 ou 60, meu pai já recomendava que eu usasse camisinha. Ele “filtrava” o assédio, que era muito grande, e sempre me deixava à vontade para que eu tomasse as decisões. Mas, na época da luta com Legra, ele já estava muito doente, com câncer no pulmão. Peço que tu coloques isto na matéria: o que matou meu pai foi o cigarro. Mas na época ele também estava sofrendo muito com a doença do meu irmão, Dogalberto. Quando tinha apenas uns 6 anos, meu irmão caiu de bicicleta e bateu o abdômen. Isto depois se transformou num câncer e ele faleceu antes dos 40 anos, logo depois da morte do meu pai”.

Éder e seu pai e treinador, Kid Jofre
Dono de uma técnica excepcional e muita raça, Éder Jofre construiu ao longo de sua carreira um cartel impressionante de 81 lutas, vencendo 75, empatando 4 e sofrendo apenas duas derrotas para Harada.Mesmo encerrando sua carreira, Éder continuou colecionando títulos. Em 1983 foi eleito pelo Conselho Mundial de Boxe, o maior peso galo do boxe contemporâneo, homenagem realizada no edifício da ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York, Estados Unidos.
Em 1992, ingressou no Hall of Fame do boxe mundial, também em Nova York, E.U.A., e quatro anos mais tarde foi eleito pela Bíblia do boxe mundial, a revista The Ring, como um dos 50 maiores pugilistas da era moderna (ficou posicionado no nono lugar do raking).
Na vida político-partidária, está exerceu vários mandatos como vereador, aprovando 25 Leis Municipais, todas em busca da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos de São Paulo, com ênfase para o esporte, educação e cultura. Pois é pessoal, neste ano de 2010 o boxe brasileiro pôde comemorar com orgulho os 50 anos de aniversário do primeiro título mundial conquistado pelo guerreiro Éder Jofre, o cinturão dos pesos galo, nos EUA, em 25 de março de 1960.


Lista dos títulos de Éder Jofre:


- Bicampeão Mundial de Boxe - Peso-galo em 18 de novembro de 1960 e Peso-pena em 5 de maio de 1973;
- Em 1982, foi considerado o maior peso-galo da história do boxe, na comemoração dos 30 anos do CMB.
- Em 1985, foi novamente reconhecido como o maior peso-galo da história, desta vez pela Associação Interamericana de Imprensa;
- Em 1992 ingressou no Hall Of fame (Corredor da Fama), O título de maior prestígio no boxe e conferido pela primeira vez a um atleta fora do eixo Europa/EUA;
- Em 1996, foi eleito um dos dez maiores lutadores da era moderna do boxe, ficando em 9º lugar, suplantando neste cartel pugilistas como MikeTyson, George Foreman e Evander Hollyfield; eleição feita pela revista "The Ring", a bíblia do boxe mundial.
- Recorde sul-americano de público - 53.00 pessoas assistiram, no estádio El Campín, em Bogotá, à vitória (no sétimo round) de Eder Jofre sobre o colombiano Bernardo Carvalho, na disputa do título mundial dos peso galo;
- Recorde no Ibirapuera - Em 1962, o Ibirapuera recebeu o seu maior público em lutas de boxe: 23 mil pessoas presenciaram a vitória de Eder Jofre sobre o irlândes Johnny Caldwell, na unificação do título mundial do peso galo.
- A ESPN elegeu Éder Jofre o 36º dentre os 50 melhores pugilistas de todos os tempos em eleição feita recentemente. O que certamente prejudicou o ranqueamento do brasileiro na eleição da ESPN se diz respeito ao fato dele ter feito poucas lutas nos EUA em sua carreira, apenas três do seu total de 81 combates. Ficou à frente de boxeadores fenomenais, como Thomas Hearns, Larry Holmes, Oscar De La Hoya, Evander Holyfield, Carlos Monzon, Roy Jones Jr e Mike Tyson. O fato é ainda mais relevante se observarmos que as categorias mais leves, como a dos galos, na qual o brasileiro se destacou, nunca recebeu o merecido destaque na América.

Éder Jofre homenageado pelo São Paulo F. C. , seu time de coração
No dia 18 de novembro de 2010 não deixem de comemorar os 50 anos do título mundial dos pesos galo, inédito e histórico para o Brasil. Obrigado Éder Jofre, parabéns ao nosso eterno campeão!

Obs.: A entrevista cedida em 2003 por Éder Jofre a José Elias flores Jr. pode ser conferida na íntegra, no site http://www.ringue.net/
Por Eumário J. Teixeira.

6 de nov. de 2010

BOB DYLAN PINTA A REALIDADE DO BRASIL


Quem não conhece ou nunca ouviu falar de Bob Dylan, mesmo quem não sabe identificá-lo fisionomicamente já escutou algumas de suas inúmeras músicas mesmo sabendo que não era dele, como a desgastada “Blowin´ In The Wind”. No Brasil temos fãs famosos de carteirinha do cara como Zé Ramalho, que recentemente gravou um CD com versões das músicas de Dylan. Poesia é a outra faceta do roqueiro veterano, suas letras e poemas são respeitadas em todo o mundo por intelectuais ou rockers de variados estilos e tendências. Mas o cara que já foi militante político, cristão fervoroso, judeu ortodoxo e rock-star ressurge agora como pintor. Surprise? Para mim não, o sujeito é um artista por natureza, seu talento não tem limites e alcançou mais uma faceta da arte. Mas nem todos pensam assim.
Eu gosto de desenhos e pinturas, mas não entendo a fundo de pintura clássica e não saberia classificar o trabalho de Dylan, entretanto, gostei muito das cores vivas dos quadros, que apesar de não apresentarem uma realidade animadora, não deixam de ser figuras atraentes. Experts classificaram seu estilo como influenciado pelo realismo americano do início do século 20, tendo afinidades com escola do mestre Matisse dos anos de 1920.
Outros afirmaram que como pintor, Dylan é um bom poeta. Por se tratar de quem é, gerou-se uma polêmica em torno das pinturas de Dylan, que conseguiu expor no respeitável Statens Museum for Kunst de Compenhague, na Dinamarca, a partir de setembro deste ano. Apesar de ser o Bob Dylan, críticos dinamarqueses impiedosos afirmaram que sua obra não está à altura do maior e tradicional museu do país e Europa.
O espantoso é que as obras foram encomendadas exclusivamente à Dylan pela direção do museu para exposição, as quais o artista produziu entre o ano de 2009 e o primeiro trimestre de 2010. A coleção que ficará aberta ao público até 30 de janeiro de 2011, compreende 40 telas pintadas em acrílico e oito desenhos.
Essa não foi a primeira exposição de Bob Dylan, sua coleção anterior, “Drawn Blank Series”, foi exibida na Alemanha, em 2007, e no Reino Unido, em 2008. A coleção consistia em pinturas feitas durante suas excursões realizadas entre 1989 e 1992, onde retratava temas e lugares descritos em suas canções. Como comentou o próprio pintor, ou melhor, Dylan, eram desenhos sobre tudo o que ele achava interessante e não tinha a menor intenção de fazer algum comentário social ou aprofundar a visão de alguém. Os quadros mais famosos de Drawn Blank Series foram os dois da série “Train Tracks”, que representam vias ferroviárias que desaparecem entre montanhas distantes sob o céu.
Mais interessante ainda é o tema do trabalho exposto recentemente na Dinamarca, denominado por Dylan como The Brazil Series. Isso mesmo, a amostra retrata a pobreza, as favelas, os campos e a violência brasileira de forma muito viva e colorida; também há quadros dramáticos sobre desilusões amorosas e até acertos de contas entre mafiosos (de ternos). Segundo o curador do museu, Dylan absorveu todos os temas em suas inúmeras viagens pelo país. Os quadros que se destacam a princípio são dois, denominados “Favela Villa Candido” e “Favela Villa Broncos”.

Uma amostra das críticas dinamarquesas desfavoráveis à Dylan: - O jornal Berlingske Tidende mandou: “...compondo, Bob Dylan é um dos grandes, o Picasso do século XX, mas este não é o caso como sua Pintura”.
- O jornal de economia Boersen acusou o museu de colocar os ganhos financeiros à frente do critério artístico, já que o nome Dylan atrairá o público pela posição do cantor e compositor, não pela qualidade do seu trabalho como pintor.
- O professor de História da Arte Peter Brix Soendergaard, em entrevista no jornal Information, analisou Bob Dylan assim: “...pinta como qualquer amador, utilizando um estilo figurativo um tanto pesado. É o que chamávamos antes de ´um pintor de domingo`.”


Agora alguma crítica favorável: 
- A revista semanal Weelendavisen, pegou mais leve ao afirmar que Dylan não é um grande pintor, mas é interessante porque não é pretensioso e tem um olhar para o drama.
- A direção do museu respondeu às críticas e negou que o interesse fosse econômico e que Dylan é um pintor de qualidade.
- “Bob Dylan não é apenas um artista legendário, como também um pintor apaixonado, o que não é comum entre os cantores de rock que se dedicaram à pintura, sem sucesso”, declarou o curador do museu dinamarquês, Kaspar Monarad.

