30 de set. de 2018

OTIS RUSH SE FOI, O BLUES ESTÁ DE LUTO!


Faleceu ontem, no sábado, 29/09/2018, o agora lendário guitarrista e vocalista de Blues, Otis Rush, aos 84 anos. 
Rush era considerado um dos gênios pioneiros do blues elétrico do West Side de Chicago quando, junto com os também guitarristas Buddy Guy, Luther Allison e Magic Sam, amplificou e introduziu elementos jazzísticos no blues. 
Canhoto, usava sua guitarra para destros invertida sem trocar o encordoamento do instrumento, assim os seus famosos "bends" eram realizados para baixo. Sua técnica era compartilhada por outros guitarristas famosos e também canhotos, como o saudoso Albert King, do blues e o surfer & rocker, Dick Dale. 


Show antológico com Otis Rush e seus amigos Eric Clapton e Luther Allison
Otis era conhecido também por seu vocal nervoso e dramático quase gritado ou "shouted". 
Dos seus inúmeros sucessos, que foram regravados milhares de vezes por vários colegas do gênero e por bandas diversas de  blues rock, roqueiros variados e bluseiros brancos como o slowhand Eric Clapton, que era um de seus fãs incondicionais, podemos destacar "All Your Love"; "I Can't Quit You Baby"; "Double Trouble"; "It's Own My Fault"; "So Many Roads"; "Feel So Bad"; "You Know My Love"; "Homework"; "Crosscut Saw" (de Albert King), "Feel So Bad", etc.  
Otis Rush tinha sofrido um ataque cardíaco em 2004 que o obrigou a se afastar dos palcos, mas oficialmente não se sabe o real motivo de sua morte. Mais uma lenda se foi. Longa vida ao verdadeiro Blues!
Capas dos diversos trabalhos de Otis Rush.

O lendário bluesman e guitarrista do West Side de Chicago deixou inúmeros sucessos e
sua influência foi decisiva para a formação de roqueiros como Eric Clapton.




Eumário J. Teixeira

11 de jun. de 2018

DANNY KIRWAN, O MENINO DE OURO DO FLEETWOOD MAC, FALECEU!


Faleceu aos 68 anos de causas não divulgadas, no último dia 08/06/2018, Danny Kirwan, o terceiro guitarrista da banda de blues rock, Peter Green's Fleetwood Mac.


Uma das últimas fotos tiradas de Danny Kirwan em público.

O jovem Daniel David Kirwan ainda adolescente debutando no rock.
Nascido Daniel David Kirwan em 13 de maio de 1950, em Brixton, Londres, Danny foi considerado um "menino prodígio" da guitarra e protegido do mítico guitarrista, Peter Green.

Danny Kirwan, integrado ao Peter Green's Fleetwood Mac no final da década de 1960.
Da esquerda para a direita: John McVie (baixo); Danny Kirwan (guitarra); Jeremy Spencer 
(slide guitar - sentado); Mick Fleetwood (bateria) e o gênio guitarrista, Peter Green.
Danny Kirwan se ingressou no Peter Green's Fleetwood Mac aos 18 anos, em 1968, a convite do baterista Mick Fleetwood.  Diz a lenda que Mick Fleetwood e Peter Green assistiram a sua atuação em uma banda local que estava bem abaixo de seu talento. Assim propuseram a achar músicos à altura do brilho de Kirwan para formação de outra banda. Mas como não conseguiram, resolveram convidá-lo para se integrar ao Fleetwood Mac. Com sua entrada formou-se um trio de guitarristas que compunham, cantavam e solavam independentemente, fato inédito numa banda de rock na época. Os outros dois guitarristas eram simplesmente Peter Green (que substituiu muito bem a Eric Clapton no John Mayall's Bluesbreakers) e Jeremy Spencer, jovem mestre da guitarra slide. 

Danny e seu mentor, Peter Green.
Tal como seu mentor Peter Green, Danny contribuiu com a banda tocando sua guitarra diferenciada, compondo e cantando belas canções temperadas com elementos de blues.
Com um vocal peculiar e explorando o vibrato em sua guitarra, Danny reforçou o repertório do Fleetwood Mac nos áureos tempos  do "boom" do rhythm & blues britânico que ganharia mundo, na segunda metade dos anos de 1960.


