4 de dez. de 2011

MOCINHOS E BANDIDOS – A Versão Romântica das Telas


Para quem gosta do gênero de bang-bang, alguns filmes e seriados aqui listados são essenciais para qualquer colecionador. É diversão garantida, sem falar que é interessante comparar as diferentes versões de um mesmo personagem representado por atores consagrados ao longo de tantas décadas da história do cinema e televisão. Assim relacionei algumas películas de faroeste que retrataram (e romantizaram) a vida ou passagens marcantes de figuras como Wyatt Earp, Doc Holliday, Wild Bill Hickock, Buffalo Bill, General Custer, etc.

1 – Versões para Wyatt Earp e Doc Holliday - Filmes

I – A Lei da Fronteira (Frontier Marshall)
Ano: 1939
Direção: Allan Dwan
Roteiro: Stuart N. Lake e Sam Hellman
Elenco:
Randolph Scott – Wyatt Earp
Cesar Romero – Doc Holliday
John Sawyer - Curley Bill
Binnie Barnes – Jerry (Big Nose Kate)
Nancy Kelly – Sarah Allen
Comentário: Uma das primeiras e boas versões sobre as façanhas da dupla Wyatt Earp e Doc Holliday. Randolph Scott interpreta um Wyatt Earp sóbrio e comedido que controla as situações conflituosas na cidade com ponderação e que usa a força na medida apropriada; já Cesar Romero encarna um Doc Holliday elegante, mais provocador e sarcástico, apesar de seu sofrimento com a tuberculose. A interpretação de Cesar Romero deve ter influenciado Val Kilmer em Tombstone (1993). Doc neste filme está atrelado a uma mulher freqüentadora de saloons, Jerry, interpretada por Binnie Barnes que não lhe dá tréguas mesmo após a chegada de sua ex-noiva (Nancy Kelly) formando o triângulo amoroso e explosivo. A personagem “Jerry” seria na realidade a amante de Doc Holliday conhecida historicamente como Big Nose Kate. Wyatt Earp (Randolph Scott) fica mediando as rivais enquanto ao mesmo tempo tenta conter o gênio explosivo de Holliday. Três falhas históricas no filme: Doc Holliday é assassinado à traição por Curley Bill e seu bando, depois de operar um menino baleado, sendo que o Doc Holliday, na realidade era um dentista formado e não um médico cirurgião; e logo após a morte de Holliday, Wyatt Earp vai sozinho ao O. K. Curral enfrentar o bando de Curley Bill, sendo que historicamente ele foi acompanhado pelo próprio Holliday (que saiu apenas ferido) e seus irmãos Virgil e Morgan, que inclusive não são mencionados na película.

II – Paixão dos Fortes (My Darling Clementine)
Ano: 1946
Direção: John Ford
Roteiro: Samuel G. Engel e Wilton Miller
Elenco:
Henry Fonda - Wyatt Earp
Victor Mature - Doc Holliday
Tim Holt – Virgil Earp
Ward Bond – Morgan Earp
Grant Withers – Ike Clanton
John Ireland – Billy Clanton
Comentário: A história culmina com o famoso duelo no O. K. Corral entre os Earp e os Clanton. O filme trata também da amizade entre Wyatt Earp e Doc Holliday, como também do relacionamento tumultuado entre Doc, as cartas e sua amante (que seria Big Nose Kate). Uma falha no contexto histórico é que no filme o tuberculoso Doc Holliday (Victor Mature) participa do duelo no O. K. Corral (como de fato assim foi), mas apesar ter sido importante para o resultado final, acaba por morrer baleado no confronto, segundo essa versão.

III – Sem Lei e Sem Alma /ou/ Duelo de Fogo (Gunfight At The O. K. Corral)
Ano: 1957
Direção: John Sturges
Roteiro: Leon Uris
Elenco:
Burt Lancaster: Wyatt Earp
Kirk Douglas: Doc Holliday
John Hudson: Virgil Earp
DeForest Kelly: Morgan Earp
Martin Milner: James ‘Jimmy’ Earp
John Ireland: Johnny Ringo
Comentário: O ápice do filme é o famoso duelo no O. K. Corral entre os Earp contra os Clanton e Johnny Ringo. Kirk Douglas interpreta um Doc Holliday atormentado pela tuberculose e dependente dos cuidados da sua infiel amante Kate, retratando-o como um jogador compulsivo e um pistoleiro com tendências quase suicidas. E o filme valoriza em muito a suposta rivalidade existente entre Doc Holliday e Johnny Ringo. Wyatt Earp, retratado por Burt Lancaster, é um personagem centrado e objetivo mas também dependente da habilidade com as armas de seu amigo Doc Holliday. Nessa versão mostra Wyatt Earp se envolvendo com uma mulher sedutora que freqüenta o saloon e aprecia o jogo de cartas, mas omite que na vida real Wyatt era casado uma mulher problemática e doente e se divorcia para ficar com uma atriz de teatro.

IV – A Hora da Pistola (Hour Of The Gun)
Ano: 1967
Direção: John Sturges
Roteiro: Edward Anhalt
Elenco:
James Garner - Wyatt Earp
Jason Robards – Doc Holliday
Frank Converse – Virgil Earp
Sam Melville – Morgan Earp
William Windom – Texas Jack Vermillion
Robert Ryan – Ike Clanton
John Voight _Curly Bill Brocius
Comentário: O filme retrata os supostos acontecimentos após o confronto entre os Earp e os Clanton no O. K. Corral, onde os sobreviventes do bando da família Clanton acabam por assassinar Morgan Earp e ferem Virgil Earp por vingança e são perseguidos implacavelmente por Wyatt Earp, Doc Holliday e demais agentes nomeados.

V – Massacre de Pistoleiros (Doc)
Ano: 1971
Direção: Frank Perry
Roteiro: Pete Hamill
Elenco:
Stacy Keach – Doc Holliday
Harris Yulin – Wyatt Earp
Faye Dunaway – Kate
Michael Witney – Ike Clanton
John Bottons – Virgil Earp
Ferdinand Zogbaum – James Earp
Philip Shafer – Morgan Earp
Comentário: No filme a figura central é o pistoleiro e jogador tuberculoso Doc Holliday. Doc (Stacy Keach) é amante da prostituta Big Nose Kate, interpretada pela belíssima Faye Dunaway, que corresponde ao amor de Holliday, abandona a vida fácil e passam a dividir o mesmo teto. Doc está a caminho de Tombstone em apoio ao delegado e amigo Wyatt Earp que está com problemas com uns fazendeiros e arruaceiros locais e concorre também à eleição para xerife. A figura de Wyatt Earp no filme não é preservada e é mostrada como um sujeito calculista, ambicioso e que abusava de sua autoridade e manipulava até seus irmãos Virgil e Morgan para conseguir seus objetivos políticos e econômicos, ao contrário de Doc que é retratado como um herói que equilibra a balança, apesar dos seus problemas pessoais e que busca um sentido para sua vida. O ápice do filme é o duelo no O. K. Corral onde nosso herói e os Earp enfrentam os Clanton que tem integrado em seu bando um jovem pistoleiro que foi aprendiz do famoso e temido Doc Holliday.

VI- Tombstone – A Justiça Está Chegando (Tombstone)
Ano: 1993
Direção: George P. Cosmatos
Roteiro: Kevin Jarre
Elenco:
Kurt Russel - Wyatt Earp
Val Kilmer – Doc Holliday
Sam Elliot – Virgil Earp
Bill Paxton – Morgan Earp
Michael Biehn – Johnny Ringo
Powers Boothe – Curly Bill Brocious
Comentário: A meu ver o filme foi a melhor versão filmada para Wyatt Earp e o confronto no O. K. Corral. Os personagens foram bem interpretados. Kurt Russel surpreendeu como um Wyatt Earp autoritário e obcecado pela justiça; Val Kilmer valorizou muito a figura carismática e dramática de Doc Holliday e seu sofrimento com a tuberculose, sua tendência para atrair encrencas e principalmente sua rivalidade com Johnny Ringo muito bem interpretado por Michael Biehn. A rivalidade entre os dois é bem explorada no filme e é culminada com um duelo a parte.