Independentemente das críticas favoráveis ou desfavoráveis, cada qual tem sua opinião e gosto, eu mesmo apreciei seus quadros, mas particularmente não creio que o velho Bob teria que expor em um museu tão pomposo como esse, já que lá só valorizam as obras consagradas de artistas centenários. Quem sabe no futuro, daqui há meio século mais ou menos, irão falar das valiosíssimas obras de um pintor judeu, intuitivo, sensível e incompreendido, que também era poeta, cantor, multi-instrumentista, ativista político e social, quase messias, chamado Robert Allen Zimmerman? Quem viver, verá!

Por Eumário J. Teixeira.

25 de out. de 2010

IGREJAS FUNDADAS PELO HOMEM

Para sua reflexão...

É certo que toda igreja fundada antes de Cristo é precoce, e toda igreja fundada depois de Cristo é tardia.

A igreja começou com Jesus Cristo em Jerusalém como descrito em Mateus 16:18 : “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela...”, e se multiplicou como descrito em Atos 8:1-25 e ainda em Atos 9:31.
Mas o tempo passou e a igreja primitiva cristã foi quase que totalmente aniquilada pelo estado imperialista romano que reinventou a igreja “oficial” dos templos e santuários, tendo o papa como intercessor entre Deus e os fiéis já que Roma não pôde exterminar o “fanatismo” cristão que crescia a olhos vistos.
Ora, se não posso com o inimigo vou me juntar a ele, e uma vez dentro dos seus domínios, é só aguardar a chance de tomar conta do pedaço. E assim foi.
Em seguida veio a fase negra da igreja, com as inquisições, caça às bruxas e aos hereges que insistiam com o modelo primitivo de igreja, compra de indulgências, comércio de imagens e objetos ditos sagrados, loteamento no céu, etc., que culminou finalmente com a reforma protestante que originou em seguida a contra-reforma da igreja de Roma.
Dentro do próprio movimento reformista, ocorreram cismas movidos pela ambição de lideranças que geraram múltiplas denominações no seio protestante corrompendo assim a idéia original de se levar a Palavra à todos sem sectarismo. No geral, a igreja protestante atualmente permanece do jeito que o diabo gosta, ou seja, fragmentada, o rebanho ficou disperso e vulnerável.
Atualmente se vê uma portinha de igreja evangélica por todo o lado principalmente nos bairros mais carentes, onde pastores de denominações diversas aparecem aos montes.
Nestas igrejas mais modestas é onde geralmente os milagres se multiplicam e não é difícil flagrar pais pastores e líderes de igreja explorando o suposto poder de cura de alguma criança inocente, como já foi mostrado em reportagens televisivas.
Pela TV nos é oferecido também milagres financeiros e profissionais ao nosso alcance em troca de taxas fixas de R$ 900,00 e ainda assistimos os mesmos mercadores da Palavra, verdadeiras celebridades santas, esmagando e humilhando o diabo no púlpito como se o adversário da humanidade não fosse nada.
Pela internet já se pode contar, inclusive, com cursos para formação de pastores em faculdades virtuais.
O que dizer então dos templos soberbos de algumas igrejas pentecostais de dar inveja às riquezas do Vaticano?
Não vejo a necessidade de mencionar a igreja evangélica freqüentada por homossexuais e lésbicas que foi fundada por um casal de pastores gays...
Deus tenha misericórdia de todos nós!

A seguir uma lista das Principais igrejas fundadas pelo homem depois de Cristo:

BRASIL

- Congregação Cristã no Brasil – fundada em 1910 pelo ítalo-americano Luís Francescon;

- Brasil para Cristo – fundada em 1955 por Manuel de Melo e Silva;

- Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) – fundada em 1977 por Edir Macedo e R. R. Soares no Rio de Janeiro;

- Igreja Internacional da Graça – fundada em 1980 por R. R. Soares no Rio de Janeiro após um desentendimento com Edir Macedo.

O brasileiro sabe usar a sua reconhecida criatividade até para fundar igrejas.

ROMA

- Igreja Católica Apostólica Romana – Muitos consideram que foi fundada no ano 312 (séc. IV) pelo imperador romano Constantino. Na verdade não se pode afirmar precisamente quem fundou a igreja católica, mas sabe-se que Nero que iniciou as primeiras perseguições aos cristãos em 54-68 d. C. e que o imperador Diocleciano promoveu a última e mais cruel delas em 303-305 d. C.
Em 313, o imperador Constantino se declara convertido ao cristianismo, concedendo liberdade religiosa em todo o império romano, por meio do Edito de Milão. Assim os cristãos puderam finalmente sair das catacumbas e celebrar livremente seu culto e “construir” suas igrejas.
Em 380 d. C. , o cristianismo passou a ser considerado a religião do estado romano, logo após o imperador Teodósio ter sido batizado cristão. Cerca de uma década depois, os cultos pagãos teriam sido proibidos e o cristianismo tornou-se efetivamente a religião oficial de Roma e organizou-se então como a igreja Católica Apostólica Romana, que construiu sua hierarquia tendo como modelo a estrutura administrativa do império.


ESTADOS UNIDOS

- Igreja de Cristo – fundada em 1827 por Alexander Campbell;

- Igreja Mórmon – fundada em 1830 por Joseph Smith;

- Igreja Adventista – fundada em 1843 por William Miller;

- Igreja das Testemunhas de Jeová – fundada em 1884 por Charles Taze Russel;

- Igreja Pentecostal – fundada em 1903 por A. J. Tomlinson;

- Igreja Assembléia de Deus – fundada em 19l4 por um grupo de pentecostais;

- Igreja do Evangelho Quadrangular (Cruzada Nacional) – fundada em 19l8 por Aimee Semple McPherson.

Obs.: Os americanos lideram mundialmente até na quantidade de fundações de igrejas ditas protestantes.

INGLATERRA

- Igreja Episcopal – fundada em 1534 pelo rei Henrique VIII;

- Igreja Congregacional – fundada em 1580 por Robert Browne;

- Igreja Metodista – fundada em 1739 por John Wesley.

ALEMANHA

- Igreja Luterana – fundada em 1520 por Martinho Lutero.

SUÍÇA

- Igreja Presbiteriana – fundada em 1536 por João Calvino.

APESAR DE MUITOS FAZEREM DA PALAVRA DE DEUS UM COMÉRCIO, FONTE DE RENDA OU UMA PROFISSÃO, ALGUNS IRMÃOS SEGUEM FIELMENTE O ENSINAMENTO DE JESUS CRISTO, QUE NOS DEU A GRAÇA DE GRAÇA E ORDENOU PARA ANUNCIARMOS O EVANGELHO DA MESMA FORMA. AÍ ESTÁ A ESPERANÇA EM TODO O MUNDO, POIS CRISTÃOS DESVINCULADOS DE QUAISQUER ORGANIZAÇÕES ECLESIÁSTICAS E RELIGIOSAS, PROCURAM REVIVER EM PEQUENOS GRUPOS OU CÉLULAS NAS SUAS CASAS JUNTOS ÀS SUAS FAMÍLIAS E IRMÃOS, A VERDADEIRA IGREJA FUNDADA POR JESUS CRISTO. TAIS GRUPOS COMO NO PASSADO, SERÃO, SE JÁ NÃO SÃO, PERSEGUIDOS COMO SEITAS, APESAR DE ESTAREM DIVULGANDO O VERDADEIRO EVANGELHO DO REINO À MARGEM DO SISTEMA RELIGIOSO IMPOSTO. QUE ASSIM SEJA!

O Senhor Jesus Cristo disse e está escrito em Mateus 18:20 : “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou no meio deles”.

Em Romanos 16:4 e 5 Paulo escreve: “...o que não só lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios. Saudai também a igreja que está em sua casa.”

O que Jesus espera dos seus verdadeiros discípulos, está em Mateus 10:7-10 : “ ...e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus. Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça daí. Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão, porque digno é o trabalhador do seu alimento”.

Por Eumário José Teixeira.