Capas dos cinco álbuns do Fleetwood Mac que contaram com a participação
de Danny Kirwan.
Danny Kirwan iniciou sua carreira de guitarrista no Boilerhouse, onde atuou de 1966 a 1968.
Com o Fleetwood Mac, onde permaneceu de 1968 a 1972, Danny participou dos álbuns Then Play On (1969); Blues Jam in Chicago (1969); Kiln House (1970); Future Games (1971); e Bares Trees (1972) .


O adolescente Danny Kirwan atuando no Boilerhouse.
Sua performance agradou à Mick Fleetwood e Peter Green.
Algumas composições de sua autoria no Fleetwood Mac foram "Coming Your Way"; "My Dream"; "Although the Sun is Shining"; "When you Say"; "Like Crying"; "Station Man"; "Earl Gray"; "Child of Mine"; "Bare Trees"; "Sunny Side of Heaven", "Danny's Chant" e "Dust".
Dois de seus registros marcantes, foram "Only You", durante um show registrado posteriormente em disco ou cd (duplo) do Fleetwood Mac, intitulado Boston Blues Live 1970 e "Tell Me All The Things You Do", do álbum Kiln House (1970).

O jovem promissor Danny Kirwan ensaiando com o mestre, Peter Green.
Em maio de 1970, Peter Green, co-fundador e líder do Fleetwood Mac, abandona a banda surpreendendo à todos, num acesso de misticismo e alucinações induzido por um alto consumo de heroína. A saída de Green foi um forte golpe para Kirwan, que o tinha como seu guitar hero. 
Em 1971, é a vez de Jeremy Spencer, guitarrista slide e fã de Elmore James, sair da banda para se ingressar na seita "Meninos de Deus". Para seu lugar é chamado Bob Welch.
Danny Kirwan estava presente e bastante produtivo no Fleetwood Mac quando da transição da banda do blues rock (no final dos anos de 1960) para o pop rock (início dos anos de 1970).
Em 1972, Danny Kirwan discutiu seriamente com o guitarrista Bob Welch antes de subirem ao palco para um show, devido a divergências no ajuste do som. Irritado, Danny quebrou sua guitarra, criticou as últimas performances da banda e se recusou a tocar, o que resultou na sua demissão imediata do grupo. Na verdade, Danny já não estava conseguindo acompanhar o ritmo frenético do grupo com incessantes viagens e shows, regrados com muita bebida, drogas e mulheres fáceis. Seu humor se alterava facilmente nesta época e ele se deixou vencer pelo vício no álcool. A partir daí tentando se reencontrar, partiu para a carreira solo, sem obter um retorno satisfatório, ao realizar trabalhos com uma tendência mais para o pop rock e se afastando da linha do blues rock.

Capas dos três trabalhos solo de Danny Kirwan.  Da direita para a esquerda:
Second Chapter; Midnight In San Juan (capas do EUA e Japão, respectivamente),
e Hello There Big Boy!.
Em carreira solo, gravou os álbuns Second Chapter (1975); Midnight In San Juan (1976) e Hello There Big Boy! (1979), todos pela gravadora DJM. Apesar da boa qualidade dos trabalhos, principalmente do álbum Second Chapter, Kirwan não teve o retorno desejado por parte de público e crítica. Isso pode ter contribuído para que ele se isolasse ainda mais e se afastasse da música por um longo período.


Contra capa do álbum Hello There Big Boy!, de 1979.
Desaparecido dos holofotes do showbusiness, Kirwan chegou a ser considerado um "desabrigado" sem sorte, em meados dos anos de 1990, sendo inclusive encontrado em certa ocasião, num abrigo para pessoas carentes e sem condições de auto-sustentação. Tudo isso foi confirmado por Kirwan em entrevista a um jornal de Londres em 1993. 


Três fases distintas de Danny Kirwan no Fleetwood Mac. Da esquerda para a direita:
Ainda com os guitarristas Peter Green e Jeremy Spencer; em seguida, 

sem Green  e já contando com Christine McVie (de pé, à esquerda); e finalmente, 
sem Spencer e com o desafeto, Bob Welch (de óculos).
Mesmo alheio à música, Danny não alimentava rancor dos seus ex-companheiros do Fleetwood Mac. Humildemente, ele se considerava sortudo por ter sido convocado para tocar na banda pelo baterista Mick Fleetwood e considerava sua contribuição pequena para a história do lendário grupo de blues rock. Subestimando-se, Kirwan dizia que sabia tocar apenas o suficiente para acompanhar a banda. 
Em 1998, a banda Fleetwood Mac foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame numa cerimônia onde compareceram os membros atuais e originais da banda. Danny Kirwan não compareceu à cerimônia.