VII – Wyatt Earp (Wyatt Earp)
Ano: 1994
Direção: Lawrence Kasdan
Roteiro: Dan Gordon e Lawrence Kasdan
Elenco:
Kevin Costner – Wyatt Earp
Dennis Quaid – Doc Holliday
Michael Madsen – Virgil Earp
Linden Ashby – Morgan Earp
David Andrews – James Earp
Jim Caviezel – Warren Earp
Tom Sizemore – Bat Materson
Bill Pullman – Ed Masterson
Jeff Fahey – Ike Clanton
Comentário: O filme retrata a vida de Wyatt Earp desde a Guerra Civil Americana, quando ainda era um adolescente, suas aventuras como condutor de diligências até se tornar delegado e ter o famoso Bat Masterson como delegado auxiliar nas tumultuadas cidades próximas à fronteira com o México, passa pelo duelo no O. K. Corral e cobre a Vendeta de Wyatt Earp, onde ele junto à Doc Holliday e seus agentes perseguem o bando restante dos Clanton que assassinaram seu irmão Virgil, até se aposentar como administrador de saloons e explorador e minerador na sua velhice. Nessa versão o filme foca principalmente a tendência para negócios de Wyatt Earp, onde tudo para ele tinha uma perspectiva para investimento: jogos de cartas, saloons, minas de ouro e terras. Sua autoridade e influência sobre os irmãos fica evidente, o que gerou muito conflito com as outras esposas, aliás, sua esposa é retratada como tuberculosa e viciada em um remédio à base de cocaína, isso o empurrou para os braços de uma sedutora atriz de teatro que fazia uma turnê pelo Oeste selvagem; Wyatt se divorcia e vive o resto dos seus dias com a nova mulher. Doc Holliday bem interpretado por Dennis Quaid, não teve a mesma evidência como nas versões anteriores e sua rivalidade com Johnny Ringo passa quase que desapercebida.

1-A – Versões para Wyatt Earp – Seriados de Televisão:

I – Wyatt Earp (Life And Legend Of Wyatt Earp)
Ano: 1955-1961
Produção: Desilu Productions
Elenco:
Hugh O’Brien – Wyatt Earp
Alan Dinehart – Bat Masterson
William Phipps – Curley Bill Brocius
Comentário: Hugh O’Brien faz uma versão elegante e bem janota para um Wyatt Earp sem o seu famoso bigode, mas que tem como característica um colt 45 de cano longo e fora dos padrões no coldre direito, e um colt 45 padrão normal no coldre esquerdo.

1-B – Versões de Bat Masterson – Filmes

I – Ases do Gatilho (Masterson Of Kansas)
Ano: 1954
Direção: William Castle
Roteiro: Douglas Heyes
Elenco:
George Montgomery – Bat Masterson
James Griffith – Doc Holliday
Bruce Cowling – Wyatt Earp
Donald Murphy – Virgil Earp
Comentário: O filme exibe um Bat Masterson diferente em termos de visual em relação ao verdadeiro e tradicional. O ator George Montgomery, ao contrário de Gene Barry da série de TV, não veste o terno de janota, não usa o tradicional chapéu coco e muito menos a bengala característica. E nessa versão Bat Masterson carrega um cinturão com dois colts mais para o estilo de Wyatt Earp (também do seriado televisivo). O filme trata de uma possível revolta indígena e do envolvimento de um fazendeiro inocente num assassinato. Bat Masterson conta com a ajuda do polêmico pistoleiro Doc Holliday (James Griffith) para ajudá-lo na investigação e de quebra recebe com uma forcinha do delegado Wyatt Earp e de seu irmão Virgil. O filme não tem nada a ver com fatos reais ligados à história de Masterson.

II – Tiroteio em Dodge City (The Gunfight At Dodge City)
Ano: 1959
Direção: Joseph M. Newman
Roteiro: Martin Goldsmith e Daniel B. Ullman
Elenco:
Joel McCrea – Bat Masterson
Harry Lauter – Ed Masterson
Julie Adams – Pauline Howard
Comentário: Como na versão do filme de 1954, o Bat Masterson desta versão não adota o visual característico e histórico, ou seja, nada de chapéu coco ou bengala. Bat Masterson (Joel McCrea) desta vez está acompanhado do seu irmão também delegado Ed Masterson.

1-C – Versões de Bat Masterson – Seriados de Televisão

I – Bat Masterson (Bat Masterson)
Ano: 1958-1961
Produção: Ziv Television Productions
Elenco:
Gene Barry – Bat Masterson
Comentário: Gene Barry encarna um Bat Masterson sem bigodes, mas elegante, com seu característico chapéu coco, sua bengala inseparável e seu colt 45 cano curto invertido no coldre do lado esquerdo e na altura da cintura. Um autêntico almofadinha conquistador de belas damas à primeira vista, mas que endurece com os bandidos que atravessam seu caminho.

1-D – Versões de Johnny Ringo – Filmes

I – O Matador (The Gunfighter)
Ano: 1950
Direção: Henry King
Roteiro: William Bowers e William Sellers
Elenco:
Gregory Peck – Jimmy Ringo
Helen Westcott – Peggy Walsh
Millard Mitchell – Delegado Mark Street
Ricard Jaeckel - Eddie
Karl Malden – Barman (Mac)
Comentário: Uma versão romântica de um Johnny Ringo cavalheiro e arrependido com o excelente Gregory Peck. Jimmy Ringo (referência clara a Johnny Ringo) quer mudar de vida e volta a Cayene para tentar reconciliar com a mãe do filho que nunca conheceu. Por ser um pistoleiro afamado ele está sendo perseguido, e mesmo ao chegar ainda é reconhecido e desafiado por jovens pistoleiros em busca de reconhecimento e é emboscado por um pai que teve seu filho morto por Ringo. Jimmy usa dois colts 45 em posição invertida, um no cinturão do lado direito e outro debaixo das axilas do lado esquerdo (adaptado para saque rápido), ele na verdade era canhoto. Jimmy tenta neste ínterim com a ajuda do atual xerife (um ex-amigo), a reaproximação da namorada e do filho que teve com ela. Mas ele sabe que não pode demorar muito na cidade, pois estão no seu encalço, assim ele faz de tudo para reencontrar e reconquistar o amor de sua amada, só que o passado o persegue e vem cobrar sua cota sem piedade.

1-E – Versões de Johnny Ringo – Seriados de Televisão


I – Johnny Ringo (Johnny Ringo)
Ano: 1959-1960
Produção: CBS Studio Center
Elenco:
Don Durant – Johnny Ringo
Mark goddard – William ‘Cully’ Charles, Jr.
Comentário: Nessa versão para TV que contraria a história, Johnny Ringo não é um cowboy arruaceiro ou pistoleiro de aluguel, mas sim xerife da cidade Velardi, no Arizona. Promotor da lei e da ordem na região, Ringo tem como parceiro seu ajudante Cully. O trunfo de Ringo e que o salvou de inúmeras enrascadas é seu colt especial de sete balas. Quando sua munição acaba num tiroteio ele ainda tem uma bala extra que surpreende seus inimigos.

2 – Versões para Wild Bill Hickock – Filmes

I – O Pequeno Grande Homem (Little Big Man)
Ano: 1970
Direção: Arthur Penn
Roteiro: Calder Willinghan e Thomas Berger
Elenco:
Dustin Hoffman – Jack Crabb (Little Big Man)
Jeff Corey – Wild Bill Hickock
Comentário: O filme em si não trata da vida de Wild Bill Hickock. É sobre um personagem atrapalhado vivido por Dustin Hoffman que é criado por índios e que tropeça na vida de grandes personagens do velho oeste, como Wild Bill, General Custer e o grande chefe sioux Touro Sentado. A cena em que Little Big Man se encontra com um Wild Bill caricatural é interessante. Assim também como sua presença na batalha de Little Big Horn onde Custer e a 7ª Cavalaria é massacrada pelos índios sioux, cheyennes e Lakotas.

II – O Grande Búfalo Branco (The White Buffalo)
Ano: 1977
Direção: J. Lee Thompson
Roteiro: Richard Sale
Elenco:
Charles Bronson: Wild Bill Hickock
Comentário: O filme mostra um Wild Bill de óculos redondos e escuros começando a sofrer com o glaucoma, tentando se afastar dos desafios de pistoleiros em busca de fama. Ao saber que uma aldeia sioux está sendo massacrada por ataques de um enorme e sagrado búfalo branco ele decide se empenhar na caça ao animal aterrorizante e que alimenta a superstição e temor dos índios.

III – Wild Bill – Uma Lenda do Oeste (Wild Bill)
Ano: 1995
Direção e roteiro: Walter Hill
Elenco:
Jeff Bridges – Wild Bill Hickock
Ellen Barkin – Calamity Jane
Keith Carradine – Buffalo Bill
David Arquette – Jack McCall
Comentário: Para mim, uma excelente versão sobre a vida de Wild Bill Hickcok. Jeff Bridges está muito bem na sua interpretação e passa muito bem o sofrimento de Wild Bill com seu glaucoma, seu temperamento explosivo, sua solidão e tormento impostos pela fama. No filme é enfatizado sua relação mais carnal que amorosa com Jane Calamity e sua obessão pelas cartas e seu vício pelo cachimbo chinês de ópio. O filme não omite sua tentativa desastrosa como ator no circo de Buffalo Bill no leste. Wild Bill antes de Wyatt Earp surgir, era a opção mais efetiva para lei e ordem no velho oeste, tornando-o um alvo a ser abatido por bandoleiros e pistoleiros em busca de fama; e assim aconteceu da forma mais covarde, como foi precisamente demonstrado no filme. Foi um polêmico personagem, mas real e verdadeiramente um herói do velho oeste.