12 de out. de 2010

FALSOS PROFETAS, POLÍTICA E MAÇONARIA

“É muito difícil..." era o jargão de um personagem de um programa cômico da TV e realmente está muito difícil a caminhada para um crente, evangélico, cristão ou discípulo hoje em dia. Mas a tendência é piorar, pois segundo a Palavra, a porta que nos leva a Jesus Cristo é estreita e poucos, e creio que pouquíssimos, passarão por ela. Se não bastasse o sistema mundial que nos envolve e nos molda para o mal, ainda vemos uma crescente horda de pastores e líderes protestantes envolvidos em denúncias e escândalos revelados pelos próprios colegas de profissão, se é que podemos classificar o pastorado como um ofício.
Eles estão no alto de seus púlpitos deixando as pobres ovelhas desorientadas, pois ao invés de guiá-las para um lugar seguro, as estão direcionando para a cova do lobo cada vez mais faminto.
Quando eu comecei a ouvir rumores sobre o projeto para os direitos humanos que o PT quer implantar no Brasil caso Dilma for eleita, ou seja, sobre o polêmico PNDH-3, procurei me informar na internet sobre o assunto. Tais denúncias contra o PNDH-3 foram a princípio feitas pela igreja católica e agora são apoiadas pelas denominações evangélicas. Ora, na política eu sempre tendi para a esquerda, mas lendo e ouvindo assuntos referentes ao PNDH-03, concluí que tudo no mundo está caminhando e se adequando realmente para o governo global do anticristo. Tanto faz esquerda ou direita, conservador ou liberal, na política tudo se projeta para a queda da humanidade e de seus valores mais sagrados, como a família, por exemplo. Para se ter alguma idéia do que consta no projeto petista para o futuro, eis alguns itens: Liberação total do aborto; casamento homossexual; adoção de crianças por homossexuais; criminalização da “homofobia”; “desconstrução da heteronormatividade”; “controle social” da imprensa; eufeminismo para censura; legitimação da prostituição, etc.
Mas uma coisa puxa a outra, e pesquisando sobre assuntos relativos cheguei através do youtube aos vídeos de ex-pastor presbiteriano Caio Fábio que dizem ser “cria” do pastor norte-americano Billy “grana” Graham”. Caio Fábio após sua “queda” (adultério e problemas com o fisco) em 1998, se diz agora alheio ao sistema das igrejas evangélicas do Brasil, fazendo denúncias, verdadeiras bombas, contra seus ex-colegas pastores que o rifaram do circuito evangélico; ele denuncia figuras como o futuro presidente da Assembléia de Deus, Silas Malafaia, e seu partner norte-americano ou brasileiro, Morris Cerullo; o pastor galã e chorão, Marco Feliciano; o presidente da Igreja Universal e inimigo nº 1 da rede globo, Edir Macedo; o co-fundador da IURD e que depois do racha fundou a Igreja da Graça, R. R. Soares; e outros mais. Caio Fábio agora com um visual de guru transcendental, de barba e cabelos longos, os acusa pelo site do qual agora ministra, de fazerem comércio da Palavra de Deus, como também de forjarem milagres e forçarem doações expressivas em trocas de supostas graças materiais, vide Morris Cerullo e a famosa taxa de R$ 900,00.
Mas não é só isso, navegando sem parar me deparei também com a escandalosa lista que circula pela internet de autoria de um ex-maçom grau 33 conhecido como Pastor Saad, sobre os vínculos de denominações evangélicas de tradição no Brasil com a maçonaria, que é no mínimo para Deus, uma aberração! Dentre os pastores que seriam maçons estão os desafetos de Caio Fábio acima citados e o próprio. Ora pois, a maçonaria é uma entidade filantrópica e ecumênica, ou seja, não importa sua crença, se és espírita, macumbeiro, católico, evangélico, ateu ou satanista, lá você é bem recebido se guardar as regras e segredos da casa. Basta adorar o deus deles, G.A.D.U.(Grande Arquiteto do Universo). Esse é um ambiente adequado para um homem de Deus? Está escrito em Mateus 6.24: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”.
As ovelhas, coitadas, ficam então no meio do “tiroteiro santo” escandalizadas com as denúncias que mancham os currículos dos seus até então impecáveis guias espirituais que seriam aparentemente iluminados por Deus.
A verdade é que eles lutam pelo poder, o poder que Jesus Cristo recusou ao ser tentado por Satanás no deserto por quarenta dias descrito em Lucas 4.1-13. Eles foram pegos pela vaidade admitida pelo pregador no Livro de Eclesiastes. Eles estão assumindo o papel de falsos profetas abominados por Deus em Mateus 7.15-23, onde nos versículos 22-23 está escrito: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade".
Creio que nos bastaria a dignidade de ser cristãos, discípulos de Jesus, e a prosperidade que unicamente deveria nos interessar ao invés da material seria a riqueza do caráter de Cristo Jesus. Cuidado com os falsos ídolos de carne e osso, pois como está escrito em João 14.6: “Respondeu-lhes Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida: ninguém vem ao Pai senão por mim”.
Meu Deus, tenha piedade de nós, sei que não levaremos nada dessa vida, nem orgulho, nem bens materiais, nem reconhecimento humano.
Cuidado pois, ovelhas desavisadas, quando a igreja começar a ministrar correntes de oração com o intuito de fazer cair do céu o carro do ano ou uma posição de destaque na sua empresa em troca de generosas ofertas ou dízimos, certamente tem alguma errada, os bodes podem estar implantando sutilmente o evangelho da oferta. Ainda em Mateus 8.20 temos: “Mas Jesus respondeu-lhe: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”. Lembre-se que o senhor Jesus Cristo, o filho legítimo de Deus, que derramou seu sangue precioso na cruz do calvário para nos salvar da perdição eterna, não tinha onde repousar a cabeça...e o que vemos hoje são pastores, supostos donos da verdade, vestidos em ternos caríssimos, bem produzidos para seus shows como autênticos apresentadores de programas de auditório, desfilando em seus carrões do ano cercados de seguranças, morando em mansões não acessíveis a qualquer ovelha, vendendo livros, cds, dvds, todo o tipo de objetos santificados, bênçãos, curas e milagres em nome de Deus.
Meu Senhor, é chegado realmente o fim dos tempos, tenha misericórdia dos que realmente querem uma transformação em sua vida e na de sua família, a verdadeira mudança de caráter em Cristo, pois se somos realmente novas criaturas, moraríamos mesmo embaixo de uma ponte, pois estando com Deus e ele em nós, não precisaremos de mais nada, nada nos faltará, pois temos a maior de todas as riquezas e estaremos debaixo de suas asas, haja o que houver.

Eumario J. Teixeira

4 de out. de 2010

OBITUÁRIO DO BLUES, JAZZ, SOUL E ROCK & ROLL

Datas de falecimento dos grandes ícones da música norte-americana e européia.

Com o simples objetivo de informar e se manter informado, venho a partir desta tentar manter esse obituário atualizado, para que a partida de alguns nomes importantes da música não passem desapercebidos.
Obs.: Aceito ajuda para atualização ou correção do quadro de datas dos falecimentos.


Willie Dixon cantava no Big Three Trio na década de 1940: “Don’t Let That Music Die...”, ou seja, “não deixe esta música morrer....”, mas o tempo está passando e eles estão indo aos poucos. Eles são a música, a boa música, e só nos deixam saudades e alguns registros em som e vídeo. Dêem uma olhada, por exemplo, a partir de 2000 para frente, quantos se foram...o fim está próximo e o espaço para a música de primeira está cada vez mais restrito e estreito...Ai de nós!
Apesar de grandes nomes da música já terem partido em décadas anteriores, decidi iniciar os registros pela década de 1940 por simples questão de espaço.


Década de 1940

- 02/03/1942 – Charlie Christian, exímio guitarrista de jazz, se projetou no sexteto de Benny Goodman, sua destreza abriu caminho para solos de guitarra nas big-bands, influenciou vários guitarristas como T-Bone Walker e George Benson; morto em decorrência de tuberculose aos precoces 25 anos de idade.
- 15/12/1944 – Glenn Miller, trompetista, bandleader, impôs o som de sua big-band cheio de swing em plena segunda grande guerra mundial. Morto precocemente aos 40 anos em acidente aéreo enquanto se dirigia para a França em plena guerra. Os destroços do avião nunca foram localizados.
- 01/06/1948 - Sonny Boy Williamson I (John Lee Curtis Williamson), gaitista e vocalista de blues, talvez o primeiro gaitista popular do gênero, autor do clássico “Good Morning Little School Girl” gravado pelos Yardbirds e tantos outros, após sua morte muitos surgiram com o nome “Sonny Boy” almejando seu lugar; foi assassinado na rua enquanto se dirigia à uma apresentação em circunstâncias não totalmente esclarecidas, aos precoces 34 anos. Sua últimas palavras, segundo consta, foram: “Lord, have mercy”.

Década de 1950

- 12/03/1955 – Charlie Parker, Jr., fundador do movimento bebop no jazz, saxofonista, conhecido como “bird, morto aos precoces 34 anos.
- 15/08/1958 – Big Bill Broonzy (William Lee Conley Broonzy), exímio guitarrista e vocalista de folk & blues, morto em decorrência de câncer na garganta.
- 03/02/1959 – Buddy Holly (Charles Hardin Holley), vocalista, guitarrista e compositor de rock, não o rock & roll básico, já que tendia mais para o pop rock com influências de rockabilly, isso já no final da segunda metade dos anos de 1950; inovador, ostentava uma guitarra fender stratocaster, tinha um visual nada rebelde para um roqueiro, já que usava óculos de grau e terno; iniciou sua meteórica trajetória acompanhado pelos The Cricketts (baixo acústico e bateria); gozou apenas um ano e meio de sucesso, pois após largar os Cricketts para seguir carreira solo em 1959, morre num desastre aéreo após um show, quando o aeroplano que decolou de Clear Lake, Iowa, caiu há algumas milhas depois no milharal de Albert Jahl; Buddy Holly tinha apenas 22 anos.
- 15/03/1959 – Lester Young, saxofonista tenor de jazz, excêntrico e extremamente tímido, fez uma rica parceria com Billie Holliday, os dois se completavam nos palcos e estúdios, ele quem apelidou Billie de “Lady Day” e esta por sua vez o chamava de “Presidente” e mais tarde abreviou para “Pres”; seus problemas com o álcool o levou à morte aos 49 anos. Billie faleceria quatro meses após.
- 17/07/1959 – Billy Holliday (Eleanor Fagan Gough) chamadas pelos fãs de Lady Day, cantora de estilo elegante e charmoso de jazz, blues e love songs, morta em decorrência de complicações hepáticas aos 44 anos.