Capa de Ram Jam City (2000).
Contra capa de Ram Jam City (2000) com 15 gravações de 1973-74.
Em 2000 foi lançado o disco Ram Jam City, pelo selo Mooncrest Records, uma coletânea de gravações realizadas entre 1973 a 1974 que originaria o álbum Second Chapter, de 1975.  Esse álbum marcaria a volta por cima de Kirwan que, supostamente recuperado, voltaria à tocar e gravar. Mas não foi o que aconteceu.


Gravações marcantes de Danny Kirwan no Fleetwood Mac.
Um fim melancólico para um jovem guitarrista que tinha um enorme potencial e que se desiludiu e se perdeu nas armadilhas da estrada do rock & roll.
Que Deus tenha misericórdia de sua alma... 
Valeu, Danny Kirwan!!!

"Tell me all the things you do..."
Por Eumário J. Teixeira.

18 de fev. de 2018

BRUCE LEE E ELVIS PRESLEY - O ENCONTRO DOS DOIS REIS REALMENTE ACONTECEU?


Isso já estava me incomodando há algum tempo, uma foto circulando pela  internet que mostrava Bruce Lee e Elvis Presley lado a lado em algum evento de artes marciais no final da década de 1960. Elvis Presley o "rei do rock" estava com um kimono negro e Bruce Lee, o "rei do kung fu" apenas com um traje esportivo comum para a época. Pela aparência de Elvis, que ainda estava magro; e de Bruce Lee, que aparentava estar em plena forma, o encontro teria ocorrido por volta de 1968 ou 1969, já que Bruce ainda estava nos Estados Unidos, considerando também que Elvis nunca mais teria saído do país após servir o exército numa base da Alemanha Ocidental, de 1958 a 1960.
Mas a foto é uma bela de uma montagem, sim, é isso mesmo. 


Ed Parker recebendo um chute lateral (desajeitado) de Elvis

Ed Parker com o jovem Bruce Lee, por volta de 1964
Os dois poderiam ter ser conhecido já que tinham amigos em comum. Bruce Lee era amigo de Ed Parker (considerado o "pai do karate americano") e Elvis chegou a treinar com o mesmo Parker. Outro amigo famoso de Lee foi o mestre Jhoon Rhee (introdutor do Taekwondo nos EUA) com quem Bruce trocou algumas técnicas de combate em algumas ocasiões.  Não conheço registros, no entanto, de um encontro entre Jhoon Rhee e Elvis Presley.


Mestre Jhoon Rhee trocando chutes com o amigo Bruce Lee


Jhoon Rhee desferindo um chute lateral alto em Muhammad Ali
Jhoon Rhee tinha outro amigo não menos conhecido, ninguém menos que Muhammad Ali, o maior boxeador de todos os tempos. É sabido que Bruce Lee o admirava e foi muito influenciado pelo estilo de boxear de Ali e este, em contrapartida, o respeitava como artista marcial e lamentou muito sua morte em 1973.  


Elvis Presley não se encontrou com Bruce Lee, mas encarou Muhammad Ali, que por sua vez
e provavelmente, também não conheceu o Rei do Kung Fu pessoalmente
Mas não se sabe de algum encontro entre o "rei do kung fu" e o "rei do boxe". Porém, ocorreu outro encontro épico em 1973,  entre Muhammad Ali e o próprio Elvis Presley. 

Joseph Haynes posa ao lado de Bruce Lee, em 1969 - Foto verdadeira
A foto original em questão (acima), esta sim a verdadeira usada para a montagem, foi realizada em 1969, em Washington D.C., por ocasião de um campeonato de Taekwondo, onde o atleta negro Joseph Haynes se destacou na sua categoria. Bruce parabenizou Haynes na ocasião e posou ao seu lado para a posteridade.    


Joseph Haynes, aposentado, exibindo a foto histórica foto com Bruce Lee, acima do seu ombro esquerdo.
Haynes manteve a foto histórica por muitos anos na parede de seu escritório ao lado de diversos diplomas e outros registros fotográficos de suas conquistas.


As duas fotos para comparação: com Haynes e Elvis Presley
Comparem as duas fotos e observem o corte feito na montagem de Elvis e Bruce.  Será que ambos realmente nunca se conheceram, apesar das amizades em comum? Um dia saberemos.


Por Eumario José Teixeira