2-A – Versões de Wild Bill Hickock – Seriados de Televisão

I – O Valente do Oeste (The Adventures Of Wild Bill Hickock)
Ano: 1951-1956
Produção: Screem Gems / Newhall Productions
Elenco:
Guy Madison – (Wild) Bill Hickock
Andy Devine - Jingles
Comentário: Guy Madison faz o papel de um jovem e simpático Bill Hickock ainda assim justiceiro que persegue malfeitores pelo velho oeste. Nessa versão Hickock não se apresenta com cabelos longos e vastos bigodes, seu aspecto é mais comportado. Na série Hickock usa dois colts 45 de seis tiros invertidos nos coldres e não os tradicionais e longos colts navy de cinco tiros que eram usados na realidade pelo verdadeiro Wild Bill. Este ainda tem a companhia inseparável do amigo gorducho e trapalhão chamado Jingles.

II – Deadwood (Deadwood)
Ano: 2004-2006
Produção: HBO
Elenco:
Timothy Olyphant – Seth Bullock
Keith Carradine – Wild Bill Hickcok
Comentário: O seriado não trata exclusivamente do personagem Wild Bill Hickock, ele é apenas mais um dentre vários que vivem em Deadwood, uma cidade que vive basicamente da mineração e da jogatina nos saloons, um lugar para exploradores e aventureiros onde Bill Hickock divide as ações, dramas e tramas com alguns personagens regulares. Volta e meia figuras como Jane Calamity, Wyatt Earp ou Bat Masterson podem aparecer. Deadwood é onde Wild Bill foi assassinado.

3 – Versões de Buffalo Bill – Filmes

I –Buffalo Bill (Buffalo Bill)
Ano: 1944
Direção: William A. Wellman
Roteiro: Aeneas Mackenzie, Clements Ripley, Cecile Kramer e Frank Winch
Elenco:
Joel McCrea – Buffalo Bill
Antony Quinn – Chefe Mão Amarela (Yellow Hand Chief)
Comentário: Uma versão heróica de Buffalo Bill, de sua passagem como scout, caçador de búfalos (na verdade, bisões), casamento, seu duelo com o chefe Cheyenne Mão Amarela, seu envolvimento com a política, até a realização do Wild West Show.

II – Buffalo Bill (Buffalo Bill And The Indians, or Sitting Bull’s History Lesson)
Ano: 1976
Direção: Artur Penn
Roteiro: Calder Willingham e Thomas Berger
Elenco:
Paul Newman – Buffalo Bill
Frank Kaquitts – Sitting Bull (Touro Sentado)
Geraldine Chaplin – Annie Oakley
Comentário: O filme praticamente revela um Buffalo Bill Cody decadente, alcoólatra e falastrão obcecado pelo sucesso de seu show onde reproduz algumas de suas aventuras vividas no velho oeste por meio de encenações teatrais que beiram quase ao ridículo num circo. Ele divide as atenções com outros artistas como a famosa Annie Oakley que ficou famosa por sua mira certeira com o rifle (winchester); e o chefe sioux Touro Sentado (Sitting Bull), já idoso e doente mas famoso por ter liquidado o General Custer e a 7ª Cavalaria com o apoio do chefe Lakota Cavalo Doido. Na verdade Touro Sentado tinha seus motivos particulares para aceitar o convite de Bill Cody para participar do Wild West Show.

4 – Versões de General Custer – Filmes

I – Custer – O Homem do Oeste (Custer Of The West)
Ano: 1967
Direção: Robert Siodmark
Roteiro: Bernard Gordon e Julian Zimet
Elenco:
Robert Shaw – General Custer
Comentário: Uma versão romantizada do General Custer, na qual ele é tratado como um verdadeiro herói nacional e que tem uma morte honrosa em Little Big Horn ao cair numa cilada mortal preparada pelo chefe sioux Touro Sentado.

II – O Pequeno Grande Homem (Little Big Man)
Ano: 1970
Direção: Arthur Penn
Roteiro: Calder Willinghan e Thomas Berger
Elenco:
Dustin Hoffman – Jack Crabb (Little Big Man)
Richard Mulligan – General Custer
Comentário: O filme em si não trata da vida do General Custer. É sobre um personagem atrapalhado vivido por Dustin Hoffman que é criado por índios e que tropeça na vida de grandes personagens do velho oeste, como General Custer e o grande chefe sioux Touro Sentado e Wild Bill Hickock. O personagem de Hoffman (Crabb) se encontra casualmente com Custer (Mulligan) e sua tropa e praticamente os leva ao cerco de Little Big Horn onde o lendário General e sua 7ª Cavalaria é massacrada pelos índios sioux, cheyennes e lakotas. Jack Crabb é poupado pelo chefe sioux que o reconhece. A cena da batalha é incrivelmente dramática e bem filmada.

4-A – Versões de General Custer – Seriados de Televisão

I – Custer (The Legend Of Custer)
Ano: 1967
Produção: ABC Television
Elenco:
Wayne Maunder – (Tenente-coronel) Custer
Slim Pickens – Califórnia Joe
Michael Dante – Chefe Cavalo Doido (Chief Crazy Horse)
Comentário: No Fort Hays o ainda jovem e valente Tenente-coronel Custer vive várias aventuras ao lado do scout e amigo California Joe muito antes de se tornar o famoso General morto em Littel Big Horn pelo chefe Cavalo Doido.

5 - Versões de Jesse James – Filmes

I – Jesse James (Jesse James)
Ano: 1939
Direção: Henry King
Roteiro: Nunnaly Johnson
Elenco:
Tyrone Power – Jesse James
Henry Fonda – Frank James
John Carradine – Robert ‘Bob’ Ford
Charles Tanner – Charles Ford
Comentário: Uma das primeiras versões para Jesse James do cinema, onde mostra os irmãos James a princípio como agricultores pacatos que são molestados por representantes das grandes companhias férreas que querem tomar-lhe as terras, a morte da sua mãe, a guerra civil, e o ingresso dos irmãos James na guerrilha contra a União que posteriormente os destinou para uma vida de fora-da-lei.

II – I Shot Jesse James (Eu matei Jesse James)
Ano:1949
Direção: Samuel Fuller
Roteiro: Homer Croy e Samuel Fuller
Elenco:
John Ireland: Robert “Bob” Ford
Reed Hadley: Jesse James
Tom Tyler: Frank James
Preston Foster – John Kelly
Comentário: O filme gira em torno da vida de Bob Ford (John Ireland) após o mesmo ter assassinado covardemente seu companheiro Jesse James (Reed Hadley). Ele é perdoado pela justiça mas é perseguido pelo fantasma de James que se tornou uma figura muito popular após sua morte. Bob se casa e tenta levar sua vida normalmente, mas acaba descobrindo que isso não era possível para o traiçoeiro assassino de Jesse James.

III – Cavalgada de Proscritos (The Long Riders)
Ano: 1980
Direção: Walter Hill
Roteiro: Bill Bryden e Steven Smith
Elenco:
James Keach – Jesse James
Stacy Keach – Frank James
David Carradine – Cole Younger
Keith Carradine – Jim Younger
Robert Carradine – Bob Younger
Cristopher Guest – Charlie Ford
Nicolas Guest – Robert ‘Bob’ Ford
Comentário: Excelente filme sobre os irmãos James e os Younger que se juntam e se tornam um dos mais temidos bandos de assaltantes do velho oeste. O interessante é que os atores foram escolhidos a dedo, pois James e Stacy Keach são verdadeiramente irmãos assim como também David e Keith Carradine e os demais, idem como os irmãos Guest, dando mais credibilidade à versão apresentada. A cena da fuga do bando à cavalo depois de serem surpreendidos e cercados no centro da cidade durante um assalto a um banco é memorável.

IV – O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford (The Assassination Of Jesse James By The Coward Robert Ford)
Ano: 2007
Direção: Andrew Dominik
Roteiro: Andrew Dominik e Ron Hansen
Elenco:
Brad Pitt – Jesse James
Sam Shepard – Frank James
Casey Affleck – Robert Ford
Sam Rockwell – Charley Ford
Comentário: Nessa versão sobre um Jesse James desgastado, o enfoque maior está no relacionamento conflituoso dele com sua quadrilha e sua necessidade de voltar sua atenção para a família. Aborda também os motivos que levaram os irmãos Ford se aproximarem do bando que tanto admiravam e ao mesmo tempo terem que lutar contra tentadora oportunidade de assassinarem o famoso Jesse James em troca de reconhecimento público.

5 – A – Versões de Jesse James – Seriados de Televisão

I – A Lenda de Jesse James (The Legend Of Jesse James)
Ano: 1965-1966
Produção: ABC Television
Elenco:
Chris Jones – Jesse James
Allan Case – Frank James
Bob Wilke – Delegado Sam Corbett
John Miford – Cole Younger
Tim McIntire – Bob Younger
Comentário: Um seriado que tinha para tudo para dar certo, mas que não passou de uma temporada. Mostra uma versão dos irmãos James ainda no caminho do bem.

6 – Versões de Billy The Kid – Filmes

I – Billy The Kid (Billy The Kid)
Ano: 1930
Direção: King Vidor
Roteiro: Walter Noble Burns e Wanda Tucock
Elenco:
Johnny Mack Brown – Billy The Kid
Wallace Beery – Pat Garret
Comentário: Um dos primeiros filmes sobre a saga de Billy The Kid.