Década de 1960

- 24/05/1963 – Elmore James, de vocal estridente era considerado o rei da slide guitar, um ícone do blues deixou vários seguidores como J. B. Hutto, Jeremy Spencer e George Thorogood, gravou ¨Dust My Broom” e “It Hurts Me Too”, morto em decorrência de ataque cardíaco aos 45 anos.
- 11/12/1964 – Sam Cooke (Samuel Cook), cantor de soul, iniciou-se com o gospel mas foi seduzido pela música do mundo como o soul, blues e pop; suas gravações de gospel e spirituals são de primeira qualidade e geralmente era acompanhado pelo conjunto vocal The Soul Stirrers. Mas sua fama veio mesmo com o som mais comercial, e alguns de seus maiores sucessos são “You Send Me”, “Only Sixteen”, “Wonderful World”, “Cupid”, “Chain Gang” e “Twistin’ The Night Away”. Sam Cooke viveu os momentos de tensão racial nos EUA no início dos anos de 1960, foi ativista político e amigo de outro ídolo afro-americano que lutava pela mesma causa, Muhammad Ali. Cooke Morreu, aos precoces 33 anos, assassinado a tiros num motel de Los Angeles pela gerente que alegou legítima defesa, já que ele estaria correndo em sua direção descontrolado e semi-nu. O caso nunca foi devidamente esclarecido.

- 25/05/1965 – Sonny Boy Williamson II (Alex “Rice” Miller), gaitista e vocalista de blues de estilo excêntrico e pessoal, que tinha como preferência as gaitas Hohner; idolatrado por John Mayall, The Yardbirds e The Animals, faleceu em decorrência de causas naturais aos 65 anos.
-15/04/1967 - J. B. Lenoir, guitarrista, vocalista e compositor de blues, manifestava em suas letras seu repúdio à guerra do vietnã e à discriminação racial; foi ídolo de John Mayall que compôs “The Death Of J. B. Lenoir” ao saber de seu falecimento em conseqüência das lesões sofridas e indevidamente tratadas decorrentes de um acidente de trânsito, aos precoces 38 anos.
- 17/07/1967 – John Coltrane, Saxofonista e compositor de jazz, morto em decorrência de câncer no fígado.
- 10/12/1967 – Otis Redding (Otis Ray Redding, Jr.), cantor de soul, um dos maiores expoentes do gênero, foi a sensação no célebre festival internacional pop de Monterey em 1967 junto com Janis Joplin e Jimi Hendrix. Lançou vários hits da soul music, tais como “Mr. Pitiful”, “Come To Me”, “That´s How Strong My Love Is”, “Fa-Fa-Fa-Fa-Fa (Sad Song)”, “Try A Little Tenderness” e a belíssima “(Sittin’ On) The Dock Of The Bay” que foi lançada após sua morte, aos precoces 26 anos, em decorrência da queda do avião em que se encontrava ao sobrevoar Madison, no estado de Wisconsin.
- 15/02/1968 – Little Walter (Marion Walter Jacobs), gaitista e vocalista de blues, o primeiro a amplificar a gaita, imortalizou os blues “Juke”, “Key Of The Highway”, “My Baby” e “You Better Watch Yourself”; de temperamento explosivo aliado ao vício dos jogos, bebidas e mulheres, faleceu devido às lesões adquiridas numa briga de rua, aos precoces 37 anos.
- 19/05/1969 – Coleman Hawkins (Coleman Randolph Hawkins), saxofonista de jazz venerado, morto em decorrência de causas naturais aos 64 anos.
- 01/12/1969 – Magic Sam (Samuel Maghett), guitarrista e vocalista do west side de Chicago, que junto a Otis Rush, Buddy Guy e Luther Allison renovou o blues elétrico no final da década de 1950; morreu em decorrência de ataque do coração precocemente aos 32 anos.

Década de 1970

- 21/04/1970 – Earl Hooker (Earl Zebedee Hooker), guitarrista de blues, primo de John Lee Hooker, era considerado o guitarrista dos guitarristas de blues, apesar de não se limitar somente ao blues, pois usualmente fazia versões instrumentais de clássicos de blues e rock; morto em decorrência de ataque cardíaco aos precoces 41 anos.
- 24/04/1970 – Otis Spann, pianista e vocalista de blues, participou da banda de Muddy Waters nos anos de 1950, gravou com o Peter Green’s Fleetwood Mac, morto em decorrência de ataque cardíaco aos precoces 40 anos.
- 03/09/1970 – Alan “Blind Owl” Wilson, vocalista, pianista, gaitista e guitarrista de blues, membro fundador da banda californiana Canned Heat, expert em blues, gravou com John Lee Hooker pouco antes de morrer em decorrência de overdose de drogas, aos precoces 27 anos.
- 18/09/1970 - Jimi Hendrix, o maior guitarrista do rock de todos os tempos, morto em decorrência overdose, aos 27 anos.
- 04/10/1970 - Janis Joplin, branca de voz negra, cantora de rock e blues, morta em decorrência overdose, aos 27 anos.
- 06/07/1971 – Louis Armstrong, trompetista, vocalista e líder carismático de banda de jazz, tinha como característica sua voz rouca, participou de filmes, foi considerado “Embaixador do Jazz” pelo mundo; morto em decorrência de causas naturais aos 69 anos.
- 12/10/1971 – Gene Vicent (Vicent Eugene Cradoock), vocalista, guitarrista e compositor de rock & roll, sempre acompanhado pela banda Blue Caps, estourou na segunda metade dos anos de 1950 com o hit “Be-Bop-A-Lula” e outros como “Blue Jean Bop” “Who Slapped John” e “Crazy Legs”, mas infelizmente sofreu um acidente de carro durante uma excursão na Inglaterra no qual faleceu seu grande amigo e também guitarrista de rock, Eddie Cochran. A partir desta tragédia Vicent nunca mais se recuperou, veio a depressão e o consumo excessivo de álcool, que o levou a morte em decorrência de cirrose gástrica, aos precoces 36 anos.
- 29/10/1971 - Duane Allman, exímio guitarrista slide co-fundador da banda de southern rock, The Allman Brothers Band; gravou com Eric Clapton, Aretha Franklin, Bozz Scaggs, Wilson Pickett, John Hammond, dentre outros, morto em decorrência de acidente de motocicleta, aos 25 anos.
- 27/01/1972 – Mahalia Jackson, rainha do gospel, influência decisiva para Aretha Franklin, morta em decorrência de causas naturais.
- 28/03/1974 – Arthur “Big Boy” Crudup, guitarrista e vocalista de country blues, de quem Elvis gravou “That’s All Right (Mama)” de forma mais acelerada e estourou para o mundo; morto em decorrência de causas naturais aos 68 anos.
- 24/05/1974 – Duke Ellington (Edward Kennedy Ellington), conhecido como “duque do jazz”, compositor e pianista, líder de big-band que tocava swing, progressive jazz e standards, morto em decorrência de complicações de câncer e pneumonia aos 75 anos.
- 16/03/1975 – T-bone Walker (Aaron Thibeaux Walker), guitarrista e vocalista de blues, autor de “Stormy Monday Blues”, venerado por Chuck Berry e B. B. King, morto em decorrência de causas naturais aos 64 anos.
- 04/02/1975 – Louis Jordan, saxofonista e líder dos Timpany Five, foi considerado por muitos como um músico à frente de seu tempo, entre seus grandes admiradores está B. B. King e Chuck Berry, sua banda tinha um som balançante e com batidas semelhantes ao que viria a ser o rock & roll; morto por causas naturais aos 66 anos.
- 17/12/1975 – Hound Dog Taylor (Theodore Roosevelt taylor), guitarrista slide e vocalista de blues, redescoberto por Bruce Iglauer da Alligator Records em meados da década de 1970, quando ele estava ficando em evidência novamente, faleceu em decorrência de um câncer, aos 60 anos.
- 10/01/1976 – Howlin’ Wolf (Chester Arthur Burnett), um dos pilares do blues de Chicago, vocalista de voz gutural e uivante, gaitista e guitarrista, gravou “Sittin’ On Top Of The World”, “The Red Rooster” e “Who’s Be Talking”, morto em decorrência de complicações em cirurgia aos 66 anos.
- 27/08/1976 – Jimmy Reed (Mathis James Reed), guitarrista, gaitista e vocalista de blues, conhecido como o “rei do soft blues” ou blues suave e dançante. Dono de vários hits gravados por The Rolling Stones, The Animals, The Yardbirds, Them, Elvis Presley e outros; alguns de seus maiores sucessos foram “Bright Lights Big City”, “Big Boss Man”, “Shame, Shame, Shame” e “Ain’t That Loving You Baby”, morto em decorrência de crise epilética com parada respiratória aos 50 anos.
- 28/12/1976 – Freddy (Freddie) King, vocalista e guitarrista influente do blues gravou “I’ m Tore Down”, “Hide Away”, “San-Ho-Zay”, “Have You Ever Loved A Woman” e “Someday After A While (You’ll Be Sorry)”; Eric Clapton, Peter Green, Mick Taylor e John Mayall eram fãs devotos do guitarrista texano, morto precocemente em decorrência de ataque cardíaco.
- 16/08/1977 - Elvis Presley, o rei do Rock, o branco de voz negra, o elo que uniu a música de brancos e negros, dominava as baladas, o rock & roll, o gospel e o blues, de enorme discografia e hits, foi adorado pelos Beatles e Rolling Stones, respeitado por Mahalia Jackson, B. B. King e Albert King, morto em decorrência de insuficiência cardíaca, aos 42 anos.