II – Billy The Kid (Billy The Kid)
Ano: 1941
Direção: David Miller
Roteiro: Walter Noble Burns
Elenco:
Robert Taylor – Billy The Kid
Brian Donlevy – Jim Sherwood (Pat Garret)
Comentário: Uma versão romantizada sobre o famoso fora-da-lei interpretado pelo galã da época, Robert Taylor. Mostra um Billy The Kid com certos valores morais, mas que se envereda pelo crime ao ter seu patrão assassinado. Ele se vinga mas é perseguido pelo delegado Jim Sherwood, que na realidade seria Pat Garret.

III – Pat Garret & Bily The Kid (Pat Garret & Billy The Kid)
Ano: 1973
Direção: Sam Peckinpah
Roteiro: Rudy Wurlitzer
Elenco:
Kris Kristofferson – Billy The Kid
James Coburn – Pat Garret
Jason Roberts – Governador Wallace
Comentário: Uma versão mais próxima da realidade de como era as personalidades diferentes de Billy The Kid e Pat Garret. Se destaca inicialmente a amizade entre Billy e Pat no caminho do crime até a separação definitiva de ambos para tomarem rumos opostos que os levaria a um reencontro definitivo e mortal. A meu ver o ator Kris Kristofferson estava um pouco maduro para representar um “kid” (garoto) fora-da-lei.

IV – Os Jovens Pistoleiros (Young Guns)
Ano: 1988
Direção: Christopher Cain
Roteiro: John Fusco
Elenco:
Emilio Estevez – Billy The Kid
Patrick Waye – Pat Garret
Kiefer Sutherland – Doc Scurlock
Charlie Sheen – Richard “Dick” Brewer
Comentário: O ator Emilio Estevez se encaixou muito bem no papel de Billy, pois ele tem naturalmente uma expressão sarcástica e irônica de um garoto rebelde, mas carismático. O filme não se trata de uma biografia do famoso The Kid fora-da-lei e sim de sua busca por vingança junto ao seu bando a outro grupo que teria assassinado seu amigo. O delegado Pat Garret já estaria em seu encalço.

V – Jovens Demais para Morrer (Young Guns II)
Ano: 1990
Direção: Geoff Murphy
Roteiro: John Fusco
Elenco:
Emilio Estevez: Billy The Kid
William Petersen – Patrick Floyd “Pat” Garret
Kiefer Sutherland – Joshua Gordon “Doc” Scurloc
Comentário: Pode se dizer que essa ótima versão seria uma continuação de Os Jovens Pistoleiros, pois se repetiu quase que totalmente o elenco principal de Young Guns I. Emilio Estevez encarna novamente e com competência o personagem Billy The Kid, o diferencial é que outro ator faz o papel de Pat Garret, no caso William Petersen. Desta vez é explorado o relacionamento inicial de Billy e Pat Garret no bando, as perseguições da lei, a promessa do perdão governamental, o afastamento de Pat para se tornar delegado e perseguir o velho companheiro que não quis se entregar. O destaque fica como sempre para o final onde Pat surpreende Billy em seu próprio domínio.

7 – Versões de Butch Cassidy & The Sundance Kid - Filmes

I – Butch Cassidy & The Sundance Kid
Ano: 1969
Direção: George Roy Hill
Roteiro: William Goldman
Elenco:
Paul Newman: Butch Cassidy
Robert Redford: Sundance Kid
Katharine Ross – Etta Place
Jeff Corey: Xerife Steve Bledsoe
Comentário: O filme tenta mostrar a trajetória da dupla de assaltantes das mais famosas do oeste norte-americano e da américa do sul. Butch Cassidy e Sundance Kid tinham um bando, os Wild Bunch, que assaltaram trens e bancos à vontade até serem perseguidos implacavelmente pela lei fazendo-os dispersarem. Butch e Sundance percebendo que as coisas estavam mudando para a pior (para os fora-da-lei) no velho oeste decidem ir para a América do Sul achando que por lá tudo seria mais fácil. E no início assim foi, até ficarem manjados como os “gringos” assaltantes de bancos. Quando chegam na Bolívia na companhia da Etta Place, as coisas pioram, o dinheiro acaba e o cerco do exército boliviano se fecha.

Espero que tenham gostado da seleção de filmes de faroeste que fiz e aconselho a todos a assistir a cada um deles, se possível, e que essa pesquisa seja um guia para comparação entre a realidade e ficção dos acontecimentos que envolveram os personagens acima citados.

Eumário J. Teixeira.

9 de nov. de 2011

MOCINHOS E BANDIDOS – A Verdadeira Face do Velho Oeste

As histórias do velho oeste sempre me fascinaram, desde criança eu assistia os clássicos hollywoodianos de western e as versões debochadas do spaghetti italiano, como também as séries de TV norte-americanas de bang-bang realizadas entre as décadas de 1950 e 1960, que me deixavam cada vez mais apaixonado pelo assunto. A princípio todos aqueles heróis clássicos das séries de televisão e cinema norte-americanos me iludiam com a aquela falsa imagem de mocinho quase perfeito e incorruptível e sua forma distinta de se vestir, cavalgar, lutar e atirar. Aos poucos descobri versões alternativas, como as dos bang-bang italianos, que não tratavam os mesmos personagens com tanta elegância e os apresentava como personagens de caráter duvidoso, mas ainda assim, justiceiros. Essas versões mais “sujas” me fizeram questionar sobre o verdadeiro perfil de tais figuras históricas e lendárias; assim tive que recorrer aos livros, documentários, filmes biográficos e atualmente a internet para chegar o mais próximo da verdade sobre os meus antigos heróis que também faziam parte do universo das revistas em quadrinhos que, aliás, eu também curtia bastante. Abaixo uma relação de alguns personagens do velho oeste com seus respectivos nomes de batismo, data de nascimento e morte; e em seguida, um breve comentário sobre cada um.

01-Bat Masterson (William Barclay Masterson) – Nascimento: 02/11/1853 - Morte: 25/10/1921 aos 67 anos.
02-Buffalo Bill (William Frederick Cody) – Nascimento: 1846 – Morte: 1917 aos 71 anos.
03-Doc Holliday (John Henry Holliday) – Nascimento: 14/08/1851 – Morte: 08/11/1887 aos 36 anos.
04-Wyatt Earp (Wyatt Berry Stapp Earp) – Nascimento: 19/03/1848 – Morte: 13/01/1929 aos 81 anos.
05-Wild Bill Hickock (James Butler Hickock) – Nascimento: 25/05/1837 – Morte: 02/08/1876 aos 39 anos.
06-General Custer (George Armstrong Custer) – Nascimento: 05/12/1839 – Morte: 25/06/1876 aos 37 anos.
07-Billy The Kid ou “Billy, o garoto” – (William Henry Bonney ou Henry McCArty) – Nascimento: 23/11/1859 – Morte: 14/07/1881 aos 21 anos.
08-Jesse James (Jesse Woodson James) – Nascimento: 05/09/1847 – Morte: 03/04/1882 aos 34 anos.
09-Butch Cassidy (Robert Leroy Parker) – Nascimento: 13/04/1866 – Morte: 03/11/1908 aos 42 anos.
10-Sundance Kid (Harry A. Longabaugh) – Nascimento: 1870 – Morte: 03/11/1908 aos 38 anos.
11-Johnny Ringo (John Peters Ringo) – Nascimento: 03/05/1850 – Morte: 13/07/1882 aos 32 anos.Desmistificando antigos heróis... 

É comum pensar que certos personagens dos velhos filmes de bang-bang são fictícios, mas na verdade tais mocinhos e bandidos realmente existiram. É claro que nem todos foram realmente “mocinhos” e tão valentes ou infalíveis como dizem as lendas, como também alguns “bandidos” não se tornaram fora da lei por simples opção ou por pura malvadeza. Alguns assaltantes de bancos famosos, como Jesse James, foram praticamente empurrados para o crime devido a Guerra Civil americana.

Jesse James e seu irmão Frank foram o terror por muitos anos para as companhias férreas intercontinentais, que praticamente expulsavam o agricultores de suas fazendas para dar passagem aos trilhos, e para os bancos no Missouri. Mas antes de se tornar um fora-da-lei Jesse era agricultor e ajudava seu pai administrar suas terras de 100 acres, e após a morte deste, Jesse tomaria as rédeas no comando do rancho. Explodindo a Guerra de Secessão entre o Norte dos casacas azuis representando a União contra o sul rebelde dos confederados ou casacas cinzas, do qual fazia parte os James, e a inesperada morte de sua mãe, o levaram a abandonar o rancho para combater os nortistas através de guerrilhas; daí Jesse e Frank se ingressaram em bandos (como o de Quantrill) que se diziam guerrilheiros mas que na verdade acabaram por se tornar apenas fora-da-lei, assassinos e assaltantes de bancos e trens pagadores, mesmo após o término da guerra com a derrota do sul rebelde. Jesse James, temido por sua pontaria ao atirar, teria sido assassinado em sua própria casa quando subia numa cadeira para limpar um quadro na parede, estava desarmado e foi baleado na cabeça por um covarde e seu irmão que queriam se integrar ao bando de James para um último “trabalho”. Na verdade a dupla assassina se aproximou de Jesse James com a intenção de assassiná-lo em busca de fama e recompensa. Com sua morte, Jesse James conquistou um status próximo ao de mártir e até hoje é venerado pelos sulistas.
Outro bandido famoso e que caiu na graça popular foi Billy The Kid. Sua área de atuação era mais concentrada no sul da Califórnia e norte do México, tendo uma vila próxima da fronteira para onde se refugiava quando as coisas apertavam. Billy teria começado sua carreira criminosa ainda criança, daí o “kid” no nome, com pequenos furtos, roubo de cavalos, até alcançar a posição de assaltante de bancos e pistoleiro. Billy, o garoto, além do carisma era também conhecido pela sua boa mira, dizem que quando lançava uma moeda no ar, atirava na mesma e a acertava seis vezes sem deixá-la cair ao chão. Mas é notória sua impiedade, pois atirava a sangue frio contra os que considerava inimigos mesmo rendidos. Sua popularidade e imagem de “Robin Hood” do Novo México se deve, sobretudo, às ações de Billy contra os xerifes corruptos que atormentavam os pequenos fazendeiros e rancheiros da região, mas há versões em que se afirma que não partilhava de seus furtos com ninguém a não ser com os comparsas de crimes. A sua simpatia pela cultura mexicana era notória, apreciava a culinária, a música, a tequila e as mulheres também, com as quais fazia muito sucesso. Após muitos assaltos, prisões e fugas, Billy teria sido morto numa fazenda em Fort Summer, por um ex-companheiro de guerrilhas que fora designado delegado federal pelo governador, seu nome: Pat Garret. Segundo Garret, ele adentrou no quarto de Billy e o esperou próximo à sua cama na escuridão, quando este passa pela porta indagando sobre quem seriam os dois homens desconhecidos que estavam lá fora, Garret o alvejou no peito por duas vezes sem a mínima chance de reação por parte de The Kid.
Pat Garret tinha sido perdoado pelo estado pelos crimes passados em troca da captura ou morte de Billy the Kid. Versões não oficiais dizem que os dois, Billy e Pat, simularam a morte de Kid para que ele nunca mais fosse caçado pela lei e que este teria morrido de velhice. Um idoso de 90 anos morreu em 1950 afirmando para a imprensa ser o verdadeiro Billy The Kid, mas nunca se comprovou a veracidade de suas afirmações. No início da década de 2000 as autoridades do Novo México e do Texas colheram dados dos restos mortais de Catherine Autrim, mãe de Billy e morta em 1874, e do velho misterioso conhecido como Brushy Bill Roberts para um tira-teima. Se fosse confirmado que Brushy Bill era realmente Billy The Kid, Pat Garret seria lembrado como um dos maiores fraudadores da história. O resultado ainda não foi divulgado. A verdade é que o corpo de Billy teria sido enterrado por camponeses e seu túmulo nunca foi identificado. Garret gozou muito tempo da glória de executor de Billy The Kid, mas para seu azar, foi morto com um tiro na nuca anos depois em virtude de uma disputa de negócios mal resolvida.
Uma dupla de bandidos e assaltantes de bancos mais lembrada foi a de Butch Cassidy e Sundance Kid que atuavam junto ao bando denominado The Wild Bunch. Quando a lei começou a persegui-los implacavelmente, o bando foi desfeito e a dupla resolveu a fugir para a América do Sul, deixando seus rastros pela Argentina, Peru, Chile e Bolívia onde continuaram a praticar seu ofício principal: roubos à mão armada. A namorada de Sundance, a belíssima Etta Place os acompanhou, mas retornou aos EUA após adoecer. Mas por serem tipicamente gringos se viram afamados prematuramente; assim foram reconhecidos ao se hospedarem numa pensão em San Vicente depois de efetuarem um assaltado à funcionários de uma empresa que carregavam milhares de pesos para um pagamento de trabalhadores locais. Os dois foram cercados por uma tropa do exército boliviano e foram massacrados sem piedade. Mas há controvérsias sobre a morte da dupla, pois os dois norte-americanos (ou gringos) supostamente mortos pelos soldados foram enterrados por lá mesmo sem uma identificação oficial. Numa versão alternativa se diz que durante o cerco, um deles foi seriamente ferido e recebeu um tiro de misericórdia do companheiro que em seguida se suicidou com um tiro na cabeça. Há outros relatos em que ambos teriam fugido de volta para os Estados Unidos e vivido na clandestinidade com outras identidades. Sundance Kid que tinha fama de hábil pistoleiro mas que nunca teria assassinado ninguém durante seus inúmeros roubos junto à Butch, teria adotado o nome William Henry Long e falecido realmente em 1936.
Na turma dos “heróis” eu destacaria Wild Bill Hickock, um autêntico pistoleiro e aventureiro que às vezes carregava uma insígnia de delegado no peito. Um apelido que Bill detestava era o de “Duck Bill” (Bill, o pato) em referência ao seu grande nariz pontiagudo, mas o que o tornou famoso foi seu apelido de “wild” (selvagem), que não era de graça, pois não fugia de uma boa briga, quer seja com os punhos, facas ou contra um ou mais homens. Consta que chegou a matar com seu punhal um urso pardo durante uma viagem quando condutor de diligência, ao ser surpreendido pelo animal enquanto descansava; era um exímio atirador e desconhecia o medo, mesmo que nos últimos anos de sua vida tivesse suas vistas prejudicadas por um glaucoma, o que aparentemente não teria diminuído sua eficiência como pistoleiro. Seu problema nas vistas era o que o obrigava a nunca ficar de costas ou de lado para uma porta ou provável oponente, principalmente num jogo de cartas, pois sua visão periférica tinha sido afetada. Ironicamente Wild Bill, morreria por um tiro na nuca dado à traição, enquanto jogava pôquer, por um ilustre desconhecido que se aproximou pela porta dos fundos sem que Wild Bill percebesse. Hickock teria começado sua carreira de aventureiro como condutor de diligências que atravessavam territórios indígenas hostis, passou em seguida servir ao exército como “scout” (guia ou batedor), caçador de bisões (e não búfalos), delimitador de fronteiras, participou da Guerra de Secessão defendendo a União (ou os “casacas azuis”), foi delegado de fronteira, pistoleiro habilidoso (sacava ambas as armas - modelo colt navy - invertidas na cintura ao mesmo tempo) com uma lista extensa de vítimas e jogador profissional. Teve um caso amoroso com a famosa pistoleira, condutora de diligências e também jogadora de cartas, Jane Calamity (Jane Calamidade); e para completar, Wild Bill era viciado em ópio, que era somente o que o fazia relaxar, além do pôquer. Hickock tinha uma fama que realmente era merecida, normalmente quem se colocou à sua frente em desafio se deu mal, e geralmente eram bandidos ou pistoleiros em busca de fama. Wild Bill chegou a ir para o leste onde ficaria em paz e longe das provocações e desafios, onde participaria do circo do velho oeste montado pelo lendário e aposentado Buffalo Bill. Só que não se adaptou às luzes fortes daquele “teatro” e voltou ao oeste. A ironia é que o destino quis que Bill fosse assassinado pelas costas por um covarde que o perseguia como um abutre e que alegou ter vingado o pai assassinado por Hickock (ou em outra versão, a mãe desonrada pelo mesmo).