Década de 1980

- 30/01/1980 – Professor Longhair (Henry Roeland Byrd), pianista e vocalista de blues e folk de New Orleans exótico e carismático, entre seus admiradores estavam Doctor John e Snooks Eaglin, reconhecido comercialmente pouco antes de falecer em decorrência de causas naturais aos 61 anos.
- 15/02/1981 – Michael (Mike) Bloomfield, guitarrista norte americano de blues rock, tocou com Paul Butterfield, American Flag, Al Kooper e Bob Dylan, morto em decorrência de overdose aos 37 anos.
- 05/04/1981 - Bob "The Bear" Hite (vocalista do Canned Heat), morto em decorrência de infarto, aos 35 anos.
- 09/12/1981 – Bill Haley (William John Clifton Haley) , vocalista e guitarrista de rock & roll, popularizou o gênero antes da chegada de Elvis Presley. Apesar de começar a fazer sucesso e se tornar ídolo da juventude mesmo aos 30 anos, perderia seu posto para Elvis Presley que era mais jovem, sensual e agressivo em suas performances; Bill Haley Excursionou pela Europa com sucesso, coisa que não ocorreu com Elvis que nunca se apresentou fora dos EUA; sua marca característica era a mecha de cabelo na testa, tal como a do super-homem. Seus sucessos se tornaram hits memoráveis do rock & roll básico: “Rock Around The Clock”; “Shake, Rattle And Roll”; “ABC Boogie”; “See You Later Alligator”; The Saints Of Rock ‘N’ Roll, etc.; faleceu em decorrência de ataque cardíaco em sua casa aos 55 anos.

- 30/01/1982 – Lightnin’ Hopkins (Samuel Hopkins), guitarrista e vocalista texano de country blues, morto em decorrência de câncer de esôfago aos 69 anos.
- 17/02/1982 – Thelonious Monk (Thelonius Sphere Monk), pianista e compositor de jazz, de estilo nada ortodoxo e de som dissonante, classificado como bop, hard bop e post bop; irritou-se nos anos de 1970 com a influência do rock e do Free Jazz no cenário musical norte-americano, caiu em depressão e mudou-se para a Inglaterra onde foi amparado pela amiga e amante, Baronesa Pannonica de Koenieswarter, que financiava jazzistas norte-americanos em solo europeu; com ela permaneceu alheio à música até sua morte em decorrência de causas naturais.
- 30/04/1983 – Muddy Waters (Mckinley Morganfield), um dos pilares do blues, gravou “Mannish Boy”, “(I’m Your) Hoochie Coochie Man”, "I've Got My Mojo Working", e "I Feel Good", guitarrista slide e voz característica, morto em decorrência de ataque cardíaco aos 68 anos.
- 01/01/1984 – Alexis Korner, de nacionalidade francesa, guitarrista e vocalista de blues, jazz e rock, foi pioneiro dos gêneros na Inglaterra, mentor de vários músicos de r & b e rock britânicos como Mick Jagger, Keith Richards, Jimmy Page, John Paul Jones e John Mayall; morto em decorrência de câncer nos pulmões aos 55 anos.
- 01/04/1984 - Marvin Gaye, cantor de soul sofisticado, foi assassinado pelo próprio pai, aos 44 anos.
- 26/04/1984 – Count Basie (Willie Allen Basie), pianista e bandleader de uma banda de swing, jazz e blues, morto em decorrência de causas naturais aos 79 anos.
- 07/08/1984 – Esther Phillips (Esther Mae Jones), cantora de blues & jazz, conhecida no início de carreira como Little Esther Phillips, morta em decorrência de complicações hepáticas, aos 48 anos.
- 23/11/1985 – Big Joe Turner (Joseph Vernon Turner), vocalista da escola de Kansas City de blues gritado ou “shouter blues”, jazz, r & b, dono de uma voz de barítono inconfundível, foi um mestre para vocalistas como Jimmy Whiterspoon, Sam Cooke, Jackie Wilson e Fats Domino; morto em decorrência de parada cardíaca aos 74 anos.
- 25/12/1985 – Eddie “Playboy” Taylor, guitarrista e vocalista de blues, participou da banda de Jimmy Reed nos anos de 1950 e 1960, morto em decorrência de causas naturais aos 62 anos.
- 13/06/1986 – Benny Goodman, considerado o “rei do swing” e o “patriarca da clarineta”, foi bandleader e comandou um sexteto que revelou o incrível guitarrista Charlie Christian, morto em decorrência de causas naturais aos 77 anos.
- 04/05/1987 - Paul Butterfield, fundador da Paul Butterfield Blues Band, gaitista e vocalista de blues rock, morto em decorrência de overdose, aos 44 anos.
- 24/02/1988 – Memphis Slim (John Len Chapman ou Peter Chapman), pianista e vocalista de blues de estilo único, que fez carreira e fama na Europa onde também faleceu, de complicacões renais aos 72 anos.
- 09/04/1988 – Brook Benton (Benjamim Franklin Peay), cantor de soul, morto em decorrência de causas naturais aos 56 anos.
- 14/08/1988 – Roy Buchanan, guitarrista e vocalista de blues-rock, considerado o maior guitarrista desconhecido de todos os tempos, título irônico, pois era respeitado pela maioria dos guitarristas de blues e rock, mas não teve o reconhecimento merecido em vida. De temperamento forte, foi achado morto por enforcamento na cela de uma prisão em circunstâncias obscuras, aos 48 anos.
- 06/12/1988 - Roy Orbison, vocalista melancólico e pioneiro do rock & roll, de vários hits como "Oh, Pretty Woman", "Candy Man", "Mean Woman Blues", "Only The Lonely" e "Blue Angel", morto em decorrência ataque cardíaco, aos 52 anos.

Década de 1990

- 03/04/1990 – Sara Vaughan (Sara Lois Vaughan), vocalista de jazz, chamada de “Sassy” e “A Divina”, morta em decorrência de causas naturais, aos 66 anos.
- 25/04/1990 – Dexter Gordon, saxofonista de jazz, idolatrado na Europa onde fez carreira, gravou sua discografia e filmou, morto em decorrência de causas naturais aos 67anos.
- 27/08/1990 - Stevie Ray Vaughan, guitarrista texano influenciado por Jimi Hendrix e Albert King, morto em decorrência de acidente aéreo, aos 35 anos.
- 28/09/1991 – Miles Davis (Miles Dewey Davis), trompetista inovador, polêmico e criador, morto em decorrência de causas naturais aos 65 anos.
- 21/01/1992 – Champion Jack Dupree (William Thomas Dupree), ex-boxer, pianista e vocalista de blues da escola de New Orleans, pintor nas horas vagas, idolatrado na Europa onde viveu até sua morte por causas naturais aos 81 anos.
- 29/01/1992 – Willie Dixon (Willie James Dixon), baixista, vocalista, arranjador e empresário de blues, considerado “the big boss”, compôs vários blues hits para Muddy Waters, Howlin’ Wolf, Koko Taylor, Little Walter, Eddie Boyd e outros, ele era o blues e ele era a música; morto em decorrência de ataque cardíaco aos 77 anos.
- 21/12/1992 – Albert King, guitarrista canhoto de blues, mestre da flying V guitar, gravou “Born Under A Bad Sign”, “Oh, Pretty Woman” e “Crosscut Saw”, idolatrado por John Mayall, Stevie Ray Vaughan e Gary Moore; morto em decorrência ataque cardíaco.
- 06/01/1993 – Dizzie Gillespie (John Birks Gillespie), trompetista de jazz, idolatrado pelos músicos do gênero, morto em decorrência de causas naturais aos 75 anos.
- 24/11/1993 – Albert Collins, guitarrista e vocalista texano de blues, conhecido como “o mestre da telecaster” e que tinha Gary Moore, John Mayall, Robert Cray e B. B. King como admiradores; morto em decorrência de câncer aos 60 anos.
- 13/07/1994 – Eddie Boyd ( Edward Riley Boyd), pianista e vocalista de blues, gravou com John Mayall e Peter Green, venerado na Europa onde fez carreira e faleceu de causas naturais aos 79 anos.
- 18/11/1994 – Cab Calloway (Cabell Calloway), entertainer carismático, vocalista de big bands, jazz e r & B, morto em decorrência de causas naturais aos 87 anos.
- 15/06/1996 – Ella (Jane) Fitzgerald, cantora de jazz, chamada de “Lady Ella” e considerada a “Primeira Dama da Canção”. Junto a Sara Vaughan, Billie Holiday e Dione Warwick, foi considerada uma das maiores vocalistas femininas da música norte-americana.
- 14/05/1997 – Frank Sinatra, chamado de “the voice” e “the blues eyes”, quem nunca ouviu "Strangers In The Night", "My Way", "That's Life" e "New York, New York" com ele, morto em decorrência ataque cardíaco aos 82 anos.
- 18/09/1997 – Jimmy Whiterspoon, excelente vocalista de blues e jazz, morto em decorrência de causas naturais aos 77 anos.
- 19/12/1997 – Jimmy Rogers (James A. Lane), guitarrista e vocalista de blues, tocou nas bandas de Muddy Waters e Howlin’ Wolf, morto em decorrência de causas naturais, aos 73 anos.
- 15/01/1998 – Junior Wells, lendário gaitista e vocalista de blues, fez durante sua carreira uma forte parceira com o guitarrista e amigo Buddy Guy. Morto em decorrência de ataque cardíaco aos 63 anos.
- 19/01/1998 – Carl Perkins (Carl Lee Perkins), vocalista e guitarrista de rockabilly, autor de “Blue Suede Shoes”, que foi seu principal sucesso na segunda metade dos anos de 1950 até sofrer um acidente automobilístico que o deixaria afastado por um longo período; justamente nesta época surge um tal Elvis Presley que grava a nova versão mais acelerada para “Blue Suede Shoes” e rouba o cenário do rock & roll; Carl Perkins nunca mais recuperaria seu prestígio apesar de ter fãs famosos como Paul McArtney dos Beatles que procurou apoiá-lo nos momentos difíceis; Perkins faleceu em decorrência de vários derrames sucessivos aos 65 anos.
- 06/03/1999 – Lowell Fulson, descendente de índios e negros, guitarrista e cantor de blues, uma das influências de Eric Clapton, dono do famoso riff de “Reconsider Baby”, morto em decorrência de causas naturais aos 78 anos.
- 12/10/1999 – Frank Frost (Frank Otis Frost), gaitista e vocalista de blues, membro fundador dos Jelly Roll Kings, morto em decorrência de causas naturais aos 63 anos.

Década de 2000


- 21/06/2001 - John Lee Hooker, the boogie man, ícone do country & talking blues, guitarrista e vocalista influente, gravou “ Boogie Chillen” e “ One Bourbon, One Scotch, One Beer”, “Boom Boom Boom”, morto em decorrência causas naturais, aos 83 anos.
- 15/12/2001 – Rufus Thomas, cantor hilário de blues, r & b, soul, gravou “Walking The Dog” que foi regravada pelos Rolling Stones; morto em decorrência de causas naturais aos 84 anos.
- 31/08/2002 – Lionel Hampton, vibracionista e vocalista de jazz, morto em decorrência de causas naturais aos 93 anos.
- 21/04/2003 – Nina Simone, batizada Eunice Kathleen Waymon, cantora e exímia pianista, dominava os gêneros jazz, blues, folk e country. Escolheu tal nome artístico por ser fã da atriz francesa Simone Signoret, se apresentava como Nina Simone para cantar jazz e blues nos bares para não ser descoberta pelos pais metodistas no início de sua carreira. Faleceu na França em decorrência de causas naturais, dormindo em sua cama, aos 70 anos.
- 12/09/2003 - Johnny Cash, cantor e guitarrista de country & rock, “o homem de preto”, iniciou a carreira junto à Elvis Presley, Carl Perkins e Roy Orbinson na Sun Records, gravou com Bob Dylan e flertou com o cinema, morto em decorrência de Síndrome de Shy-Drager e Diabetes, aos 71 anos.
- 10/06/2004 – Ray Charles, pianista e vocalista de soul, r & b, blues e country & western, cego desde de criança, autodidata, um ícone da música afro-americana, dos sucessos "I Can't Stop Lovin' You", "Hit The Road Jack", "Unchain My Heart" e "Georgia On My Mind", morto em decorrência de causas naturais aos 73 anos.
- 13/04/2005 – Johnnie Johnson (John Clyde Johnson), pianista e cantor de blues, R&B e rock & roll, foi líder do The Sir John Trio no início dos anos de 1950 até que um guitarrista ambicioso e que tinha jeito para negócios chamado Chuck Berry tomou-lhe o posto de chefe da banda e se tornou o frontman do conjunto, sem oposição alguma do pacato e modesto Johnnie que atuou como pianista de Chuck Berry por muitos anos e inclusive foi seu parceiro de composições; o hit de Chuck Berry e que todos guitarristas de rock têm que tocar, “Johnny B. Goode”, é um tributo à Johnnie Johnson. Após sair da banda de Berry, Johnson adotou uma postura de bluesman e gravou bons discos como Blue Hand Johnnie (1987), Johnnie B. Bad (1992) e Johnnie B. Back (1995); faleceu aos bem vividos 80 anos.
- 04/08/2005 – Little Milton (James Milton Campbell Jr.), contemporâneo de B. B. King, guitarrista e vocalista de blues, morto em decorrência de causas naturais aos 70 anos.
- 10/09/2005 – Clarence “Gatemouth” Brown, guitarrista, violonista e cantor de blues, country e folk texano, morto em decorrência de causas naturais aos 80 anos.
- 19/01/2006 – Wilson Pickett, cantor de soul e R&B. "The Wicked" Wilson Pickett era conhecido pelo seu estilo ardente de cantar e pela sua voz rouca desenvolvidos durante sua fase gospel na igreja e ruas de Detroit; vários de seus hits, verdadeiros clássicos do soul como “In The Midnight Hour”, Land Of 1000 Dances” , “Mustang Sally”, “634-5789 (Soulsville, U.S.A.)”, “Ninety Nine and a Half (Won't Do)” e “Funky Broadway”, foram regravados por vários artistas do rock; sua gravação de “Hey Jude” dos Beatles com Duane Allman na guitarra foi julgada por alguns como melhor que a original; Pickett começou a ter problemas de saúde a partir de 2004, pretendia voltar a gravar gospel, mas não se recuperou a tempo, falecendo em decorrência de causas naturais aos 64 anos.
- 17/07/2006 – Sam Myers, baterista de Elmore James até a morte deste em 1963, prosseguiu sua carreira no blues como trompetista, gaitista, compositor e vocalista; morto em decorrência de câncer na garganta aos 70 anos.
- 07/09/2006 – Bonnie Lee, cantora de Blues, morta em decorrência de causas naturais.
- l8/10/2006 – Snooky Pryor, gaitista e vocalista de blues, morto em decorrência de causas naturais.
- 17/11/2006 – Ruth Brown, cantora de blues, r&b, soul e jazz, morta em decorrência de causas naturais.
- 21/11/2006 - Robert Lockwood Junior, bluesman, afilhado do lendário Robert Johnson, morto em decorrência de causas naturais.

- 02/12/2006 – Mariska Veres, vocalista morena e exótica da banda holandesa Shocking Blue; era dona de uma voz rouca, roupas não convencionais e forte maquiagem que confundiam o público que se perguntava se a cantora era homem ou mulher; Mariska originariamente cantava na banda Bumblee Bee quando foi descoberta pelos produtores do Shocking Blue que precisavam de uma figura semelhante para ocupar a vaga do primeiro vocalista que deixou a banda em 1968. No ano seguinte o Shocking Blue com Mariska Veres implacou o hit mundial “Vênus” e entrou para a história do pop rock. Outro sucesso da banda foi “Love Buzz”, regravada pelo Nirvana; Mariska Verez faleceu em 02 de dezembro de 2006, com 59 anos, em decorrência de um câncer.
- 25/12/2006 - James Brown, mestre do funk e soul, morto em decorrência pneumonia, aos 73 anos.
- 06/05/2007 – Carey Bell Harrington, gaitista e vocalista de blues, morto em decorrência de causas naturais.
- 12/12/2007 – Ike Turner, ex-marido de Tina Turner, vocalista, compositor, arranjador, multi-instrumentista de blues e soul, morto em decorrência de causas naturais.
- 02/06/2008 - Bo Diddley, Elias McDaniel, pioneiro do rock & roll tribal dos anos 50, alguns de seus sucessos foram "Bo Diddley", "I'm A Man", "Who Do You Love" e "Pretty Thing", morto em decorrência de causas naturais.
- 29/12/2008 – Freddie Humbard (Frederick Dewayne Hubbard), trompetista de jazz, morto em decorrência de ataque cardíaco aos 70 anos.
- 18/02/2009 - Snooks Eaglin (Fird Eaglin), guitarrista e cantor de blues, soul e folk no estilo de New Orleans, sua música também é influenciada pelo cajun, gospel, jazz, e até flamenco; cego desde um ano de idade devido ao glaucoma, Snooks Eaglin tinha um ouvido apurado para a música, tornou-se conhecido “the Juke box man’, suas apresentações eram sempre improvisadas já que ele tocava o que vinha na sua mente; seu apelido veio de um personagem de rádio chamado “baby snooks”, devido as suas travessuras; Eaglin raramente saía da cidade de New Orleans e faleceu quando estava internado para um tratamento de um câncer, que o levou a um ataque cardíaco aos 73 anos.
- 03/06/2009 – Koko Taylor (Cora Walton), cantora de blues e r&b de muita garra lançada por Willie Dixon, morta em decorrência de complicações gastrointestinais, aos 80 anos.
- 21/09/2009 – Sam Carr, célebre baterista de blues e membro fundador dos Jelly Roll Kings, morto em decorrência de causas naturais aos 80 anos. 