Outro destemido memorável seria Wyatt Earp. Este foi um dos poucos a exercer a lei e ordem no velho oeste e morrer de velhice. Wyatt tinha uma personalidade forte, quase arrogante, era para alguns um exímio jogador de cartas, e para outros junto a Doc Holliday, um trapaceiro; de qualquer forma foi também administrador de salões de jogos e, dizem as más línguas, que recebia percentuais dos lucros de comerciantes das comunidades nas quais os Earp exerciam a lei, como também recebia honorários da companhia de diligência Wells Fargo em troca de garantia e proteção a seus transportes e dos poderosos comerciantes de gado que contavam com punição rigorosa dos irmãos Earp aos fazendeiros ladrões de gado que comercializavam seu produto clandestino à preços abaixo do mercado prejudicando os grandes produtores; e para completar sua fonte de renda Wyatt ainda exercia a função de delegado federal, posto que lhe dava carta branca para agir como bem entendesse. Na aposentadoria como homem da lei Wyatt deu prosseguimento ao seu dom para negócios insistindo em salões de jogos e mineração no Alaska. A principal característica de Wyatt como “lawman” não era simplesmente a de bom atirador, apesar da fama de seu famoso colt de cano longo, mas também a de autoridade disciplinadora, pois como delegado não tolerava arruaças, e com o auxílio de sua equipe bem dirigida controlava os cowboys bêbados e “bandoleiros” nas cidades por onde passou como Dodge City, Tombstone e Kansas City. Wyatt se saiu ileso de seus confrontos, na verdade sem um arranhão, mas seus irmãos pagaram caro pela fama do Earp mais notório. O caçula dos Wyatt, Morgan, morreu assassinado covardemente e Virgil foi seriamente ferido e ficou com um braço inutilizado ao ser também baleado por bandidos em busca de vingança contra os Earp. Wyatt não descansaria enquanto não pegasse os responsáveis e junto ao seu outro irmão Warren Earp, Doc Holliday e outros agentes, perseguiram o resto do bando até capturá-los ou matá-los; a campanha foi conhecida como “A Vendetta de Wyatt Earp”. Tudo isso ocorreu devido a um fato anterior que deixou Wyatt Earp realmente famoso, o duelo com o bando dos Clanton, misto de vaqueiros e bandoleiros, no O. K. Curral, em Tombstone. Wyatt Earp teve ao seu lado seus irmãos Virgil e Morgan e o famoso pistoleiro Doc Holliday, talvez o mais rápido e letal pistoleiro que já existiu na época, segundo o próprio Wyatt.
Doc Holliday foi uma figura muito interessante, dentista formado, era viciado em cartas de onde tirava seu sustento, mas também era culto e elegante, falava fluentemente, latim, grego e francês. Era também conhecido por sua inteligência, sarcasmo e frieza com que se safava de situações de perigo. Doc usava o seu colt 45 invertido na altura da cintura do lado esquerdo sempre coberto pelo terno, tinha sempre no bolso do colete uma pequena derringer de dois tiros para emergências, sem falar na faca estrategicamente acondicionada na bota ou nas costas na altura da nuca. Holliday Sofria com uma tuberculose desde criança e dependia do whisky para se aliviar, e assim, por recomendações médicas teve que se mudar para o Oeste, no Arizona, em busca de ar mais seco que amenizaria os sintomas de sua doença. Mas ele parecia atrair encrencas para o seu lado, ainda mais com sua amante “Big Nose” Kate por perto, e apesar de ter se metido em inúmeras confusões, não morreu baleado como era de se esperar e sim de complicações da tuberculose, ainda muito jovem, num leito de um hospital onde teve a companhia confortadora do fiel amigo Wyatt Earp. Doc teria saído ferido no duelo no O. K. Corral, apesar de sua participação ter sido decisiva, mas se recuperou prontamente. Há uma versão não oficial de que Holliday teria matado Johnny Ringo após o tiroteio em Tombstone, com único tiro na cabeça num duelo à parte.
Johnny Ringo, também conhecido como “The King of the Cowboys” (o rei dos vaqueiros) era um pistoleiro mal afamado não por suas proezas com suas armas, mas por um ou outro assassinato e pelas suas bebedeiras e arruaças, principalmente ao trabalhar como vaqueiro e pistoleiro para o bando dos Clanton, rechaçada pelos Irmãos Earp.
Outro pistoleiro famoso e também apreciador de um bom jogo de cartas foi Bat Masterson. O “bat” (morcego) em seu nome é devido ao fato de um mamífero da espécie ter sobrevoado na igreja quando do seu batismo, mas também há uma versão de que simplesmente se trata de uma referência à sua bengala, em inglês “bat”, de bastão. Masterson tinha como característica o uso de um chapéu coco e a bengala que poderia lhe servir como um meio de defesa ou ataque. Seu colt 45 de cano curto era usado invertido na altura da cintura no lado esquerdo. Ele foi caçador de bisões, batedor do exército, delegado de fronteira e delegado federal, mas foi mais discreto em termos de façanhas em comparação ao amigos Wyatt Earp e Doc Holliday. Chegou a atuar como auxiliar de Wyatt em Dodge City nas campanhas pela imposição de lei e ordem no velho oeste. Após um episódio obscuro em resultou na morte de seu irmão Ed Masterson que era delegado em Dodge City em 1878, Bat resolve deixar de vez a vida de pistoleiro e jogador e vai para o leste onde exerceu as funções de colunista de esportes de jornal em Nova Iorque e posteriormente de deputado federal apoiado pelo Presidente Roosevelt até morrer do coração na sua velhice.
Buffalo Bill, como mencionei anteriormente, era amigo de Wild Bill Hickock e teve um início de carreira semelhante. Foi carteiro para a Poney Express, ofício que era uma tremenda aventura, pois atravessava extensos territórios hostis, só parando em postos de apoio para a troca de cavalos. Foi ferroviário, batedor para o exército, e finalmente exerceu o ofício que lhe trouxe fama, a de caçador de bisões (apesar de seu apelido “Búfalo” Bill). Bill ajudou a exterminar os bisões nas pradarias e de tabela milhares de índios que dependiam dos animais para sobreviver. Personagens como Buffalo Bill ficaram mal vistos posteriormente pelos defensores da preservação da vida e ambientes selvagens. Um fato que marcou sua trajetória foi um duelo no qual matou à faca Yellow Hand (Mão Amarela), um líder guerreiro temido. Na quase terceira idade Buffalo Bill resolveu montar um circo no leste, The Buffalo Bill’s Wild West Show, no qual ilustrava suas aventuras vividas no oeste selvagem. Buffalo Bill excursionou com o show até pela Europa para exibições concorridas, mas tornou-se uma caricatura de si mesmo; devido a calvície chegou até usar uma peruca loira, tornou-se alcoólatra e morreu senil, rabugento e decadente na sua velhice.
Por fim, outro famoso e polêmico personagem foi o General Custer. Por muito tempo foi considerado um herói, o destemido líder da 7ª cavalaria de 268 homens que foi massacrada e humilhada por mais de 1.000 guerreiros indígenas liderados pelos chefes Touro Sentado (Sitting Bull) e Cavalo Louco (Crazy Horse). Mas na realidade Custer era um sujeito ambicioso politicamente, queria varrer os índios do oeste selvagem e com isso se promover o suficiente para um dia se tornar presidente dos Estados Unidos da América. O lendário general foi responsável por massacres de mulheres, crianças e velhos indígenas que lhe reputou o título nada honroso, o de “carniceiro”. Sua arrogância e auto-suficiência o levaram para o cerco no vale Little Big Horn, no estado de Montana, onde sua cavalaria foi atraída estrategicamente para ser exterminada sem piedade por uma coligação de guerreiros Lakota, Sioux e Cheyenne. Custer querendo ficar com a possível glória pela vitória não quis esperar por reforços e ironicamente o reconhecido estrategista militar descobriu tardiamente que os índios que tanto perseguia também sabiam desenvolver táticas mortais em batalha; e a fama de Custer se deve justamente à sua maior derrota, já que não se tem algum registro de algum feito significativo dos “cabelos dourados” na história do velho oeste, a não ser da sua participação na Guerra de Secessão. Há versões que relatam que muitos dos soldados da 7ª Cavalaria estavam com uma perfuração de bala nas têmporas indicando suicídio, inclusive o próprio Custer, que alguns historiadores afirmam que foi achado com o corpo limpo e desnudo e com uma expressão incrivelmente serena. Alguns militares teriam sido escalpelados ainda vivos durante a batalha.
Todos estes personagens reais e históricos tiveram suas vidas e façanhas registradas em livros, filmes e documentários, ainda que na maioria as versões tendessem mais para a ficção romântica de contos sobre mocinhos e bandidos; de qualquer maneira, a meu ver, suas reais biografias já são dignas de atenção e estudo, pois descobrimos que tais personagens eram também falíveis. Alguns de caráter questionável e outros que na frieza arrogante de seus atos violentos escondiam, em sua essência, um misto de insegurança e covardia; ou seja, meros seres humanos como nós. Talvez por isso suas histórias nos atraem tanto.