Década de 2010

- 10/10/2010 – Solomon Burke, um dos maiores vocalistas negros de soul, gospel e rhythm & blues; no início dos anos de 1960 gravou para o selo Atlantic inúmeros hits tais como “Everybody Neds Somebody To Love”, “Cry To Me”, “Home In Your Heart”, “Down In The Valley” e “Get Out Of My Life Woman”; deixou um enorme vazio para música afro-americana ao morrer em decorrência de um ataque cardíaco aos 70 anos de idade.
- 06/02/2011 – Gary Moore, um dos mais talentosos guitarristas e vocalistas de rock da Irlanda, seu estilo mesclava a rapidez de um Alvin Lee e a técnica jazzística de John McLaughlin; começou profissionalmente na banda de Belfast, Skid Row; em seguida foi convidado em 1973 pelo vocalista e baixista Phil Lynott a integrar o grupo irlandês Thin Lizzy; em 1975 partiu para uma banda de jazz progressivo e tentou uma carreira solo; em 1978 retorna ao Thin Lizzy onde ficou por pouco tempo e logo forma uma outra banda, o G-Force; uniu-se posteriormente ao Greg Lake Band até que a partir de 1981 seguiu definitivamente a carreira solo; de posse da famosa Les Paul dourada do sensacional, mas surtado, Peter Green (a quem Moore tanto admirava), Moore gravou e se apresentou com ícones do blues e declaradamente seus ídolos como Albert King, B. B. King e Albert Collins. Com participação especial de Albert King gravou o excelente disco Still Got The Blues de 1990 e prosseguiu sua carreira alternando rock pesado, baladas & blues. Segundo consta, Gary Moore morreu solitário e em decorrência de um ataque cardíaco no seu quarto em um hotel de luxo na Espanha, aos 58 anos.
- 04/12/2011Hubert Sumlin, foi o guitarrista solo da banda do lendário bluesman Howlin Wolf. Diz a história que Sumlin teria sido motivo de disputa entre Wolf e Muddy Waters na Chicago dos anos de 1950, mas o velho “lobo uivante” saiu vencedor, é claro. Hubert Sumlin se caracterizou pelos riffs e distorções na guitarra elétrica que marcaram os hits de Howlin’ Wolf até então surpreendentes para época. Na lista dos 100 melhores guitarristas de todos os tempos da revista Rolling Stone, Sumlin figurou no 43º lugar. O guitarrista foi reconhecido e venerado por feras como Jimi Hendrix, Eric Clapton e Keith Richards. Sumlin, nascido no Mississipi, cresceu no Arkansas e mudou-se para Chicago onde conheceu e fez uma das mais felizes parcerias do blues com Wolf, permanecendo na banda deste até sua morte em 1976. Pode-se apreciar sua genialidade nas faixas como "Shake For Me", "Tell Me What I’ve Done", "Three Hundred Pounds Of Joy", "Spoonful" e "Backdoor Man", só para citar algumas. Hubert Sumlin não era tão técnico como T-Bone Walker, mas sua pegada causava arrepios. Sumlim prosseguiu tocando com a antiga banda de Howlin’ Wolf por alguns anos, ficou à margem do blues por décadas, mas nos últimos anos foi resgatado em festivais de blues por gente como Eric Clapton e Keith Richards que deviam muito ao mestre guitarrista de blues da escola de Chicago. Em 2002 Sumlin teve um pulmão retirado por causa de um câncer diagnosticado, mas mesmo debilitado continuava suas apresentações e comparecia em eventos em sua homenagem. Uma de suas últimas apresentações foi no Crossroads Guitar Festival de 2007, produzido por Eric Clapton em Chicago. Em 2008 conseguiu seu espaço no Hall da Fama do Blues. Hubert Sumlin se foi aos 80 anos consciente de sua influência inspiradora para o blues elétrico, agora restam muitos poucos de sua geração.
- 20/01/2012 - Etta James (Jamesetta Hawkins), cantora de voz poderosa e marcante de soul, blues, r&b e jazz, infuenciou grandes nomes como Tina Turner e teve seu melhor momento na década de 1960 com vários hits como "At Last", "Tell Mama", "Security", "Trust Me" e "Something's Got A Hold Of Me". Durante sua carreira lutou contra o excesso de peso e sua dependência de heroína; em 2000 fez uma operação de redução de estômago e perdeu quase 100 kg; em 2003 gravou um cd premiado: "Let's Roll", com blues e soul; em 2004 outro cd aclamado e recheado de blues: "Blues To Be Bone". Etta faleceu em decorrência de complicações da leucemia aos 73 anos.
- 13/05/2012 – Donald “Duck” Dunn, baixista, compositor e produtor musical dos mais influentes da música Soul e do R & B afro-americano. Apesar da pele branca, ele e o guitarrista Steve Cropper, seu companheiro de infância, deram uma contribuição significativa para o desenvolvimento da soul music nos EUA, tocando, compondo e produzindo para astros negros da black music como Albert King, Sam & Dave, Otis Redding, Eddie Floyd, Rufus Thomas, etc. Gravou também com Muddy Waters, Jerry Lee Lewis, Bob Dylan, Eric Clapton e Neil Young, só para citar alguns. Foi inesquecível a participação da dupla Dunn e Cropper na banda dos The Blues Brothers de John Belushi e Dan Aykroyd, em filmes, discos e shows. Mas Donald Duck Dunn já era reconhecido como grande músico em meados da década de 1960, quando gravou com The Mar-Keys e integrou o legendário Booker T. & The MG’s, agora definitivamente desfeito com a passagem do “Pato”. Não há como imaginar The MG’s sem ele no baixo elétrico. Donald morreu dormindo num quarto de hotel em Tóquio, no Japão, aos 70 anos de idade após uma apresentação no Blue Note Night Club. Só ouviremos novamente “Green Onions” marcada com o som mágico das quatro cordas do baixo de Duck em discos, cds e dvds. Saudades do garoto que recebeu o apelido de “pato” por ser fanático pelos desenhos animados e quadrinhos do Pato Donald. Depois de Donald Duck, a galera começou a prestar a atenção na performance e importância de um bom baixista dentro de um banda. Antes de Paul McCartney, Jack Bruce, John Paul Jones, John Entwistle, Geezer Butler, Geddy Lee, existia o “Duck”...
- 07/06/2012 – Bob Welch (Robert Lawrence Welch, Jr.), foi vocalista, guitarrista e compositor da banda de rock inglesa Fleetwood Mac (na fase pop-rock). Bob era californiano e substituiu o guitarrista-slide de blues Jeremy Spencer, que saiu da banda meses depois da também retirada do outro guitarrista e gênio do blues, Peter Green. Welch foi recepcionado com a certeza de ser decisivo na revitalização do grupo, dentre os remanescentes ainda estava o jovem guitarrista Danny Kirwan (protegido de Peter Green) que sairia após o segundo disco gravado com Welch (Bare Trees). Bob permaneceu na banda de 1971 a 1974. Sua contribuição para a nova fase do grupo, longe da linha do blues, foi essencial para a recuperação do conjunto. Os álbuns que se destacaram com Welch foram: Future Games (1971); Bare Trees (1972), que trazia a belíssima canção “Sentimental Lady” de sua autoria, que também seria seu maior sucesso durante sua carreira solo; e Heroes Are Hard To Find (1974). Welch foi encontrado morto pela esposa, com um ferimento à bala no peito, indicando que se tratava de um suicídio. Ele teria deixado um bilhete de despedida, estava com 66 anos. As investigações continuam.
- 16/07/2012 - John Lord (Jonathan Douglas Lord) era o tecladista de vastos bigodes e co-fundador da banda britânica Deep Purple. A banda era considerada um componente da trindade do rock pesado dos anos de 1970, junto com o Led Zeppelin e Black Sabbath. Sua contribuição para banda que mais marcaram são os riffs dos clássicos “Child In Time” e “Smoke On The Water”. Participou também como integrante do grupo Whitesnake de David Coverdale durante o período de inatividade do Purple. Os teclados de John Lord davam ao Deep Purple um tom sofisticado à banda, apesar do som permanecer essencialmente pesado, mas era o que a diferenciava dos seus dois principais rivais, Zeppelin e Sabbath. John Lord morreu aos 71 anos vítima de embolia pulmonar (obstrução das artérias dos pulmões), ele já estava lutando com um câncer no pâncreas desde 2011, quando tinha parado de tocar.
- 06/08/2012 – Celso Blues Boy (Celso Ricardo Furtado de Carvalho), guitarrista e vocalista de blues e rock; considerado por muitos como o pioneiro do blues no Brasil; aos 17 anos começa a tocar como profissional na banda do ícone do rock nacional, Raul Seixas; tocou também para Sá & Guarabyra e Luiz Melodia. O “blues boy” de seu nome artístico seria uma homenagem ao seu grande ídolo do blues, B. B. King (ou Riley “Blues Boy” King), com quem chegou a tocar em 1986, durante as apresentações do “rei do blues” aqui no Brasil. Celso foi o líder das bandas nacionais Legião Estrangeira e Aero Blues, essa última considerada a primeira banda de blues do Brasil. Vertendo também para o rock, seu primeiro disco foi Som Na Guitarra (1984), no qual se destacou a faixa “Aumenta que isso aí é Rock’n Roll”. Remando contra a maré do mercado fonográfico brasileiro vieram outros álbuns, entre eles estão, Marginal Blues (1986); Blues Forever (1988), com versões pessoais de sucessos do blues, soul e rock, como “Built For Confort” de Willie Dixon, “Sittin On Dock Of Bay” de Otis Redding, e “Honk Tonk Women” dos Rolling Stones; Quando A Noite Cai (1989); Indiana Blues (1996) – destacando a faixa “Mississipi” com a participação de ninguém menos que B. B. King na faixa e no clip promocional; Vagabundo Errante (1999); e seu último CD “Por Um Monte De Cerveja” (2011). Celso Blues Boy gravou em 2008 seu único DVD ao vivo no Circo Voador, no Rio de Janeiro, também lançado em CD; participou de grandes festivais como o de Montreaux (na Suíça), onde chegou a tocar com a banda de James Brown em jam sessions. Com sua guitarra stratocaster destilando blues, Celso certamente inspirou o surgimento de outras bandas de blues no Brasil, tais como Blues Etílicos e Baseado em Blues, e como a maioria dos bluesmen, não conseguiu fazer fortuna com seu blues-rock. O nosso herói da guitarra, um fumante inveterado, faleceu prematuramente em Joinville, Santa Catarina, aos 56 anos, em decorrência câncer na laringe, ele já sofria de bócio, causado pela perda de iodo no organismo. 