Por Eumário J. Teixeira.

1 de out. de 2011

ÊXODOS – A PRIMEIRA BANDA BRASILEIRA DE ROCK EVANGÉLICO

 
O cenário político e social do Brasil no início dos anos de 1970 era tenso e mesclado com a euforia da conquista do tri-campeonato mundial de futebol no México pela seleção liderada por Pelé e companhia. Mas nada encobria a insatisfação dos jovens que tinham nas manifestações públicas estudantis uma forma de protesto contra a ditadura militar imposta, e tais passeatas eram prontamente reprimidas na base da borrachada nos lombos dos agitadores. O rock secular já estava instalado na nossa cultura, como também o hábito de se drogar em nome da paz, do amor e do sexo. Queríamos a liberdade de manifestação que tinham nossos brothers norte-americanos que sem saber eram manipulados pela indústria através do movimento de contra-cultura de paz e amor dos hippies já absorvida pelo sistema. E enquanto o pau comia no Vietnã, muito rock, drogas e sexo livre para eles, no final quem iria se lembrar do vietcongs?. Aqui, no entanto, era diferente, a luta era outra, pois nos sombrios porões da ditadura nossos agentes do DOPS e SNI treinados pela competente CIA, torturavam a todos que julgavam subversivos e pró-comunistas, independentemente de sua classe social. A igreja católica, no geral, até apoiava a caça aos supostos comunas ateus no Brasil; já as denominações protestantes se fechavam em si mesmas e só tratavam das coisas de Deus, não se envolviam com política como os irmãos católicos, mas se omitiam.
Neste contexto, em 1969, um grupo de jovens de idade de 17 a 20 anos que freqüentava uma igreja batista, estava desenvolvendo um louvor diferente no púlpito. Algo que para a época era impensado e incomum, mas que lhes trouxe muitos problemas. Em 1971, a igreja batista de Vila Bonilha na cidade de São Paulo tinha um louvor atípico consolidado que era comandado inicialmente pelos jovens cristãos Edson (bateria), Eli (baixo), Nelson (Vocal), Osvayr (violão e guitarra base) e Osnyr (guitarra solo). Após a entrada de Lucas em 1973, a banda se fixou com quatro integrantes: Lucas (violão, guitarra base e vocal), Osnyr (guitarra solo e vocal), Osvayr (baixo e vocal) e Edson (bateria). A maioria das músicas da banda eram compostas pelos irmãos Osnyr e Osvayr e ainda hoje os quatro integrantes já na faixa dos sessenta anos ainda louvam a Jesus Cristo em cultos apesar de não pertencerem a uma igreja evangélica específica. O repertório do Êxodos consta mais de 50 músicas nos estilos mais variados. Apesar de na época chamarem a atenção nacionalmente através de entrevistas a revistas semanais como a Veja em 1973 e 1976, Êxodos nunca chegou a gravar um disco devido a vários fatores como: os altos custos exigidos para tal; pela sua igreja ser da periferia e não ter recursos suficientes; e a falta de uma gravadora evangélica em meados dos anos de 1970. A mídia naqueles anos turbulentos praticamente ignorava músicas ditas de louvor. Mas apesar disso, foram salvas algumas gravações da banda para registrar sua história.
Êxodos participou pela primeira vez de um festival de música evangélica em Itajubá, Minas Gerais, no ano de 1972 ganhando o primeiro lugar com a canção “As Maravilhas que Deus fez por Mim”; e em 1973 no mesmo festival, ganhou o terceiro lugar com a lindíssima e famosa “Galhos Secos”. Cada vez mais reconhecidos no meio evangélico eles eram requisitados para tocar em igrejas de denominações diversas como as presbiterianas, batistas e pentecostais e em encontros de grupos de jovens por todo o país. Mas havia a corrente contrária à banda que diziam que seu estilo voltado para o rock não combinava com a igreja já que o rock & roll era criação do diabo. A banda era constantemente pressionada para ‘maneirar’ o som e controlar gestos e performances com vocais mais suaves. Por respeito à hierarquia da igreja chegaram a tocar alguns números com arranjos mais leves mas sem abrir mão de intercalar um som mais ‘pesado’ (para época). Em 1976 se rebelam definitivamente e começam louvar com o som totalmente ‘pauleira’ na igreja em que congregavam, o que atraía muitos jovens. O interessante é que atualmente o som não seria tão pesado, mas Êxodos era influenciados principalmente por bandas seculares como Mutantes, O Terço e Made In Brazil. Eles queriam ter liberdade de espírito para louvar a Deus de acordo com sua geração e foram fortemente incentivados também pelos movimentos de protestos de jovens contra o regime ditatorial. Entretanto e finalmente, o movimento da banda foi confrontado por uma vizinha que acionou o Dops (Departamento de Ordem e Política Social) para acabar com aquele som ‘barulhento’ da igreja do lado baseado no AI-5 (Ato Institucional do Ministério de Justiça). O incidente gerou mais dificuldades de relacionamento com a ala mais conservadora da igreja. Em consequência o conselho da Igreja Batista da Vila Bonilha decidiu que a Êxodos não poderia mais tocar na igreja e foram ‘excluídos’ em 1976. Ainda assim eles continuaram a se apresentar em eventos de outras igrejas como as pentecostais, onde foram bem acolhidos, e na Igreja Brasil para Cristo, embora nunca mais se comprometessem seriamente com outra denominação, já que a dor da exclusão os deixaram muitos magoados e desacreditados, sem mencionar que a base doutrinária dos quatro integrantes da banda era da igreja batista e lhes era muito difícil a adaptação em outra denominação. Um episódio interessante aconteceu após a expulsão da igreja, eles conseguiram com um amigo um porão para ensaiarem e guardar os instrumentos que teriam sido consagrados ao louvor a Deus. Neste ínterim, ainda magoados e revoltados eles decidiram a tocar rock & roll secular em bailes para ganhar a vida, mas antes que isso acontecesse, ocorreu forte chuva, o 'porão do Zé' desmoronou e eles perderam todos os instrumentos. Eles entenderam o acidente como um aviso de Deus para que não abandonassem o louvor e que perseverassem na fé. Foi evidente que a exclusão da banda taxada de ‘rebelde’ levou muitos jovens crentes debandarem também dos cultos e culminou com a saída logo em seguida do pastor Samuel que os apoiava. Naqueles 'anos de chumbo' o rock secular já era mal visto pelo governo e sociedade, não seria então diferente numa igreja evangélica tradicional. O fim da banda foi inevitável,mas os quatro membros da Êxodos continuaram a procurar a Deus migrando de uma igreja para outra. Lucas, até onde se sabe, acabou por desistir e não quis mais congregar, Osnyr e Edson procuram ser fiéis à Jesus Cristo sem se fixar em alguma denominação, e Osvayr estaria freqüentado a Assembléia de Deus. Em 1981 Osnyr e Osvayr resolveram tocar novamente, não na Êxodos, mas em outras bandas gospel como convidados. Osvayr por exemplo, foi para a banda Som Maior onde gravou “Galhos Secos” em 1984, e a banda Catedral também fez uma boa versão para a mesma música. Atualmente com o cenário mudado e a mídia aberta para o mercado gospel crescente em todo o país, Osnyr e Osvayr estão dispostos a ceder suas músicas para qualquer banda gospel que se interesse em gravá-las e quem sabe finamente reavivar a banda Êxodos e dar uma versão definitiva ao som pioneiro da música evangélica brasileira num tempo em que as coisas eram muito mais difíceis que hoje. Que Deus abençoe a todos os membros da banda Êxodo e que eles permaneçam na busca do único Deus e Salvador independentemente de denominação, crendo que o importante é entendermos o que realmente aconteceu na cruz do calvário e que isso contribua no verdadeiro milagre de nossas vidas que é a mudança de nosso caráter em Cristo.


Nota: Um disco revival foi lançado em 2006 com gravações da banda que cobre o período de 1970 a 1977. Esse disco revive grandes sucessos desta que sem dúvida foi a primeira banda de rock evangélico do Brasil (e talvez do mundo). A música "Galhos Secos" é o destaque, pois é conhecida por ter sido posteriormente regravada pelo Sol Maior e pela Banda Catedral.


Êxodos - Revival - 1970-1977, com as músicas:

1 - Mudança de vida
2 - Jesus é a resposta
3 - Galhos Secos
4 - Pelos caminhos do Senhor
5 - Encontrei a Resposta
6 - Fim da viagem
7 - Maravilhas
8 - Deus e deuses
9 - Clamando por salvação
10- Vamos já louvar
11- Você é feliz?
12- Dois caminhos
13- O mundo esqueceu
 


Clique no link para ouvir a versão de "Galhos Secos" com Êxodos:

http://youtu.be/X_7G1HNvffs
 
Por Eumário José Teixeira.

12 de set. de 2011

FALSOS PROFETAS - Lobos disfarçados de ovelhas

Bem, todos nós estamos cheios de ver os canais de TV dando cada vez mais espaço aos pregadores da prosperidade. Essa teologia desenvolvida nos Estados Unidos foi exportada para todo o mundo e aqui na América subdesenvolvida, foi onde mais prosperou, com certeza...; os bodes estão fazendo da igreja um circo, um parque de diversões onde tem de tudo, música de louvor no seu ritmo preferido, sessões de exorcismo às dúzias com direito de dar um chute no traseiro do diabo, muito choro e histerismo gratuito, falsos milagres e curas prá dá e vender, e as sacolinhas e envelopes das ofertas correndo pelos imensos salões..., e toma cds, dvds, danças, shows, grife de moda evangélica, livros, acessórios milagrosos (tipo martelinhos abençoados, óleo santo, amostra da terra santa, etc.), mas o evangelho de Jesus Cristo mesmo...nada! E ainda falam da idolatria na igreja católica..., só tem artista meu irmão!!!

Abaixo citações da Bíblia sobre os falsos profetas também conhecidos como mercadores da Palavra, que estão se multiplicando como uma verdadeira praga em nosso país e pelo mundo, e que são os responsáveis diretos pelo desvio de milhões de almas enganadas para o inferno.

Por Eumário J. Teixeira.
 
Falsos profetas na Bíblia:

Mas o profeta que tiver a presunção de falar em meu nome alguma palavra que eu não tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá. E, se disseres no teu coração: Como conheceremos qual seja a palavra que o Senhor falou? Quando o profeta falar em nome do Senhor e tal palavra não se cumprir, nem suceder assim, esta é a palavra que o Senhor não falou; com presunção a falou o profeta; não o temerás. 
Deuteronômio 18:20-22

Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
 

Mateus 7:15-20

Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a Cristo nosso Senhor, mas ao seu ventre; e com palavras suaves e lisonjas enganam os corações dos inocentes.

 Romanos 16:17-18

Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.

 2 Pedro 2:1
 
Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.
 

1 João 4:1
 
E a besta foi presa, e com ela o falso profeta que fizera diante dela os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e os que adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre.
 

Apocalipse 19:20

Fonte: Bíblia Sagrada.

3 de set. de 2011

PAUL WASHER - LEMBRE-SE DA BREVIDADE DA VIDA

Uma Palavra aos Jovens - Lembrem-se da Brevidade da Vida

O primeiro homem foi criado à imagem de Deus. Se ele tivesse se submetido à vontade de Deus, ele teria sido imortal. Ele passaria pelos anos da sua interminável existência de força a força, sem deterioração ou decadência. A passagem do tempo o teria levado a maiores níveis de maturidade, contentamento, e alegria. Sua existência teria abundado com propósitos e glória. Com o advento do pecado, tudo foi perdido, e a existência dos homens tornou-se tragicamente distorcida e deformada acima de reconhecimento. O homem ficou um mortal de breve duração, cansaços, e futilidades. Ele agora vive a sua vida até que toda a sua vitalidade é esgotada, todos os seus propósitos são demolidos, e o corpo finalmente volta ao pó do qual ele veio. Não é sem razão que o pregador grita: “Vaidade de vaidades! - diz o pregador; vaidade de vaidades! É tudo vaidade” (Eclesiastes 1:2).

Como um moço ou moça, você deve constantemente lutar contra a tentação de esquecer-se da brevidade da vida e da vaidade, até da vida mais longa, vivida fora da vontade de Deus. Você deve aprender das Sagradas Escrituras que a sua vida é menos que um vapor. Você deve ficar convencido desta verdade, e, então, você deve estabelecê-la diante de você como um lembrete constante. Você é mortal e os seus dias são numerados!
“Porque o homem, são os seus dias são como a erva, como a flor do campo assim floresce; pois passando por ela o vento, logo se vai, e o seu lugar não conhece mais.” (Salmo 103: 15, 16).

“...Porque é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece.” (Tiago 4: 14).
Você sabe que a Bíblia é verdadeira. Você sabe que a morte é uma certeza para você. Cada lápide e elegia testemunha a realidade inescapável que você vai morrer. E mesmo assim, como é que você tão rapidamente se esquece e se entrega às vaidades passageiras desta vida? É porque você é rodeado por uma cultura que faz tudo ao seu alcance para evitar algum pensamento sobre o fim de vida. É porque o deus deste século trabalha com toda a sua astúcia para mantê-lo entretido e distraído. É porque, embora você tenha sido remido, você ainda vive em um corpo da carne, decaído, que corre para tudo que é carnal e temporal. Conhecendo essas coisas, você faria bem em memorizar e orar muito a oração de Davi no Salmo 39: 4:
“Faz-me conhecer, Senhor, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta quanto sou frágil.”
Manter a sua mortalidade na frente de seus pensamentos não tem como objetivo ser mórbido ou se lamentar como aqueles que não têm nenhuma esperança, mas compeli-lo a esperar em Cristo somente e dar-se de todo coração à Sua vontade para sua vida. Só em Cristo a sepultura é consumida pela vitória, e a futilidade temporal substituída pelo propósito eterno e glorioso de Deus para você.

Lembre-se do seu Criador

Conhecendo algo da brevidade da vida, “Como então viveremos?”. O escritor de Eclesiastes responde a esta pergunta para nós na forma de uma ordem:

“Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias,...” (Eclesiastes 12: 1).
A palavra “lembrar” vem do hebreu “zakar” que significa chamar ou trazer à memória. Esta ordem de lembrar-se de Deus é mais que uma lembrança casual que há um Deus. Ela significa mais do que simplesmente curvar a sua cabeça cada vez que você passa pela igreja. Não é uma ordem cumprida simplesmente indo à igreja cada vez que as portas se abrem. É uma ordem radical e transformadora de vida para conhecermos e entendermos o Deus das Escrituras, reconhecermos a sua soberania em todas as coisas, buscar- mos a sua glória em todas as coisas, e esforçarmo-nos para obedecer Ele em todas as coisas.

31 de ago. de 2011

PAUL WASHER NO BRASIL EM 2012

Sim, está sendo anunciada uma grande novidade. Paul Washer virá ao Brasil em 2012 para a Conferência Fiel, que normalmente acontece na primeira quinzena de outubro em Águas de Lindóia, São Paulo, uma cidade com pouco mais de 17.000 habitantes famosa por ser uma estância hidromineral de enorme potencial turístico e que está próxima com a fronteira de Minas Gerais. Paul Washer será acompanhado pelos reverendos Steve Lawson e Joel Beeke. As inscrições serão abertas em breve. É bom se preparar. Para o mês de outubro deste ano está certo a presença do pregador e missionário, também norte-americano, John Piper. Seria interessante que Paul Washer dirigisse um sermão especial de exortação aos falsos profetas e aos mercadores da Palavra brasileiros, que estão desviando para o inferno milhares de irmãos com falsas promessas, enganos e doutrinas errôneas que contaminam o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo.


PAUL WASHER - Biografia resumida:
. Paul Washer tornou-se um crente, enquanto freqüentava a Universidade do Texas estudando para se tornar um advogado de petróleo e gás. Ele completou seus estudos de graduação e matriculou-se no Southwestern Theological Seminary, onde recebeu seu grau de Mestrado de Divindade. Paul deixou logo após a formatura os EUA como um missionário para o Peru.
. Paul ministrou como um missionário no Peru por 10 anos, e durante este tempo, ele fundou a Sociedade Missionária HeartCry para apoiar plantadores peruanos de igreja. O trabalho da HeartCry suporta agora mais de 80 missionários indígenas (missionários da própria cultura) em 15 países diferentes pela Europa Oriental, América do Sul, África, Ásia e Médio Oriente.
. Um pregador itinerante, Paul também ensina freqüentemente em sua igreja local, Primeira Igreja Batista de Muscle Shoals, e é o autor do livro “The One True God: A Biblical Study of the Doctrine of God”.
. Atualmente, Paul serve como o diretor da Sociedade Missionária HeartCry e reside em Muscle Shoals (Alabama) com Charo, sua esposa (que adquiriu cidadania espanhola), e seus três filhos Ian,  Evan e Rowan.


Extraído de http://www.heartcrymissionary.com/ 

Citações de Paul Washer:
. "Aqui está Deus no dia da criação. Ele olha para as estrelas e diz:
'Todas vocês, estrelas, movam-se para este lugar e comecem a avançar neste sentido, e movam-se em um círculo e avancem exatamente como Eu lhes dizer até eu lhes dar outra palavra. Planetas levantem-se e girem e façam esta formação em meu comando, até que eu lhes dê outra palavra.'
Ele olha para as montanhas e diz: 'Levantem-se'. E elas lhe obedecem. Ele diz aos vales 'rebaixem-se' e eles lhe obedecem. Ele olha para o mar e diz 'você vai vir até aqui', e o mar lhe obedece.
Em seguida, ele olha para você e diz 'venha!' e você diz 'NÃO!'
Será que isso incomoda alguém aqui?"

. "As pessoas me dizem ‘não julgue a não ser que você queira ser julgado’. E eu sempre respondo, ‘não distorça as Escrituras a menos que você queira ser como Satanás’.”

. "Você já se perguntou o modo como o povo de Deus poderia caminhar para o templo de Deus, oferecer sacrifícios a Deus, louvar a Deus, e, em seguida, virar as costas e encontrar a maior árvore sobre a colina mais alta e adorar qualquer número de ídolos, e não ser capaz de dizer a diferença, e não ser capaz de reconhecer o mal, numa multiplicidade de deuses? Pois bem, quero que vocês saibam que esta é a Igreja na América hoje. Isto porque a maior pecado, hoje, entre os homens de Deus é o medo dos homens, que é uma armadilha, e o receio de perder segurança econômica e reputação da denominação, enquanto a igreja corre hoje deliberadamente para o julgamento, os homens de Deus, em vez de se arrependerem e clamarem e estudarem a Palavra de Deus com toda paixão estão à procura de modelos sobre como manterem pessoas perderam em suas congregações. E isto está errado."

. "A maior parte da sua vida você vive baseado em pequenas canções contestáveis, do que baseado na Palavra de Deus."

. "Nós homenageamos os antigos profetas, honramos Tozer e Spurgeon, mas não queremos pagar o preço que eles pagaram, e eles pagaram o preço de serem homens que andaram sozinhos, que viviam com Deus e que amavam sua palavra."


Link de uma parte de uma pregação impactante de Paul Washer:
http://youtu.be/wrAAo34gcpg