- 21/02/2013 – Magic Slim (Morris Holt), nasceu no ano de 1937 em Grenada, no Mississipi. Se interessou a princípio pelo piano, mas ao sofrer um acidente com uma máquina de colher algodão que o fez perder o dedo mínimo da mão direita, ele foi obrigado a adotar a guitarra acústica. Aos 18 anos foi para Chicago e foi convidado pelo companheiro de luta e lendário guitarrista, Magic Sam (Samuel Maghetti), para tocar baixo em sua banda. Como Slim não teria se entrosado com os outros componentes do grupo, retorna ao velho Mississipi e recorre ao seu irmão Nick que assumiu o baixo, com ele a guitarra e mais um baterista, formando assim a primeira versão dos Teardrops no início dos anos de 1960. Uma das características mais notáveis de Magic Slim foi sua simplicidade, apesar do inseparável chapéu texano, de seus 1,98m e corpanzil forte, ele somava ao seu carisma, muita simpatia, bom humor e desapego ao estrelismo; além disso, Magic Slim tinha uma técnica de tocar ímpar, que unia o slide e o vibrato, o que lhe proporcionava um som econômico e sem virtuosismos de sua guitarra, mas que alcançava no tempo certo e preciso o clímax necessário para um blues balançante. Nas décadas de 1970, 80 e 90, os ícones do blues elétrico iam desaparecendo aos poucos, e o gênero começava a cambalear enfraquecido. Coube a figuras como Magic Slim segurar a onda, inspirando os jovens em todo o mundo que não tiveram a oportunidade de escutar o autêntico blues elétrico de Chicago. E ele cumpriu sua missão com competência, gravando mais de 30 discos e fazendo shows por todo o mundo, inclusive vários deles no Brasil, encantando a todos por sua simplicidade, simpatia e o som contagiante dos Teardrops. Nos últimos anos, Magic Slim era obrigado a se apresentar sentado devido a problemas com o seu quadril, que somado à sua idade avançada e vida sedentária, também sofria com outras complicações com os pulmões e coração, graças seus vícios de fumar e de beber garrafas inteiras de Jack Daniel’s, sem contar com o sobrepeso e sua resistência à uma dieta controlada certamente recomendada pelos médicos. Mas mesmo com tantos problemas físicos, a qualidade de suas últimas apresentações e discos (ou cds) se mantiveram em alta qualidade. Os discos de Magic Slim são ao meu ver todos recomendados, não se deve procurar neles nenhuma pitada de genialidade ou inovação, mas com certeza se achará em suas gravações e shows, muito profissionalismo, competência, entrega, garra e o que blues mais oferece, balanço e muito ‘feeling’. Posso citar dentre o muitos de sua boa discografia: Highway Is My Home (1978); Grand Slam (1982); Raw Magic (1983); Black Tornado (1998); Blue Magic (2002); Midnight Blues (2008) e Bad Boy (2012). Magic Slim faleceu em decorrência  do agravamento de seus vários problemas de saúde, com o comprometimento dos pulmões e rins e sangramento de úlcera, que o obrigaram a abandonar uma turnê no mês de janeiro deste ano para se tratar. Se queixando de dificuldades para respirar, Slim foi internado num hospital na Filadélfia, na costa leste dos Estados Unidos, mas acabou não resistindo e partindo aos 75 anos. A mágica do blues jamais será mais a mesma. 
- 06/03/2013 – Alvin Lee (Graham Alvin Barnes), guitarrista, vocalista e compositor britânico nascido em 19 de dezembro de 1944. Em meados dos anos de 1960, o jovem Alvin Lee integrava a banda Jaybirds, com ele na guitarra, Leo Lyons no baixo e Ric Lee na bateria. O trio cumpriu a mesma trilha inicial dos Beatles  se apresentando em todos os pubs londrinos possíveis, até chegarem ao Star club em Hamburgo, na Alemanha. Mais tarde o empresário Chick Churchill assumiria os teclados e a mudariam o nome da banda para Ten Years After. Na segunda metade da década de 1960, começam a se destacar nos clubes londrinos mais importantes como o Marquee, com apresentações vibrantes e detonando temas de blues & rock. Nessa epóca, Alvin Lee deu um empurrãozinho para o recém formado Black Sabbath, agendando uma apresentação essencial para o futuro da banda de Tony Iommi e Geezer Buttler no Marquee. Com o álbum ao vivo no London’s Klookskleek Club foram finalmente notados na America e convidados para tocar no Fillmore East. E no auge da revolução psicodélica, a eletrizante performance de Lee no festival de Woodstock em 1969, obteve grande destaque, principalmente durante sua explosiva versão ao vivo para “I’m Going Home”. Após o sucesso em Woodstock, o Ten Years After fez inúmeras apresentações pelos Estados Unidos, tornando-se uma das bandas mais queridas por lá. Em 1974, o Ten Years After se dissolveu e Alvin Lee investiu numa carreira solo lançando bons discos com o apoio e participação de amigos renomados como George Harrison e Eric Clapton. Nos anos 80 Alvin Lee retornaria com um novo Ten Years After. Os discos Ten Years After são todos indispensáveis, mas posso citar: Ten Years After (1967), Stonedhenge (1969); Ssssh (1969); Cricklewood Green (1970) e Space In Time (1972). Na carreira solo de Alvin Lee, se destacam On The Road To Freedom (com Mylon LeFevre - 1973);  e In Flight (1974). Alguns temas de sucesso de Alvin Lee & Ten Years After além de “I’m Going Home”, foram “Good Morning Little School Girl”; “I Woke Up This Morning”,  “Help Me”; “Slow Blues In ‘C’ ”; “Hear Me Calling”; “Love Like a Man”; “Positive Vibrations” e “I’d Love To Change The World”. Alvin Lee faleceu em decorrência de uma cirurgia de rotina mal sucedida e não esclarecida pela família, aos 68 anos. Seu último trabalho foi o CD Still On The Road To Freedom, de 2012.
- 20/05/2013Ray Manzarek (Raymond Daniel Manczarek, Jr.), tecladista, compositor, cantor e produtor de filmes, também co-fundador da lendária banda de rock norte-americana, The Doors, em 1965. Foi parceiro de composições do polêmico e pevertido vocalista da banda, Jim Morrison. Muitos dos maiores sucessos do The Doors como “Light My Fire”, “When The Music’s Over”, “The End” e “Riders On The Storm”, foram marcados para sempre com a autoria e som característico dos teclados de Ray Manzarek. Os discos (cds) recomendados do The Doors são The Doors (1967); Strange Days (1967); Waiting For The Sun (1968), Morrison Hotel/Hard Rock Cafe (1970) e L. A. Woman (1971). Fã de um bom blues e R&B, Manzarek era o responsável direto pelo som da banda nitidamente influenciado por esses gêneros musicais; e apesar do carisma incontestável de Morrison, era Manzarek que realmente liderava o grupo californiano. Nos anos recentes Ray Manzarek ressuscitou o The Doors, convocando o guitarrista original da banda, Robby Krieger, e Ian Astbury (ex-The Cult) para os vocais, numa temporada relativamente bem sucedida em 2002. Manzarek faleceu em decorrência de um câncer na vesícula biliar na cidade de Rosenheim, na Alemanha, aos 74 anos de idade.
Por Eumário J. Teixeira.